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Mostrando postagens de março, 2015

O Tidal e os músicos no comando dos serviços de streaming. Ou não.

Os serviços de streaming de música são uma realidade. Quem aderiu ao Spotify, Rdio, Deezer, Google Play e qualquer outro, não volta atrás. Quem ainda não aderiu, chegará o dia que utilizará um destes aplicativos. As razões são muitas: catálogo imenso e praticamente infinito, custo baixo, praticidade, facilidade. Não faltam qualidades para os ouvintes. Para os músicos, no entanto, a história é outra. Há uma grande discussão sobre a forma de pagamento que o sueco Spotify, o líder e principal serviço de streaming do planeta, utiliza para remunerar os músicos. Robert Fripp brigou com a empresa e retirou todo o catálogo do King Crimson do app. O AC/DC não se acertou com os suecos e não permitiu que o seu catálogo fosse disponibilizado no serviço. Os Beatles fecharam um acordo milionário com a Apple e colocaram todos os seus álbuns, de forma exclusiva, apenas no iTunes (as carreiras solo de John, Paul e Ringo estão disponíveis, menos a de George). Um dos maiores nomes do pop atual, Tayl...

Checklist #015: quem são os gênios do pop?

Semana boa nas bancas do mundo. Paul na Q, Ringo na Rolling Stone. Page na The Blues Magazine, Led Zeppelin na Loud!. Blur na Mojo, Kurt Cobain na Kerrang. The Who em especial da Rolling Stone e o Slipknot na sensacional capa da nova Metal Hammer. Indique nos comentários a sua sua favorita, e responda também a pergunta: além de Paul McCartney, que está na capa da Q Magazine, quais são os outros gênios do pop?

Eric Clapton, 70 anos

Jimi Hendrix era fã de Eric Clapton. Quando Chas Chandler, baixista dos Animals e empresário de Hendrix, ofereceu uma turnê inglesa para ele, Jimi só aceitou porque Chandler prometeu que o apresentaria a Clapton. Tendo como base este primeiro parágrafo, a discussão sobre a influência de Eric Clapton na evolução e na história da guitarra não tem sentido. Ele é muito mais que “Tears in Heaven”, singela canção composta em memória de seu filho Connor, morto aos 4 anos após cair da janela de um arranha-céu. Clapton é deus. E há décadas. Ouça os discos do Cream. Ou o do Blind Faith. Ou Derek & The Dominos e os discos solo dos anos 1970. Ali está o Clapton genial. O cara que é, sem sombra de dúvida, um dos maiores guitarristas que o mundo já ouviu. Hoje, 30 de março, Eric Patrick Clapton comemora 70 anos. Renascido, de cara limpa, livre do alcoolismo e das drogas, em um novo casamento e com duas filhas pequenas. Um pai avô, que toca o seu violão e sua guitarra diariamente, como...

Fórn - The Departure of Consciousness (2014)

Este disco foi lançado em julho de 2014 pela gravadora alemã Vendetta Records, mas só agora coloquei os ouvidos nele. Trata-se da estreia do quinteto de Boston, Fórn, banda que trilha a seara do doom, black e sludge metal. The Departure of Consciousness traz apenas seis faixas - na verdade são uma intro e um encerramento, o que dá, no final das contas, praticamente quatro canções. Com riffs lamacentos, andamentos arrastados, vocais graves e guturais, o grupo vai enterrando o ouvinte em um oceano sombrio à medida em que a audição se desenvolve. O álbum exige uma parada nas atividades, uma pausa na correria, e recompensa essa atitude com uma música que é construída camada a camada, bloco a bloco, tudo de maneira bastante climática e soturna. A escuridão se aproxima a cada compasso, e essa capacidade de alterar o ambiente externo acaba se revelando uma das principais qualidades do Fórn. De uma beleza inquietante dentro do universo que habita, The Departure of Consciousness mostr...

Von Hertzen Brothers - New Day Rising (2015)

Uma boa forma de definir a música da banda finlandesa Von Hertzen Brothers é imaginar uma mistura entre o Queen e o Gentle Giant, adornada por uma refinada camada pop. No entanto, não é suficiente para colocar em palavras toda a musicalidade do grupo formado pelos irmãos Von Hertzen (Kie na guitarra, Mikko no vocal e guitarra e Jonne no baixo) e completada por Juha Kuoppala (teclado) e Mikko Kaakkuriniemi (bateria). É preciso ir um pouco mais fundo. New Day Rising , sexto álbum do quinteto, distancia a banda de sua herança progressiva e leva o Von Hertzen Brothers para uma sonoridade próxima do pop com elementos barrocos. Um processo que já havia sido iniciado no trabalho anterior, Nine Lives (2013), e continha sementes no disco que o antecedeu, o ótimo Stars Aligned (2011).  Este afastamento do prog e do próprio peso, presente nos álbuns anteriores, pode gerar também um afastamento de fãs das antigas, mas é um risco consciente que a banda assume ao levar a sua música par...

Pyramids - A Northern Meadow (2015)

Na lenda babilônica da ‘queda’ do paraíso, o abismo representa a regeneração, a redenção, a expiação e outros termos similares, significando algo como a união do humano com uma mente divina; implicando neste caminho um silenciamento do intelecto e uma entrega à consciência. Se há alguma forma de exemplificar isto musicalmente, certamente é possível que a resposta seja no som desses texanos. Ao transitar em um ambiente escuro, frio e claustrofóbico, nossos olhos e membros congelam-se e a angústia se encarrega de abraçar qualquer esforço emocional. É sim um passeio sinuoso, mas severamente construtivo. Em 2008, o Pyramids estreava com o seu álbum auto-intitulado, misturando junto os diferentes elementos do shoegaze, post-rock, post-black metal, dark ambient, drone e experimental; seu primeiro álbum foi nada menos do que fascinante. Após o lançamento, houve uma variedade de artistas e bandas avant-garde – incluindo James Plotkin, Colin Marston e Blut Aus Nord – remixando o material d...

Finsterforst - Mach dich frei (2015)

Ouvi certa vez, não lembro ao certo onde: quando o heavy metal é lindo, ele é lindo mesmo. Mesmo não recordando a origem da frase, aplico-a com certeza absoluta em Mach dich frei , quarto álbum da banda alemã Finsterforst. Sucessor de Rastlos (2012), o disco foi lançado em 23 de janeiro passado pela Napalm Records (aqui vai uma dica: essa gravadora invariavelmente coloca ótimos trabalhos no mercado, vale uma checada no catálogo do selo) e merece os elogios rasgados que vem recebendo mundo afora. Vamos a eles: o Metal Storm deu um 8.1 para o disco, classificando o álbum como o encontro da temática pagã com elementos mais modernos. O Metal Underground deu quatro estrelas e afirmou que o trabalho traz uma atmosfera florestal para o ouvinte. Já o exigente - e por isso mesmo, excelente - Angry Metal Guy classificou o álbum como excelente musicalmente, mas fez críticas à produção do material (particularmente, essa questão apontada por eles não me pareceu tão evidente). São apenas 8 ...

Solefald - World Metal: Kosmopolis Sud (2015)

Quando o heavy metal vai ao encontro de sonoridades distantes de seu universo, o resultado costuma variar entre dois extremos: o desastre completo ou o nascimento de uma música inspirada e de inegável qualidade. Felizmente, o caso da banda norueguesa Solefald se enquadra no segundo grupo. Nascida na cidade de Kristiansand em 1995 e formada pela dupla Cornelius Von Jakhelln Brastad (vocal, guitarra e baixo) e Lars Nedland (vocal, teclado e bateria), o Solefald sempre caminhou pelos lados do metal avant-garde, com experimentações e inovações constantes em seus sete discos anteriores. World Metal: Kosmopolis Sud , oitavo trabalho do duo, foi lançado no início de fevereiro e é um dos álbuns mais inovadores em que coloquei meus ouvidos nos últimos anos. Tendo como ponto de partida o black metal, Cornelius e Lars levam a sua música a caminhos distantes, inserindo as mais variadas infuências no processo. Sem restrições, sem preconceitos e com muita criatividade, o Solefald entrega um ...

Checklist #014: que animal de estimação combina com o rock?

O Faith No More estampa a nova capa da Revolver acompanhado de seus gatinhos. Inspirados na imagem, perguntamos: quais animais de estimação combinam com o rock e o metal? E tem também o retorno do Blur na NME, Brian Wilson na Classic Rock holandesa, Van Morrison na Uncut e muito mais.

Steven Wilson - Hand. Cannot. Erase. (2015)

Há dois anos, escrevi que Steven Wilson era um sujeito incansável. E nesse meio tempo, continuando com o seu trabalho de dar um novo tratamento aos clássicos do rock progressivo em meio à uma de suas mais bem sucedidas turnês, pouca coisa mudou. The Raven That Refused To Sing se tornou uma das obras mais importantes de sua carreira, no mesmo patamar do que a discografia do Porcupine Tree. O que torna Hand. Cannot. Erase. um trabalho ainda mais interessante: a megalomania da amálgama de jazz e rock progressivo setentista, principais condutores do álbum anterior, abrem espaço para uma sonoridade mais moderna, menos complexa, porém focada na criação de uma atmosfera pesada, condizente com seu conceito: baseado no caso real de Joyce Carol Vincent, que permaneceu desaparecida por três anos e ninguém sentiu sua falta, nem mesmo família e amigos. Wilson escreve uma história sob o ponto de vista da própria, a sua vida desde o início, suas experiências, seu isolamento e como tudo se enc...

Debate Collectors Room: o que deve ser levado em conta na hora de analisar um disco?

Vamos dividir uma questão que sempre entra em pauta quando analisamos um disco, quando escrevemos um review: o que devemos levar em conta na hora de elaborar uma resenha? A criatividade? A inovação? Os novos caminhos propostos pelo artista? A releitura de elementos do passado com precisão? Não acho que exista uma fórmula para escrever um review. Comigo, funciona assim: vou ouvindo o álbum e, com o passar das audições, vou criando raciocínios e chegando a conclusões. Depois disso, sento na frente do computador e coloco tudo na tela e, em seguida, no site. Não sei dizer o que pesa mais na minha avaliação. Tenho as minhas preferências pessoais, gosto de bandas que fogem do óbvio, não curto muito quem só recicla o passado, mas tento equilibrar as coisas. Você não precisa ser um crítico musical para responder a pergunta, para participar deste debate. Basta contar pra gente como você chega à conclusão de que um disco é bom ou ruim, o que faz você gostar ou não de um trabalho. Tem um ...

O rockeiro oco

Você conhece o tipo: o cara diz que é fã, doente pelo Led Zeppelin, e só conhece “Stairway to Heaven”, “Rock and Roll” e “Black Dog”. O indivíduo se declara apaixonado pelo Deep Purple, mas não sabe citar nenhuma canção da banda além de “Smoke on the Water” e “Highway Star”. É um fanático pelo Black Sabbath, mas não conhece nada além de “Paranoid" e “War Pigs”. É o fã do Metallica que pode escolher o que a banda irá tocar em um show, mas escolhe “Enter Sandman” e todas as de sempre pela milionésima vez. É o headbanger que tem certeza de que o heavy metal se resume a Iron Maiden, e ponto final. Há anos o acesso à música mudou, e ficou muito mais fácil. Antigamente, era preciso comprar LPs ou qualquer outro formato, e o compartilhamento de canções de dava apenas através de outras mídias, como as fitas-cassete e os CD-Rs. Hoje, basta colocar o nome da qualquer banda no Google, no YouTube e em qualquer serviço de streaming para ter acesso instantâneo à praticamente tudo que o art...