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Review: Alceu Valença & Geraldo Azevedo - Alceu Valença & Geraldo Azevedo (1972)

O primeiro trabalho de Alceu Valença e Geraldo Azevedo é uma pérola escondida da boa música brasileira que combina diversos estilos nordestinos com rock psicodélico. Os arranjos - que seriam feitos por Hermeto Pascoal - acabaram com o experiente maestro tropicalista Rogério Duprat, que optou por utilizar o sistema quadrafônico na gravação. Esta era a coqueluche daquele início de anos 1070 e nada mais era do que utilizar quatro canais independentes de som vindos de quatro pontos diferentes da sala de gravação, ao invés dos tradicionais dois canais. A novidade chamava tanto a atenção do público que o nome deste sistema ficou estampado na capa do disco em tamanho exagerado, por isso que o disco é conhecido como Quadrafônico ,   mesmo este não sendo seu título. De qualquer forma, o preço dos equipamentos para se executar este álbum seria enorme e o projeto acabou não vingando.  Voltando ao disco, a gravação do material todo foi um perrengue daqueles. A dupla já vivia no ...

Review: Demons & Wizards – Touched by the Crimson King (2005, reedição 2019)

Touched by the Crimson King é o segundo álbum do projeto Demons & Wizards, formado pelo vocalista do Blind Guardian, Hansi Kürsch, e o guitarrista do Iced Earth, Jon Schaffer. O disco foi lançado em junho de 2005 e é, até o momento, o último trabalho da banda. A boa notícia é que o álbum está sendo relançado em uma linda edição deluxe repleta de músicas bônus e com nova arte, e que Hansi e Jon estão trabalhando em um novo disco do Demons & Wizards, que deve sair no primeiro semestre de 2020. Atualmente, a dupla está focada em shows do projeto nos festivais europeus e pelos Estados Unidos. A nova edição de Touched by the Crimson King está saindo no Brasil pela Hellion Records, que também trouxe a reedição do disco de estreia do Demons & Wizards. Ambas possuem um trabalho gráfico espetacular e vem em boxes com acabamento luxuoso. Vale lembrar que a edição brasileira anterior de Touched by the Crimson King saiu por aqui pela mesma Hellion em 2005, com a capa origin...

Review: Demons & Wizards – Demons & Wizards (1999, reedição 2019)

Unindo o peso e a rifferama do Iced Earth com o acento épico e a grandiosidade do Blind Guardian, o Demons & Wizards foi um dos projetos mais incríveis que o metal presenciou nas últimas décadas. A união entre a voz de Hansi Kürsch e a guitarra de Jon Schaffer gerou dois discos: a estreia batizada com o nome da banda (1999) e Touched by the Crimson King (2005). Ambos trazem um power metal forte que entrelaça as características das bandas dos dois músicos e entrega um novo caminho cativante. Os dois ganharam edições nacionais na época: o debut saiu pela Rock Brigade Records e o segundo pela Hellion Records. Hansi e Jon decidiram reativar o Demons & Wizards, estão trabalhando em um novo álbum e tocarão nos festivais europeus e em diversas datas pelos Estados Unidos até o final do ano. Marcando esse retorno, decidiram também remasterizar os dois álbuns da banda, tanto musical quanto artisticamente. O resultado são duas lindas edições em CD que saíram lá fora pela Centu...

Review: Beto Bruno – Depois do Fim (2019)

Beto Bruno liderou a Cachorro Grande por vinte anos. A parceria com o guitarrista Marcelo Gross transformou a banda gaúcha em um dos últimos ícones do rock brasileiro, com discos que marcaram época. Nessas duas décadas ouvimos as explosões de fúria e espontaneidade da auto intitulada estréia (2001) e As Próximas Horas Serão Muito Boas (2004), a nítida evolução e o refinamento melódico apresentado em Pista Livre (2005), a maturidade de Todos os Tempos (2007), a solidez de Cinema (2009) e Baixo Augusta (2011), a criatividade e o experimentalismo de Costa do Marfim (2015) e o confuso flerte com a eletrônica em Electromod (2016). Uma história repleta de excessos, refletidos na mudança física percebida claramente em todos os integrantes, e que também deixou faixas que se transformaram em clássicos como “Lunático”, “Sexperienced”, “Debaixo do Chapéu”, “Hey, Amigo!”, “Você Não Sabe o Que Perdeu”, “Bem Brasileiro” (minha música favorita em toda a história da banda), “Sinceram...

Review: Entombed – Live Clandestine (2019)

O Entombed é, facilmente, uma das bandas mais influentes do death metal. Com ao menos três clássicos na bagagem – Left Hand Path (1990), Clandestine (1991) e Wolverine Blues (1993) -, o grupo sueco fez o gênero conversar com o rock de garagem no início dos anos 1990, dando origem a um novo estilo batizado como death ‘n’ roll. Além disso, seus integrantes exploraram outros gêneros e atividades, como o baterista, guitarrista e vocalista Nicke Andersson com o The Hellacopters, o Imperial State Electric e o Lucifer, e o vocalista Orvar Säfström, que se transformou em um respeitado jornalista especializado em cinema e vídeo games. Clandestine , segundo álbum dos caras e um dos melhores discos da história do death, foi revisitado pela banda em um show que celebrou os 25 anos do trabalho. O disco traz as nove faixas originais e mais a clássica “Left Hand Path” no encerramento, todas tocadas pela atual formação do Entombed: o trio original Nicke na bateria e a dupla de guitarrist...

Expo Tattoo Floripa celebra a arte da tatuagem em Florianópolis

A sexta edição da Expo Tattoo Floripa aconteceu neste final de semana, de 16 a 18 de agosto, na capital de Santa Catarina. Foi a primeira vez que fui ao evento, algo que já queria ter feito há alguns anos, mas que acabou sendo impossibilitado por conflitos de agenda e outros motivos. Fiquei muito impressionado positivamente com o que vi. A Expo Tattoo Floripa 2019 aconteceu no CentroSul, centro de eventos localizado no centro de Florianópolis e que possui uma ótima infra estrutura, além de acesso super fácil. De sexta a domingo, o que se viu foi uma celebração à arte da tatuagem, suas variações e seu universo. Ao todo, mais de 470 tatuadores de todo o Brasil estavam com estúdios montados e prontos para riscar quem estivesse disposto. Os preços eram variados, mas dentro da realidade do mercado. Tudo muito bem organizado, limpo e saudável, onde o visual agressivo e marcante do público e dos profissionais criava um contraste com o clima super familiar da convenção. Além dis...

Review: Détente – Recognize No Authority (1986, reedição 2019)

O Détente surgiu em Los Angeles em 1984 e lançou o seu disco de estréia em agosto de 1986. Recognize No Authority traz uma alquimia entre speed e thrash metal e possui status de cult entre fãs de metal dos anos 1980. Os principais atrativos para isso estão na voz de Dawn Crosby e a presença de Ross Robinson na guitarra. Sim, o mesmo Ross Robinson que faria carreira a partir do final daquela década e se transformaria em um dos maiores produtores do metal contemporâneo assinando clássicos como Life is Peachy do KoRn, Roots do Sepultura e o  debut do Slipknot. Recognize No Authority está sendo lançado pela primeira vez no Brasil, e a responsável por isso é a sempre competente Hellion Records. A edição nacional vem com seis faixas bônus e é idêntica à versão comemorativa que saiu em 2016 pela Cognitive Records. O som, como já dito, une a velocidade do speed metal com a técnica, andamentos elaborados e o peso do thrash. O vocal de Crosby é bem agudo, porém repleto de ...

Review: Pink Floyd – A Momentary Lapse of Reason (1987)

Décimo-terceiro álbum do Pink Floyd, A Momentary Lapse of Reason marca o início da fase em que David Gilmour assumiu o controle criativo total da lendária banda inglesa e é também o primeiro disco do grupo a não contar com Roger Waters. Mas, antes de falarmos sobre o álbum é preciso contextualizar tudo que envolveu o Pink Floyd na primeira metade dos anos 1980. Ao longo dos anos, Roger Waters foi gradativamente assumindo cada vez mais o protagonismo dentro do grupo. Isso se refletiu em um controle sobre o direcionamento criativo da banda, levando a uma obra-prima como The Wall (1979) – onde ele compôs praticamente todo o material, dividindo a parceria com Gilmour em apenas três músicas: “Young Lust”, “Comfortably Numb” e “Run Like Hell” – e a um trabalho não tão bem sucedido assim, o controverso The Final Cut (1983). Controverso porque, na verdade, The Final Cut foi concebido como um álbum solo de Waters, tanto que traz no encarte a frase “ A requiem for the post war drea...

Review: Ozzy Osbourne – The Ultimate Sin (1986)

Quarto álbum de Ozzy Osbourne, The Ultimate Sin é um dos trabalhos mais peculiares do vocalista inglês. Lançado em 22 de fevereiro de 1986, o disco traz uma sonoridade muito influenciada pelo hard rock californiano em voga na época, resultando em um som mais acessível e repleto de refrãos marcantes. O responsável por esse direcionamento foi o guitarrista Jake E. Lee. O músico estreou na álbum anterior de Ozzy, Bark at the Moon (1983), iniciando uma nova época na carreira do Madman após a trágica morte de Randy Rhoads em março de 1982. Ozzy passou grande parte do ano de 1985 internado na clínica Betty Ford Center, e quando retornou encontrou Jake com várias músicas prontas. No entanto, o guitarrista só aceitou cedê-las para Ozzy após a assinatura de um contrato onde o cantor se comprometia a dar crédito para Lee, já que Jake alega até hoje que contribuiu muito em Bark at the Moon e não foi creditado em nenhuma das oito faixas daquele disco. Com o problema resolvido, o ...

Quadrinhos: Paper Girls 4, de Brian K. Vaughan e Cliff Chiang (2019, Devir)

“ Stranger Things antes de Stranger Things ”. Esta definição, presente na contracapa do quarto volume de Paper Girls publicado pela editora Devir no Brasil, define bem a série escrita por Brian K. Vaughan ( Saga, Y: O Último Homem, Os Leões de Bagdá ), ilustrada por Cliff Chiang ( Mulher-Maravilha ) e colorizada por Matt Wilson ( Thor, Demolidor, The Wicked + The Divine ). A história gira em torna de quatro garotas pré-adolescentes, entregadoras de jornal, e que são envolvidas subitamente em uma avalanche de acontecimentos inexplicáveis. Em Paper Girls 4 , o roteiro começa finalmente a entregar algumas respostas. A viagem temporal se revela como um elemento central na trama, como já era antecipado nas edições anteriores, e conduz o quarteto formado por Erin, Mac, KJ e Tiffany, que viviam em 1988, para a virada dos anos 2000. No roteiro de Vaughan, o caos tanto alardeado e felizmente não ocorrido envolvendo o “bug do milênio” realmente aconteceu, fazendo a sociedade entrar em u...