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Mostrando postagens de setembro, 2019

Show: Helloween e Scorpions | 28 de setembro de 2019 | Arena Petry | São José

Em uma de suas mais conhecidas entrevistas, Paul McCartney declarou que nunca teve dúvidas de que ele, John Lennon, George Harrison e Ringo Starr teriam alcançado sucesso mesmo se não tivessem formado os Beatles, mas que a união do quarteto foi algo único e colocou a carreira dos quatro em uma dimensão que eles jamais alcançariam sozinhos. Isso vale para diversos exemplos. No metal, um dos casos mais emblemáticos é o do Iron Maiden. Bruce Dickinson e Adrian Smith saem, a banda segue na ativa, mas o retorno da dupla em 1999 automaticamente recolocou o Maiden no seu lugar de direito, como uma das maiores bandas da história. Mais recentemente, isso aconteceu novamente com a união do Helloween com Kai Hansen e Michael Kiske na turnê Pumpkins United. Agora um septeto, o grupo alemão vive um de seus momentos mais antológicos ao realizar o sonho dos fãs em uma reunião que é, sem dúvida, uma das melhores notícias que o heavy metal viveu nos últimos anos. Chegou a vez de Flor...

Filme: A Música da Minha Vida, de Gurinder Chadha (2019)

Baseado na autobiografia do jornalista inglês Sarfraz Manzoor, A Música da Minha Vida é uma ode à obra de Bruce Springsteen. Sarfraz, filho de um imigrante paquistanês na Inglaterra da década de 1980, encontra na música de Springsteen aquilo que a sua família não consegue lhe entregar, torna-se um fã inveterado do norte-americano e usa suas letras como modo de ver a vida e superar os problemas que encontra pelo caminho. A imigração, hoje uma das maiores questões mundiais, é tratada sem maiores pudores no filme. A família “paqui” (termo depreciativo utilizado pelos ingleses para ofender os paquistaneses) de Manzoor convive com o preconceito e a xenofobia diariamente. Seu pai adota a postura defensiva, do não confrontamento, o que contrasta com o jovem protagonista, que como todo adolescente quer fazer parte da turma e consumir o que os seus amigos consumem. Essa luta entra a tradição asiática e a modernidade ocidental divide pai e filho e é o grande condutor dramático da obr...

Review: Destruction – Born to Perish (2019)

Para os mais inteirad os com o thrash metal, o Destruction dispensa muitas apresentações. Na ativa desde 1982, os veteranos alemães já passaram por altos e baixos na carreira, mas há um certo consenso de que a banda vem apresentando uma discografia relativamente sólida desde a volta do baixista, vocalista original e membro fundador Schmier no finalzinho dos anos 1990, marcada pelos lançamentos de All Hell Breaks Loose em 2000 e The Antichrist em 2001 – momento esse que também ajudou a impulsionar toda uma verdadeira onda de retomada e redescoberta do thrash durante os anos 2000. Quase duas décadas e muitos lançamentos depois deste marco, o Destruction prova que ainda é capaz de surpreender mesmo os mais críticos da aparente repetição de fórmula em sua obra (que permeou uma boa parte deste tempo) com o resultado presente em seu mais recente trabalho Born to Perish, e que desta vez apresenta uma banda como um quarteto (formação que não era vista desde o início dos anos 1990)...

Os números do mercado musical no primeiro semestre de 2019

A Nielsen divulgou o seu relatório sobre o mercado musical norte-americano no primeiro semestre de 2019, e através dele é possível identificar os principais nomes da música neste momento no mais importante e maior mercado fonográfico do planeta. Antes que alguém reclame, não existe levantamento semelhante sobre o mercado brasileiro, por isso não está aqui no site. Para quem quiser ler o relatório completa da Nielsen, ele está neste link . Vamos aos números: Total de discos consumidos (vendas físicas + streaming): 351,6 milhões, crescimento de 15,7% Consumo de streaming de música: Crescimento de 31,6% Venda de discos (LP, CD e outros formatos físicos): 32,5 milhões, queda de 15,1% Venda de LPs: 7,7 milhões, crescimento de 9,6% Venda de música no formato digital: 154,1 milhões, queda de 25,6% “7 Rings”, de Ariana Grande, é a música mais ouvida do ano até agora com 777 milhões de streaming Billie Eilish, jovem revelação norte-americ...

Review: Billie Eilish – When We All Fall Asleep, Where Do We Go? (2019)

Billie Eilish nasceu em Los Angeles no final de 2001 e tem 17 anos. Adolescente, é um dos maiores fenômenos do pop atual. E não faz isso apelando para fórmulas fáceis ou já testadas e usadas à exaustão por outros artistas. Atingiu esse status apresentando uma sonoridade densa e sombria, que vem acompanhada por uma estética soturna e chocante – a capa do álbum já traz a lembrança de Linda Blair no clássico O Exorcista , que apavorou audiências em 1974. O primeiro álbum de Billie, When We All Fall Asleep, Where Do We Go? , foi lançado em março e desde então vem chamando a atenção mundo afora. O disco traz quatorze faixas e pouco mais de 40 minutos, todas compostas por Eilish ao lado de seu irmão, o ator e produtor Finneas O’Connell. Musicalmente trata-se de um pop com elementos lúgubres, até mesmo funéreos, mas que constrói a sua escuridão e amplifica essa característica através das letras, que tratam dos anseios e medos de Billie e resultam em uma sonoridade própria e forte. ...

Quadrinhos: Ayako, de Osamu Tezuka (2018, Veneta)

Osamu Tezuka, o “Walt Disney Japonês”, como foi carinhosamente apelidado pelos seus fãs mais fiéis, é claramente associado como um dos grandes responsáveis pela chamada “revolução do mangá” e considerado hoje um dos mestres da nona arte. Para leitores mais assíduos de obras adultas, temas sobre guerras, traumas psicológicos, política, sexo e poder são carimbos sempre mencionados. Ayako não é uma obra biográfica, mas relata todos estes aspectos tendo como cenário o mundo num período de profunda depressão e medo. Tezuka não começou sua carreira com obras voltadas para adultos, seguindo um rumo contra a resistência do gekiga (mangás adultos). Sua intenção era criar mangás para o público infantil. E com este caminho em mente apresentou ao mundo obras como Kimba e Astro Boy , este talvez seu trabalho mais lembrado. Antes de falarmos sobre Ayako  precisamos mencionar que esta obra só é o que é pelo simples e pavoroso fato de Tezuka, ainda um jovem estudante, ter sobrevivido ...

Discoteca Básica Bizz #201: Simon and Garfunkel - Bridge Over Troubled Water (1970)

Apenas o costumeiro senso de humor do tempo pode explicar como um trabalho urdido em clima de tensão e confronto encontrou seu destino como um louvor à concórdia e à harmonia. E tão poderoso foi esse louvor, tão exato para os tempos fraturados de então, que  Bridge Over Troubled Water  tornou-se o maior sucesso comercial de Paul Simon como compositor e de Simon e Art Garfunkel como intérpretes. O maior e o último. Criado ao longo de dois anos - ou 800 horas, pelas contas de Simon -, nos intervalos entre apresentações na TV, shows e as filmagens de  Ardil 22 (1970), estreia de Garfunkel como ator, o disco representa várias encruzilhadas pessoais e artísticas para a dupla. Quinto álbum da carreira, vinha imediatamente depois daquele que, até o momento, era sua obra-prima, à medida que estabelecia o padrão de excelência do novo folk:  Bookends , de 1968. Com o estilo momentaneamente exaurido e dinamitado por Bob Dylan, Simon, especialmente, sentia necess...

Review: Liam Gallagher – Why Me? Why Not (2019)

O Oasis sempre foi marcado pela rivalidade entre os irmãos Gallagher, especialmente durante os tempos áureos da banda, ainda nos anos 1990. Dez anos após o fim do grupo mais icônico do movimento Britpop, temos uma boa quantidade de álbuns lançados pelos dois em seus respectivos trampos, o que afasta ainda mais os planos de uma reunião. Agora, o vocalista Liam Gallagher lançou seu segundo álbum solo, Why Me? Why Not , no qual se estabelece e ainda aborda algumas de suas pendências emocionais e familiares. O novo trabalho é de uma simplicidade assumida, tanto nas predominantes baladas quanto nos eventuais rocks, e descaradamente voltado ao som dos anos 1960 e 1970 – em especial ao som dos Beatles, claro. As guitarras e violões se entrelaçam na maioria das músicas e temos arranjos de cordas que evocam um pouquinho da pompa presente nos trabalhos do seu irmão Noel. Os vocais estão bem equilibrados (na medida do possível) e as letras abordam temas intimistas com um adorável misto...

A coleção de discos de Marcelo Pardin: Queen, classic rock e amor pela música

Pra começar, obrigado por mostrar a sua coleção para a Collectors Room. De onde você é, o que faz e como iniciou a sua relação com a música? Eu que agradeço, Ricardo. Para mim é uma honra, realmente. Sou fã da Collectors Room desde os tempos do Whiplash, quando a mesma era uma coluna do site. Bom, nasci em São Caetano do Sul (SP) em dezembro de 1981. Mudei-me para o Mato Grosso, mais precisamente para a região conhecida como Vale do Jauru, na divisa com a Bolívia, em dezembro de 1987 e, desde então, estou aqui. Considero-me mato-grossense de coração, portanto. Sou advogado há cerca de 5 anos, mas desde os tempos de infância vivo no meio, pois meu pai milita na profissão há 32 anos. Minha relação com a música começou cedo! Ainda criança, morando em São Paulo, era ouvinte passivo (tenho duas irmãs mais velhas, adolescentes há época) de coisas como Michael Jackson, Cindy Lauper, Bee Gees, Madonna, Stevie Wonder (que teve em “I Just Called to Say I Love You” meu primeiro hit...