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Mostrando postagens de abril, 2010

Prateleira do Cadão: o genial Shuggie Otis

Por Ricardo Seelig Colecionador Collector´s Room Filho de peixe, peixinho é? Nesse caso, sim. Johnny Alexander Veliotes herdou do pai não apenas o nome, mas sobretudo o talento musical. Filho de Johnny Otis (cujo nome de batismo é John Alexander Veliotes), um dos pioneiros do rock norte-americano, Shuggie Otis nasceu em Los Angeles em 30 de novembro de 1953, e aos doze anos já tocava em clubes noturnos acompanhando o pai. Para disfarçar a tenra idade, escondia-se atrás de enormes óculos escuros e camadas de maquiagem, já que, pela lei americana, não poderia se apresentar profissionalmente sendo ainda um mero adolescente. Desde cedo revelou-se um prodígio. Além da guitarra, seu instrumento preferido, tocava com perfeição também piano, órgão, bateria e baixo. Seu talento precoce impressionava a todos que o conheciam, e chamou a atenção de Al Kooper, que o convidou para substituir Stephen Stills no seu projeto Super Sessions, que já havia rendido um elogiadíssimo álbum lançado em julho de...

Coloque mais música na sua vida

Por Ricardo Seelig Colecionador Collector´s Room Sem música a vida fica menos interessante. É a música que nos faz sorrir ao lembrar de uma recordação. É a música que nos transporta de volta aos saudosos tempos do primeiro amor. É ela que mantém vivo um mundo de descobertas que teima em, todos os dias, se perder na escuridão da memória. Todo colecionador é um saudosista que se cerca daqueles discos, livros, filmes ou objetos que não o fazem perder de vista os capítulos mais importantes de sua vida. De quebra, ao fazer isso, ao criar uma espécie de santuário para itens que passam batido pela vida da maioria das pessoas, mantém vivas não apenas as sua lembranças, mas a própria história de todos nós, seres humanos. Uma coleção de discos é muito mais do que um amontoado de LPs e CDs. É uma fonte rica de cultura, de experiências e sensações. Bob Dylan ao lado dos Beatles soltando fumaça. Mick Jagger e Jimmy Page divagando sobre a vida. Jim Morrison batendo papo com as paredes. E Miles Davis...

Discos Fundamentais: Os Replicantes - O Futuro é Vortex (1986)

Por Ugo Medeiros Colecionador Coluna Blues Rock O punk, acima de tudo, é uma forma de protesto. Diferentemente do estilo dylaniano , letras recheadas de críticas ao sistema aliadas à simplicidade musical característica ao folk, o punk usa o sarcasmo como principal ferramenta. Fugindo do arquétipo panfletário, que o rebaixou a mero contestador político-partidário, esse estilo teve suma importância social desde a sua primordial criação por bandas como MC5 e Stooges. A forma era simples: perturbar e cutucar o inimigo com vara curta à base de muito escárnio e fanfarronice. Passaram-se os anos e o estilo ganhou uma estética própria. O mundo se distraia com a Guerra Fria, mas a juventude estava mais interessada nos Ramones, Hüsker Dü, The Undertones ou Black Fag. Apesar da década de oitenta ter sido, até então, a mais tranquila dos últimos trinta anos, a crise política (final da ditadura militar brasileira) e econômica (a famosa “década perdida”) tornavam a produção cultural brasileira um ...

Plumas, paetês, hipocrisia e supervalorização

Por Ricardo Seelig Colecionador Collector´s Room O final de semana de quem gosta de música foi sacudido pela notícia de que Bret Michaels, vocalista do Poison e um dos ícones da cena glam metal de Los Angeles, sofreu uma hemorragia cerebral e está à beira da morte. Pra quem não se lembra, não consumiu ou não viveu aquela época, o Poison foi um dos maiores nomes do chamado “hair metal”, cena californiana formada por bandas influenciadas pelo glam rock setentista de artistas como T. Rex e David Bowie e pelo hard rock de nomes como Kiss e Aerosmith. O Poison, ao lado do Motley Crue, Ratt, Quiet Riot, Dokken e outros, deixou de cabeça para baixo o rock norte-americano do final dos anos oitenta e início dos noventa, fazendo um rock básico, festeiro e repleto de energia que contrastava com o visual esvoaçante da banda, com os músicos ostentando fartas doses de maquiagem, figurinos pra lá de coloridos e vastas cabeleiras de fazer inveja a Tina Turner. Essa mesma geração de bandas geraria um d...

Discos Esquecidos: Carnaby Street Pop Orchestra and Choir - Carnaby Street Pop Orchestra and Choir (1969)

Por Ricardo Seelig Colecionador Collector´s Room Cotação: ***1/2 A Carnaby Street Pop Orchestra And Choir, liderada por Keith Mansfield, foi uma orquestra que lançou um único LP com essa designação, bastante cultuado no Brasil e disputado entre colecionadores mundo afora, cujo tema da capa é The London Theme . Keith Mansfield fez o seu nome ainda durante a década de sessenta graças ao seu trabalho de arranjador para discos de artistas como Dusty Springfield, Tom Jones e Georgie Fame. Mas, como aconteceu com tantos outros orquestradores, Keith Mansfield também editou discos com seu próprio nome, LPs em que dava o seu toque especial a hits da época. Exemplos disso são trabalhos como All You Need is Keith Mansfield (CBS, 1968) em que se fazia acompanhar de outros gigantes, como Alan Hawkshaw (o responsável pelos grandes Mohawks). The London Theme foi o único LP lançado sob o nome Carnaby Street Pop Orchestra and Choir. Seria apenas mais uma orquestra se não fosse pelo fato de conter um...

Bill Graham Apresenta: Minha Vida Dentro e Fora do Rock

Por Ricardo Seelig Colecionador Collector´s Room A vida de Bill Graham é um capítulo importante na história do rock. Nascido em Berlim em 1931, em plena Alemanha efervecente pré-Segunda Guerra Mundial, emigrou para os Estados Unidos ainda criança, fugindo da perseguição e dos horrores do maior conflito do século XX. Escrito a quatro mãos por Graham e por Robert Greenfield, ex-editor da Rolling Stone entre 1970 e 1972 e autor de diversas obras dedicadas a contar a história da música popular do século XX, como A Journey Through America with the Rolling Stones , Dark Star: An Oral Biography of Jerry Garcia , Timothy Leary: A Biography e o relato digno de Sodoma e Gomorra de Exile on Main Street: Uma Temporada no Inferno com os Rolling Stones , Bill Graham Apresenta: Minha Vida Dentro e Fora do Rock , com suas quase 600 páginas, é uma leitura essencial não apenas para quem curte rock, mas também para quem admira as grandes trajetórias humanas. Narrado sob o ponto de vista de quem estava l...

Discos Fundamentais: Lou Donaldson - Everything I Play Is Funky (1970)

Por Ricardo Seelig Colecionador Collector´s Room Lou Donaldson é, talvez, o músico que mais se adaptou às mudanças ocorridas no jazz no final dos anos sessenta, quando o estilo Blue Note se transformou do pós-bop para o jazz funk, passando pelo fusion, incorporando elementos do pop, do soul e das sonoridades easy listening. Donaldson, efetivamente meia geração mais velho que a maioria dos avantgardistas que estavam no meio daquele furacão sonoro que estava transformando o estilo em algo novo e inédito todos os dias, era originalmente um bebopper influenciado fortemente por Charlie Parker, o que torna a facilidade com que ele faz a transição para o funk, e a maneira como toca o gênero nesse álbum, algo ainda mais surpreendente. Everything I Play is Funky pode ser colocado, fácil fácil, entre os seus melhores trabalhos, ao lado de Blues Walk (1958) e Alligator Bogallo (1967). Contando com Lonnie Smith no órgão, Melvin Sparks na guitarra - acertando a mão em dezenas de licks certeiros...

Rigotto's Room: Viciado em Morphine

Por Maurício Rigotto Escritor e Colecionador Collector's Room No início da década de noventa – parece que foi ontem, mas já se vão quase vinte anos – aconteceu uma pequena revolução na forma de se ouvir música com o aparecimento do Compact Disc. O CD surgiu ainda nos anos oitenta, mas foi na virada para os noventa que passou a se popularizar, a ter preços acessíveis a quem não pertencia a classes elitizadas. A indústria fonográfica enxergou uma maneira de vender novamente os seus catálogos nessa nova mídia, criando um conceito de que o vinil da noite para o dia teria virado peça de museu e que o som digital e sem ruídos de CD seria infinitamente superior. Atraídos também pela praticidade de inserir um disquinho em uma gaveta e ouvi-lo de cabo a rabo sem a necessidade de virá-lo no meio da audição, a população engoliu o engodo e passou a substituir suas discotecas inteiras, se desfazendo dos discos de vinil em troca do moderníssimo disquinho prateado. Como colecionador de discos, a ...

Minha Coleção - Fábio Salgado, uma extensa coleção de metal extremo

Por Fernando Bueno Colecionador Collector´s Room Antes de qualquer coisa, gostaria de agradecer a sua participação. Para começar o nosso papo, eu queria que você se apresentasse aos nossos leitores. Meu nome é Fábio Salgado, tenho 35 anos, sou de Itapira/SP, apaixonado por metal, principalmente Black Metal, e são paulino fanático. Qual foi o seu primeiro contato com a música? Eu comecei cedo, pois meu pai sempre ouvia rock. Cresci ouvindo Beatles, The Who, The Byrds, Pink Floyd, etc. Meu pai tocava numa banda de rock, então meu primeiro contato foi já na barriga de minha mãe. Você disse que iniciou ouvindo Beatles, The Who, The Byrds e Pink Floyd. Mas o seu estilo preferido é o Black Metal. Como essas bandas de Classic Rock te levaram à ouvir o lado mais extremo do metal? Na verdade não foram nem as bandas em si, mas amigos que gostavam de metal mais extremo na época em meados de 85. Quando tava saindo o Venon, Bathory, até mesmo o Kill´Em All do Metallica. Foi demais ouvir aquilo dife...