Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de outubro, 2024

The End So Far, álbum mais recente do Slipknot, ganha nova edição brasileira

Sou da opinião de que o Slipknot não possui álbuns ruins, ainda que, como toda banda que está há anos na estrada e tenha passado pela perda e mudança de integrantes, existam variações entre os trabalhos do grupo. The End So Far foi lançado em todo o mundo no final de setembro de 2022 e é o último disco do grupo com o baterista Jay Weinberg, que saiu em 2023 e foi substituído pelo brasileiro Eloy Casagrande. Há experimentações saudáveis em The End So Far , como a abertura atmosférica de “Adderall” e a união entre momentos mais calmos marcados por elementos eletrônicos e explosões sonoras pesadas de “Yen”, além das pedradas típicas da banda como “The Dying Song (Time to Sing)” e “The Chapeltown Rag”. Ao todo temos doze faixas, com destaque também para “Medicine for the Dead” e a trilogia final com “H377”, “De Sade” e o climático encerramento com “Finale”. Apesar de ser o álbum mais recente do grupo, The End So Far estava praticamente esgotado no Brasil. A Warner lançou três prensa...

Review: Dream Theater – Images and Words (1992)

Images and Words marcou a estreia de uma das formações mais clássicas e adoradas pelo fãs do Dream Theater, e também transformou a banda norte-americana em uma das mais amadas – e odiadas, por consequência – e influentes da história do metal. Segundo disco do grupo, foi lançado em 7 de julho de 1992, três anos após a estreia do quinteto, When Dream and Day United (1989). Álbum fundamental do metal progressivo – para muitos, o melhor do gênero -, Images and Words foi a estreia de James LaBrie com vocalista do Dream Theater, com o cantor entrando de vez na formação que contava também com o guitarrista John Petrucci, o tecladista Kevin Moore, o baixista John Myung e o baterista Mike Portnoy. Produzido por David Parter, o disco traz oito faixas e contém ao menos quatro clássicos do prog metal: “Pull Me Under”, a balada “Another Day”, “Take the Time” e a espetacular “Metropolis – Part I: The Miracle and The Sleeper”. As outras canções não ficam atrás: a avalanche de melodia “Surrounded...

Review: The Sisters of Mercy – First and Last and Always (1985)

Lançado em março de 1985, First and Last and Always apresentou o The Sisters of Mercy ao mundo e é considerado um dos álbuns mais importantes da história do rock gótico. Um pilar monumental do gênero, o disco havia sido lançado no Brasil apenas em LP em 1986, e a edição em CD permanecia inédita por aqui. Isso foi corrigido pela Wikimetal em parceria com a BMG, que acaba de colocar nas lojas uma edição em CD remasterizado com embalagem digipack com três painéis, encarte de dezesseis páginas contando a história do álbum e seis faixas bônus. Ainda que não seja tão idolatrado quanto Floodland (1987) e não tenha alcançado tanto sucesso quanto Vision Thing (1990) – que traz a sensacional “More”, hit na época -, a estreia da banda inglesa traz muitos atrativos. Pra começar, foi o único dos três álbuns do grupo a contar com o guitarrista Wayne Hussey e com o baixista Craig Adams, que deixariam a banda em 1986 para formar o The Mission, outra lenda do gótico. Em termos musicais, First and...

Review: Ramones – Halfway to Sanity (1987)

Entre os fãs brasileiros dos Ramones, é sabido que Halfway to Sanity é um dos álbuns mais difíceis de se conseguir. Disponível apenas em um LP não oficial lançado há alguns anos, o disco finalmente ganhou a sua primeira edição em CD nacional, para alegria dos fãs da mais importante e influente banda do punk rock. Décimo trabalho dos Ramones, Halfway to Sanity chegou às lojas em 15 de setembro de 1987. Sucessor Animal Boy (1986), possui uma sonoridade pra lá de pop e que, de certa forma, abriu as portas para o renascimento comercial da banda iniciado no disco seguinte, Brain Drain (1989), que traz os mega hits “Pet Sematary” e “I Believe in Miracles”. O álbum abre com uma das grandes músicas da história do Ramones, a grudenta “I Wanna Live”, um pop rock simples e de muito bom gosto. “Bob 'Til You Drop” vem a seguir e coloca uma dose maior de agressividade e peso na receita, mas também é grudenta como chiclete. O disco segue equilibrando melodia, refrãos fortes e rock and rol...

Review: Bad Company – Straight Shooter (1975)

Segundo álbum do Bad Company, Straight Shooter divide com o debut o título de melhor trabalho do grupo, ainda que não seja tão celebrado como a estreia do quarteto. Gravado em setembro de 1974 no Gloucestershire Castle, na Inglaterra, e lançado no final de março de 1975, o álbum está amparado em duas excepcionais composições, as clássicas “Feel Like Makin' Love” e “Shooting Star”. A primeira é uma belíssima balada, precursora da união entre momentos mais calmos e explosões sonoras que marcariam as power baladas anos mais tarde, e traz inspiradíssimas linhas vocais de Paul Rodgers. Primeiro single do disco, alcançou a décima posição nos charts e tornou-se, com o passar dos anos, uma das faixas mais conhecidas da banda e uma das preferidas das rádios dedicadas ao classic rock. Já “Shooting Star” conta a história de uma estrela do rock que ganha o mundo, mas acaba morrendo precocemente. Segundo declarações do guitarrista Mick Ralphs e do baterista Simon Kirke, a letra foi inspira...

Review: Richie Kotzen – Nomad (2024)

Fui surpreendido muito positivamente por Nomad , novo álbum de Richie Kotzen. E essa sensação veio por ser um disco despretensioso, com um clima leve e descontraído em todas as suas oito faixas. Apenas música, pura, simples e direta, produzida por um dos grandes talentos do nosso tempo. Gravado inteiramente por Kotzen (ele canta e toca guitarra, teclado, baixo e bateria em todo o álbum) no estúdio que possui em sua casa em Los Angeles, Nomad é o primeiro trabalho lançado por Richie após a bem recebida parceria com Adrian Smith no projeto Smith/Kotzen. Musicalmente, as composições passam pelo rock, funk, pop e até mesmo fusion, tudo feito com muito bom gosto e com a execução impecável de sempre. Além de excelente guitarrista, Richie Kotzen possui uma voz privilegiada, e usa seus atributos com inspiração. “Cheap Shots” abre o álbum em alto astral e possui um refrão solar e grudento. Em “These Doors” ouvimos uma das melhores músicas do disco com um groove excelente, o baixo super na ...

Review: The Troops of Doom – A Mass to the Grotesque (2024)

O The Troops of Doom trouxe de volta à ativa Jairo Guedz, guitarrista original do Sepultura, e mostrou que o músico mineiro segue tendo muito o que mostrar. Com dois EPs - The Rise of Heresy (2020) e The Absence of Light (2021), reunidos em Prelude to Blasphemy (2023) - e um álbum - Antichrist Reborn (2022) -, a banda caiu imediatamente no gosto do público. O novo trabalho do quarteto, A Mass to the Grotesque , foi lançado em maio e prova que todos os elogios foram, são e continuam sendo merecidos. Além de Jairo, o The Troops of Doom conta com Alex Kafer (vocal e baixo), Marcelo Vasco (guitarra) e Alexandre Oliveira (bateria). A proposta, desde a formação da banda, é reviver a sonoridade death/thrash do EP Bestial Devastation (1985) e do álbum Morbid Visions (1986), que Jairo gravou com o Sepultura antes de ser substituído por Andreas Kisser. O que ouvimos no The Troops of Doom é a extensão e a evolução da sonoridade desses títulos, muito mais trabalhada e madura devido à passa...

Review: Luis Mariutti – Unholy (2023)

A música instrumental, por suas próprias características, ergue uma barreira automática em alguns ouvintes, que se sentem incapazes de apreciar algo sem vocais. Pessoalmente, isso nunca foi problema para mim e sempre curti trabalhos instrumentais, desde discos emblemáticos como Surfing with the Alien , de Joe Satriani, até obras-primas atemporais como Kind of Blue , de Miles Davis. Unholy , estreia solo de Luis Mariutti, não é um álbum exclusivamente instrumental. Três das oito faixas trazem os vocais de Thiago Bianchi, coprodutor junto com Hugo Mariutti, que toca a guitarra no álbum. A bateria ficou com Henrique Pucci, colega de Bianchi no Noturnall. Mas, ainda que não se encaixe completamente na categoria, trata-se de um trabalho bastante hermético por trazer o baixo como instrumento principal e, sobretudo, pela abordagem mais sombria que apresenta. Um dos maiores nomes e referência do instrumento no Brasil, Luis Mariutti fez seu nome no Angra e no Shaman, e atualmente toca versõ...

Quadrinhos: Yan Vol. 1, de Chang Sheng (2024, Comix Zone)

Yan conta a história de uma garota que, aos quinze anos, é acusada injustamente de assassinar a sua família. Trinta anos depois ela ressurge em busca de vingança, e dá início a uma escalada de violência. Até aqui temos algo que remete a Kill Bill, seja pelo tema ou pela ambientação oriental, já que a história se passa na China. Só que mais ingredientes são adicionados à história e descobrimos que a prisão onde Yan estava era, na verdade, um gigantesco laboratório onde eram realizadas experiências em seres humanos. Surgem personagens com poderes estranhos, como uma garota que enxerga cinco minutos no futuro e a própria Yan, que mesmo tendo 45 anos conserva a mesma aparência de quando foi presa, ainda adolescente. Kill Bill encontra X-Men seria uma boa definição para este primeiro volume da série escrita e ilustrada por Chang Sheng e que está sendo publicada pela Comix Zone. A narrativa é super ágil e repleta de ação, enquanto a arte é primorosa, com momentos detalhistas e outros em que ...

Review: Auro Control – The Harp (2024)

The Harp , primeiro álbum da banda baiana Auro Control, é uma das grandes surpresas de 2024, principalmente se você for fã de power e prog metal. Produzido por Thiago Bianchi, o disco entrega uma sonoridade cativante e conta com as participações especiais de Jeff Scott Soto, Aquiles Priester, Felipe Andreoli, Fabio Laguna (responsável por todos os teclados) e do próprio Bianchi, além de um coro com a participação de diversos vocalistas de cena baiana de metal e rock. Na ativa desde 2021, o Auro Control é formado por Lucas de Ouro (vocal), Lucas Barnery (guitarra), Diego Pires (guitarra), Thiago Baumgarten (baixo, também no Hibria) e Davi Brito (bateria). The Harp foi lançado no final de maio no Brasil, Europa, Estados Unidos e Japão. A edição brasileira saiu pela Metal Relics e Voice Music em um digipack de três faces com verniz localizado na capa e encarte de dezesseis páginas com todas as letras, resultando em um lindo projeto gráfico que enche os olhos. A bela capa foi criada pel...

Review: Nightwish – Yesterwynde (2024)

O Nightwish tem perdido a acessibilidade nos trabalhos mais recentes. Desde a chegada da vocalista Floor Jansen e sua estreia em Endless Forms Most Beautiful (2015), a banda liderada pelo genial tecladista e compositor Tuomas Holopainen vem acentuando o seu lado mais épico e pretencioso. O primeiro álbum com Floor fechou com “The Greatest Show on Earth”, composição de vinte e quatro minutos e que é uma das melhores músicas que a banda já gravou. Em Human :II: Nature (2020), a banda incluiu um segundo CD com uma suíte de trinta minutos predominantemente instrumental. Canções longas não são necessariamente um problema, afinal estamos falando da banda que tem em seu currículo obras-primas como “The Poet and the Pendulum” e “Ghost Love Score”, a primeira com quase quatorze minutos e a segunda superando os dez. A questão é que o Nightwish está se afastando do apelo pop que sempre foi uma das características de sua obra, e essa decisão está deixando a balança um pouco desequilibrada. Se ...

Quadrinhos: O Céu na Cabeça, de Antonio Altarriba, Sergio García Sánchez e Lola Moral (2024, Comix Zone)

O êxodo africano é uma das maiores tragédias humanitárias do século XXI. Milhões de pessoas em condições de vida que um ser humano jamais deveria experimentar, fugindo de diversos países do continente em busca de uma vida melhor na Europa e em outros destinos, enfrentando desafios como a própria jornada em si e a exploração de bandidos, escravagistas e muito mais, incluindo a própria morte por naufrágio nos mares próximos ao destino final para aqueles que conseguiram chegar tão longe. Dos milhões que partem em busca do sonho de uma vida melhor, poucos chegam lá, e raros são os que efetivamente conseguem reconstruir suas vidas em um novo país. O Céu na Cabeça é um quadrinho sobre isso. Escrito por Antonio Altarriba, ilustrado por Sergio García Sánchez e colorizado por Lola Moral, foi publicado em 2023 no Velho Mundo e desde então recebeu vários prêmios, incluindo o de Melhor Álbum no Festival de Angoulême em 2024. Agora, a HQ chega ao Brasil pela Comix Zone em uma edição em capa dura...

Review: Lugubra – Flores e Pedras (2024)

O Lugubra surpreende, e muito, com seu álbum de estreia. E essa surpresa vem pelo alto nível apresentado nas oito faixas, algo não muito comum de se ouvir no primeiro trabalho de uma banda. Traduzindo: os caras soam prontos e como se tivessem anos de estrada – o que não está muito longe da verdade. Apesar de ser uma banda estreante, os músicos que formam o Lugubra estão na luta há anos. Muito bem produzido por Jera Cravo e pelo guitarrista Rafael Syade (completam o grupo o vocalista Leonardo Leão, o guitarrista Mateus Alves, o baixista Marcos Cazé e o baterista Ricardo Agatte), Flores e Pedras entrega um metal contemporâneo construído através de riffs pesados e muito groove, com um trabalho de baixo e bateria exemplar. Os vocais de Leão são potentes e fazem com que as letras, todas em português, soem ainda mais contundentes. Aqui está um ponto interessante neste disco. Totalmente cantado em português, o que é cada vez mais raro na cena metal nacional, mostra a personalidade forte ...

Review – Overkill – W.F.O. (1994)

Chega a ser criminoso o quanto o Overkill é subestimado por uma parcela considerável do público de metal. A tradicionalíssima banda de thrash metal norte-americana, fundada em Nova Jérsei em 1980, possui uma longa folha corrida de serviços prestados à música pesada, com vinte álbuns de estúdio no currículo que constroem uma das discografias mais consistentes do gênero. A Wikimetal tem feito um excelente trabalho ao relançar vários destes álbuns, iniciando pela estreia do grupo na Atlantic com o clássico Taking Over (segundo disco dos caras, de 1987) e seguindo a partir daí. W.F.O. é o sétimo álbum do Overkill e chegou às lojas em 15 de julho de 1994. Aqui, o grupo retoma o thrash metal após as experimentações ouvidas em I Hear Black (1993), espécie de Black Album da banda, onde o quinteto desacelerou sua música e tornou seu som mais acessível. Em W.F.O. o Overkill retorna ao universo do thrash, porém com doses massivas de groove, algo na linha do que o Testament também estava f...

Review: Motörhead – Snake Bite Love (1998)

Lançado em 10 de março de 1998, Snake Bite Love é o décimo quarto álbum do Motörhead e o segundo com a banda retomando a formação em trio após a saída do guitarrista Würzel. Do trabalho anterior, Overnight Sensation (1996), até Bad Magic (2015), a banda gravaria dez álbuns de estúdio com o clássico line-up Lemmy Kilmister, Phil Campbell e Mickey Dee, o mais longevo da carreira do grupo. O interessante em Snake Bite Love é que ele entrega as pauladas características do Motörhead ao mesmo tempo em que traz a banda fazendo algumas experimentações. Ainda que as duas primeiras faixas, “Love For Sale” e “Dogs of War”, aparentem uma clara falta de criatividade ao reprisar de maneira pouco sutil o riff e as linhas vocais de “Deaf Forever”, presente em Orgasmatron (1986), Lemmy e companhia surpreendem ao incluir um solo de teclado em “Take to the Blame”, com a canção chegando a lembrar os momentos mais pesados do Deep Purple e do Uriah Heep. Outro momento que chama a atenção está em “Ass...