O impacto de The Wall (1979) só pode ser plenamente compreendido quando lembramos do contexto em que o Pink Floyd se encontrava. Após a apoteose de The Dark Side of the Moon (1973) e Wish You Were Here (1975) , e o clima tenso de Animals (1977) , a banda já estava fragmentada emocionalmente. Roger Waters assumia o comando criativo de forma quase absoluta, enquanto a relação entre os integrantes se desgastava rapidamente. Paradoxalmente, é justamente desse caos interno que surge um dos discos mais coerentes e bem construídos de toda a história do rock. A estrutura narrativa de The Wall é talvez seu feito mais impressionante. Waters não escreve canções isoladas: ele constrói um arco dramático. Cada música funciona como um capítulo que aprofunda a transformação de Pink, o personagem central da história — da infância traumatizada à ascensão no estrelato, passando pelo colapso mental e pela ruína emocional final. A metáfora do muro não é sutil, mas é poderosa. Waters trabalha essa ima...