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Mostrando postagens de janeiro, 2021

Review: Accept – Too Mean to Die (2021)

O Accept intensifica em seu novo disco uma tendência que já era perceptível nos últimos trabalhos do grupo: a diminuição do apelo épico e dos arranjos grandiosos em favor de uma sonoridade mais direta, na linha do hard & heavy tão popular na primeira metade da década de 1980. Décimo-sexto álbum da banda alemã, Too Mean to Die é o sucessor de The Rise of Chaos (2017) e também o quinto disco com Mark Tornillo como vocalista. É preciso dizer que essa fase atual do Accept, iniciada com Blood of the Nations (2010), está em pé de igualdade com o período clássico do quinteto, quanto o grupo conquistou o mundo com trabalhos como Restless and Wild (1982), Balls to the Wall (1983) e Metal Heart (1985). Dito isso, é importante frisar que Too Mean to Die é o primeiro disco do grupo sem o baixista Peter Baltes, que deixou a banda em 2018 e tocou em todos os álbuns do Accept. Seu substituto é Martin Motnik. Além disso, a banda agora é um sexteto com a entrada de um terceiro guitarrista,...

Quadrinhos: Seven to Eternity Vol. 1: O Deus do Sussurro, de Rick Remender e Jerome Opeña (2020, Darkside Books)

Apesar de ser uma ficção científica, Seven to Eternity Vol. 1: O Deus do Sussurro conversa, ainda que de maneira metafórica, com uma das grandes questões do nosso tempo. A trama é centrada em um planeta distante que foi dominado pelo Deus do Sussurro do título, que em troca de conhecer os segredos de cada habitante realiza o maior sonho de cada cidadão. Isso se traduz em uma sociedade marcada pela paranoia, onde boatos e rumores se espalham mais que fogo em capim seco. Qualquer semelhança com a realidade que vivemos no Brasil ou com consequências como a invasão do Capitólio por terraplanistas, conspiracionistas e seguidores do QAnon, como vimos recentemente nos Estados Unidos, não é mera coincidência. A construção e design dos personagens e dos cenários traz influências da saga Star Wars , e a arte de Jerome Opeña ( Infinito, Vingadores, X-Force ) enche os olhos com paineis sempre muito ricos e detalhistas e páginas duplas deslumbrantes (as cores de Matt Hollingsworth são um capítu...

Review: Anthrax – Attack of the Killer B’s (1991)

Primeira compilação do Anthrax, Attack of the Killer B’s foi lançada em 25 de junho de 1991 e marca o fim da primeira passagem de Joey Belladonna pela banda. O vocalista foi demitido no final de 1992 por diferenças criativas e musicais com os demais integrantes, e seu substituto foi John Bush, do Armored Saint. Bush, que muitos consideram o melhor vocalista que o Anthrax já teve, permaneceu no quinteto até 2005. Como curiosidade, vale mencionar que o próprio Metallica chegou a convidar John Bush para fazer parte da banda nos primórdios do quarteto, mas o cantor preferiu seguir com o Armored Saint. Ao invés de ser uma convencional coletânea de hits, Attack of the Killer B’s reúne alguns dos mais matadores lados B gravados pelo Anthrax até o início da década de 1990. São ao todo doze faixas até então inéditas ou presentes apenas em singles, o que tornou o disco um item bastante desejado pelos fãs da banda nova-iorquina. A única exceção nessa lógica é “Bring the Noise”, colaboração do ...

O que é música pop?

A música pop, mais do que qualquer outro gênero, está intimamente ligada às forças econômicas da produção e do consumo em massa. Os primeiros padrões populares foram resultado do novo mercado de partituras no século XIX. Pela primeira vez, os compositores poderiam ganhar a vida produzindo música diretamente para os consumidores, sem a necessidade de seguir um programa itinerante ou ter patrocinador/mecenas que os apoiassem. A invenção do cilindro fonográfico no final do século XIX e a tecnologia de discos mais duradoura desenvolvida no início do século XX levaram a padronização das canções e o potencial de consumo em massa um passo adiante. A música não erudita na primeira metade do século XX era amplamente referida como música "popular", e não música "pop". No entanto, a música popular produzida entre 1900 e 1940, que agradava aos gostos mais convencionais do público dos Estados Unidos, é definida de maneira geral como pop tradicional. A dinâmica economia pós-S...

Review: Celso Blues Boy – Indiana Blues (1996)

Grande pioneiro do blues brasileiro, Celso Blues Boy deixou uma discografia repleta de clássicos e formada por álbuns excelentes como Som na Guitarra (1984), Marginal Blues (1986) e Celso Blues Boy 3 (1987). Porém, o álbum que ficou para a posteridade foi Indiana Blues (1996). Sexto disco de Celso, Indiana Blues levou quatro anos para ser gravado e traz um som mais maduro que os trabalhos anteriores. Tendo como grande chamariz a participação do lendário B.B. King em uma das faixas (e o Blues Boy de seu nome é uma homenagem a King, de quem sempre foi muito fã), Indiana Blues é um álbum fundamental para entender os caminhos do estilo em terras brasileiras. Além de ser um guitarrista com um feeling enorme e de um domínio técnico incontestável, Celso Blues Boy era também um excelente compositor e um grande letrista. Isso intensifica a identificação com canções como as lindas “Onze Horas da Manhã” e “Tempos Difíceis”, que falam de forma direta com o ouvinte ao contar histórias e t...

Pra ficar de olho: UmQuarto, a revelação que vem de Floripa

Quando você já está na estrada da música há um bom tempo, adquire uma certa experiência que possibilita identificar artistas e bandas que possuem um potencial enorme e tem tudo para gravar discos e músicas excelentes. É o caso da catarinense UmQuarto. A ideia nasceu como um projeto solo do baixista e vocalista Mayer Soares, porém logo agregou outros músicos e se transformou em uma banda de verdade. Além de Mayer, fazem parte do UmQuarto os guitarristas Chico Badalotti e Thiago Mordentte, e o baterista Henrique Recidive. O quarteto trabalhou na gravação do seu primeiro disco no final de 2020, isolados em uma casa na Costa da Lagoa, em Florianópolis. Durante uma semana os músicos imergiram totalmente no trabalho, que terá dez músicas e tem previsão de lançamento para os meses de abril ou maio. O UmQuarto é um dos nomes mais promissores da cena rock de Floripa, e mostrou isso com os três singles já disponíveis nos serviços de streaming. O primeiro a ser divulgado foi “Feedback Reverb”...

Review: Nervosa – Perpetual Chaos (2021)

Prika Amaral transformou um grande problema em um recomeço para a Nervosa. As saídas de Fernanda Lira (vocal e baixo) e Luana Dametto (bateria), anunciadas em abril de 2020, levaram a um grande ponto de interrogação sobre o futuro da banda. Porém, Prika, fundadora e única remanescente, reformulou o trio transformando a Nervosa em um quarteto, que lançou nesse início de 2021 o primeiro registro dessa nova formação O upgrade em relação ao passado fica evidente em Perpetual Chaos , quarto álbum da Nervosa e sucessor de Downfall of Mankind (2018). Contando agora com a vocalista espanhola Diva Satanica (também do Bloodhunter), com a baixista italiana Mia Wallace (com passagens pelo Abbath e Triumph of Death) e com a baterista grega Eleni Nota (também do Lightfold), a Nervosa mostra no novo álbum que está pronta para o próximo passo de sua carreira. Produzido por Martin Furia, com quem a banda já havia trabalhado no disco anterior, Perpetual Chaos é um ótimo disco de thrash metal, agre...

Review: The Dead Daisies – Holy Ground (2021)

O The Dead Daisies chega totalmente diferente ao seu quinto disco. O motivo para essa mudança foi a significativa alteração na formação, com o vocalista John Corabi e o baixista Marco Mendonza sendo substituídos por ninguém menos que Glenn Hughes. E aqui valem duas observações: o Dead Daisies nunca foi uma banda propriamente dita, mas sim um projeto criado e liderado pelo guitarrista David Lowy. Essa particularidade está por trás da alta rotatividade de músicos do grupo, que nesse disco conta com Hughes (vocal e baixo), Doug Aldrich (guitarra, ex-Whitesnake e Dio) e Deen Castronovo (bateria, Revolution Saints e ex-Journey, além de diversas outras bandas). O segundo ponto é que um músico do gabarito de Glenn Hughes não pode ficar sem produzir material inédito. Isso seria um desperdício tanto para a sua carreira quanto para os fãs. O último álbum solo de Hughes, Resonate , saiu em 2016. O mais recente disco do Black Country Communion, BCCIV , é de 2017. E ao ouvir Holy Ground fica evid...

O que é rock?

O rock é um gênero amplamente popular e vasto, que reúne uma ampla gama de estilos diferentes. Suas origens estão em gravações realizadas nos Estados Unidos no final dos anos 1940 que combinavam elementos de blues e swing, com maior destaque dado ao papel da guitarra elétrica, proveniente do Chicago Blues. Embora o termo "rock" tenha sido originalmente usado por alguns músicos de blues no final dos anos 1930 para descrever a versão mais obscena de sua música com canções de tempo mais rápido, ele não foi gravado até o final dos anos 1940. O rock em sua forma original era um tipo de música baseada em canções que normalmente usavam uma estrutura verso-refrão com um ritmo marcante e com a guitarra na linha de frente, o que tornava a música mais pesada e mais rápida que seus gêneros predecessores. O rock desde seu início simbolizou a contracultura e serviu como veículo de rebelião e protesto, embora a proliferação do estilo tenha diluído a importância dessa característica co...

Review: AC/DC – Live (1992)

Live é o segundo álbum ao vivo do AC/DC e foi lançado em 27 de outubro de 1992. Ele é o sucessor de If You Want Blood You’ve Got It (1978), registro clássico da fase com Bon Scott. Trata-se também do primeiro disco ao vivo da banda com o vocalista Brian Johnson, que substituiu Scott após sua morte repentina em 1980. O AC/DC possui ainda um terceiro ao vivo, Live at River Plate , onde a banda aproveitou o áudio do antológico DVD filmado na Argentina durante a turnê Black Ice (2008) e transformou em um excelente CD duplo. Gravado durante a tour de The Razors Edge (1990), disco que levou o AC/DC de volta ao topo das paradas e apresentou a banda para uma nova geração de ouvintes, Live foi disponibilizado em CD simples (com 14 faixas), CD duplo (com 23 músicas) e LP duplo (com 20 canções). Existe também uma edição em longbox que vinha com uma nota de dólar com o rosto de Angus Young impresso. Essas edições em CD, com exceção da longbox, foram relançadas em 2003 em versões remasteriz...

Review: Legião Urbana – Dois (1986)

Segundo disco da Legião Urbana, Dois chegou às lojas em julho de 1986 e trouxe uma imensa evolução em relação ao álbum de estreia, lançado no início de janeiro de 1985, poucos dias antes da primeira edição do Rock in Rio. Considerado com justiça um dos melhores discos já gravados por uma banda brasileira, Dois foi o responsável por mostrar que a Legião poderia entregar muito mais do que havia mostrado em seu debut e antecipou caminhos que o grupo seguiria nos anos seguintes. A banda chegou a cogitar o lançamento de um álbum duplo que se chamaria Mitologia e Intuição , mas a gravadora EMI vetou a ideia. Dois foi produzido por Mayrton Bahia, que assinaria todos os discos do quarteto até O Descobrimento do Brasil (1993). Fica evidente nesse segundo álbum a enorme influência não apenas do The Smiths na sonoridade da Legião Urbana mas também de nomes como The Cure e U2, e o distanciamento do tempo nos permite perceber que essa ascendência aconteceu com mais intensidade justamente aqui,...

Review: Jonny Lang – Lie to Me (1997)

Jonny Lang surgiu como um raio no cenário do blues na segunda metade dos anos 1990. Com apenas 16 anos, o jovem bluesman emplacou um hit de proporções planetárias e conquistou fãs muito além do cenário do blues, ajudando a popularizar o estilo e a rejuvenescer o público do gênero que é tido como o pai do rock and roll. Nascido em Fargo, na Dakota do Norte, Jon Gordon Langseth Jr. começou a tocar violão aos 12 anos e logo chamou a atenção. Seu pai o levou então para tocar na Bad Medicine Blues Band, uma das poucas bandas de blues da região. Ted Larsen, guitarrista do grupo, deu aulas e ensinou o caminho das pedras para Jonny. A banda logo foi rebatizada para Kid Jonny Lang & The Big Bang devido ao sucesso que o então adolescente fazia com o público. O pessoal da gravadora A&M Records assistiu a uma apresentação do grupo no Bunkers Bar, em Minneapolis, e ofereceu um contrato para Jonny. Isso foi na mesma época em que outros prodígios do blues estavam surgindo, como Derek Trucks...

Review: Electric Mob – Discharge (2020)

Algumas bandas caem no gosto dos formadores de opinião e recebem elogios aos montes. Esse é caso do Electric Mob. Formado em Curitiba em 2016, o quarteto chamou a atenção com o EP Leave a Scar (2017) e acabou assinando um contrato com a Frontiers Records, meca do melodic rock e sleaze. O primeiro fruto dessa parceria é Discharge , lançado em 2020 em todo o mundo. O disco de estreia do Electric Mob justifica os elogios e traz um hard rock que consegue equilibrar elementos contemporâneos e tradicionais. Bebendo em influências como Audioslave, Aerosmith, Whitesnake, Guns N’ Roses, Rival Sons, Alice in Chains e Lenny Kravitz, a banda entrega uma identidade sonora forte e com qualidade que salta aos ouvidos. Há bem encaixados toques clássicos que aproximam o som do lado mais bluesy do rock, como podemos ouvir nos riffs de “King’s Ale” e “Got Me Runnin’”, por exemplo, característica essa que dá um certo ar vintage muito agradável para a música do Electric Mob. São doze faixas em pouco m...

Review: Faith No More – King for a Day ... Fool for a Lifetime (1995)

No final dos anos 1980 o Faith no More presenteou o mundo com "Epic", faixa do segundo álbum da banda,  The Real Thing (1989) . A canção alcançou a nona posição nas paradas da Billboard e permaneceu no Top 40 por um total de 13 semanas. Seu vídeo, com imagens de um piano explodindo e um peixe saltando fora d'água, foi exaustivamente reproduzido pela MTV na época. Angel Dust (1992) trouxe faixas estranhas e diversas, que devem ter surpreendido os fãs que só conheciam a banda por seu grande single.  Depois da saída do guitarrista Jim Martin logo após a turnê do álbum, muitos questionaram se a química teria se perdido, mas a resposta veio da melhor forma com King for a Day ... Fool for a Lifetime . Billy Gould (baixo), Mike Bordin (bateria), Mike Patton (vocal) e Roddy Bottum (teclado) recrutaram Trey Spruance (guitarrista da outra banda de Mike Patton na época, Mr. Bungle) para as seis cordas. Ele gravou o álbum porém acabou saindo antes da turnê começar, sendo sub...

Review: BAP – Für usszeschnigge! (1981)

Quando falamos de rock alemão as principais bandas que surgem no papo são Scorpions, Helloween, Blind Guardian, Accept e Rammstein. Mas é claro que o estilo não se resume a esses nomes em terras germânicas, e um dos maiores exemplos disso é o BAP. A banda foi formada em Colônia no ano de 1976, lançou onze discos de estúdio e segue ativa. Uma particularidade interessante é que todas as letras são escritas em Kölsch, um dialeto da região de Colônia. O som tem como principais influências nomes como Rolling Stones, Bruce Springsteen, Bob Dylan e The Kinks. Fundada pelo   vocalista e guitarrista Wolfgang Niedecken e pelo guitarrista Hans Heres , o BAP variou a sua formação entre seis e sete integrantes ao longo dos anos, e musicalmente equilibra guitarras pesadas com passagens climáticas de teclados, tudo amparada por fortes melodias e um talento inato para compor refrãos fortes e marcantes. Por algum motivo, o BAP ganhou certa popularidade no sul do Brasil nos anos 1980 e 1990, e f...

Review: Concrete Blonde – Still in Hollywood (1994)

O Concrete Blonde é uma das melhores bandas do rock alternativo norte-americano. Formada em Los Angeles em 1982, permaneceu na ativa até 2012. Foram ao todo sete álbuns de estúdio, duas dezenas de singles, um duplo ao vivo, quatro coletâneas e um disco colaborativo ao lado dos Los Illegals. Tendo como figura central a vocalista, baixista e compositora Johnette Napolitano, o Concrete Blonde nunca estourou comercialmente, porém formou uma base apaixonada de fãs, inclusive aqui no Brasil. A banda contava também com o ótimo guitarrista James Mankey e com o baterista Harry Rushakoff, substituído mais tarde por Paul Thompson, ex-Roxy Music. Still in Hollywood é uma compilação de material inédito, b-sides, gravações ao vivo e covers lançada em 1 de novembro de 1994. Na cronologia do grupo é o sucessor do excelente Mexican Moon (1993), um dos melhores álbuns do trio. O material foi disponibilizado inicialmente em CD e k7, e ganhou uma reedição em LP duplo em 2017. As 16 faixas servem c...

Quadrinhos: Joe Hill Dark Collection Vol. 1: A Capa, de Joe Hill, Jason Ciamarella, Zach Howard e Nelson Dániel (2020, Darkside Books)

Joe Hill Dark Collection é uma coleção publicada pela Darkside Books que traz adaptações em quadrinhos para histórias inspiradas no universo de Joe Hill, um dos mais celebrados escritores de terror das últimas décadas. Ah, e não por acaso Joe é filho do genial Stephen King. Ou seja, tá no sangue contar histórias arrepiantes e assustadoras. Esse primeiro volume traz duas séries completas: A Capa e A Capa: 1969 , ambas se passando no mesmo universo de personagens. A Capa conta a história de Eric, um garoto fã de super-heróis que recebe um presente inesperado: uma capa que o faz voar. No entanto, essa mesma capa muda a sua vida de maneira profunda. E aqui Hill e o roteirista Jason Ciamarella invertem a narrativa padrão, fazendo Eric escolher não a jornada do herói, mas sim a trilha do vilão. A construção de Eric como personagem é exemplar. Tímido, inseguro e com uma baixa estima gigantesca em relação ao seu irmão mais velho, que se tornou um médico bem sucedido, vê sua vida mudar r...

Review: Andre Matos – Time to Be Free (2007)

Após mais de vinte anos de carreira, Andre Matos  lançou seu primeiro álbum solo em 2007. Time to Be Free , com seu título que explicita o sentimento de liberdade, marcou um novo começo na trajetória do vocalista após passagens marcantes por três das bandas mais importantes e influentes do heavy metal brasileiro: Viper, Angra e Shaman. A banda que gravou o disco era formada pelos irmãos Hugo e Luís Mariutti (parceiros de Andre no Shaman, e Luís desde os tempos do Angra), pelo guitarrista Andre Hernandes (que tocaria nos três discos solo de Matos), o tecladista Fábio Ribeiro (Shaman, Henceforth, Remove Silence, Violeta de Outono) e o baterista Rafael Rosa (Ancesttral, Eterna, Motorguts, Sinistra). Já a produção foi assinada por Roy Z (Bruce Dickinson, Halford, Helloween), com mixagem de Sascha Paeth (Virgo, Angra, Kamelot). Como de costume nos trabalhos de Andre, Time to Be Free é um álbum muito bem acabado e com excelentes composições. Dono de um talento e um timbre singulares...

Review: Eric Clapton – Slowhand (1977)

Quinto álbum solo de Eric Clapton, Slowhand chegou às lojas em 25 de novembro de 1977 e é considerado um dos grandes clássicos do guitarrista. Além disso, o disco é um dos maiores sucessos comerciais da carreira de Clapton, puxado por singles como “Cocaine”, “Wonderful Tonight” e “Lay Down Sally”. O desejo de Eric era trabalhar com o produtor Glyn Johns, que havia assinado álbuns dos Rolling Stones e dos Eagles. Fechada a parceria com Johns, Clapton precisou se adaptar ao modo de trabalho do produtor, que não era fã de jams e cobrava profissionalismo extremo dos músicos. Na época, Clapton e sua banda viviam chapados ou bêbados a maior parte do tempo, e Johns colocou a rapaziada nos trilhos exigindo o máximo de cada um durante as sessões de gravação. Essa abordagem deu um clima meio minimalista a Slowhand , com canções enxutas e diretas ao ponto. O título veio do apelido dado pelo manager Giorgio Gomelsky, uma alusão ao modo de tocar do guitarrista, com notas suaves, elegantes e ex...

Review: Seven Days War – Devil’s Amusement (2020)

Os primeiros segundos da faixa de abertura de Devil’s Amusement , novo EP do Seven Days War, já traz a pergunta inevitável ao ouvinte: como essa banda não é mais comentada e elogiada Brasil afora? Natural de Porto Alegre, o quinteto executa um metal atual, com elementos de groove e aspectos clássicos. O resultado é cativante e proporciona uma audição pra lá de agradável. O disco é o sucessor de A New Beginning (2016) e traz cinco faixas inéditas. A produção, mais uma vez assinada por Renato Osório (ex-guitarrista do Hibria), é primorosa e não deve nada à qualquer banda gringa. Os timbres são gordos, os instrumentos são pesados, o som é encorpado e pula para fora dos fones. A principal referência, para efeito de comparação, é o Trivium, que me parece ser uma das principais influências da banda  junto com alguns pequenos toques do Five Finger Death Punch. Todas as faixas são excelentes, mas pessoalmente destaco a sensacional “Paralyzed”, “A Million Eyes” e “Moving Targets”. A bo...

Quadrinhos: Separados, de Scott Snyder, Scott Tuffs e Attila Futaki (2020, Darkside Books)

Separados é uma das HQs mais assustadoras que já li – e olha que eu leio quadrinhos desde meados dos anos 1980. Escrita pela dupla Scott Snyder ( Wytches, Vampiro Americano, Batman ) e Scott Tuffs ( Monstro do Pântano ) e ilustrada por Attila Futaki ( Percy Jackson, Conan, Creepy ), o roteiro conta a história de um garoto que descobre que é adotado e parte atrás de seu pai. Com os Estados Unidos da década de 1910 como cenário, acompanhamos a trajetória de Jack pela América em uma espécie de road comic . Com uma narrativa cinematográfica e repleta de ação, Separados prende o leitor de imediato. A história contada por Snyder e Tuffs é muito bem escrita, enquanto a arte de Futaki é sombria, usando e abusando de tons escuros e cenas em close que funcionam como os jump scares  tão comuns nos filmes de terror atuais, notadamente na série Invocação do Mal . O personagem principal, ao lado de Jack, é um senhor mais velho e misterioso que vai revelando a sua verdadeira natureza aos pou...

Review: Jimmy Page & The Black Crowes – Live at the Greek (2000)

Em 1999, Jimmy Page saiu de sua reclusão pós-Led Zeppelin e tocou durante duas noites com o The Black Crowes. Os shows foram realizados nos dias 18 e 19 de outubro no Greek Theatre, em Los Angeles, e trazem a banda norte-americana mergulhando no catálogo de clássicos do Led Zeppelin na companhia de seu criador. Histórico por si só, o encontro gerou um álbum duplo ao vivo intitulado Live at the Greek , lançado em 29 de fevereiro de 2000 e que imediatamente foi elevado ao status de clássico. Page voa alto tendo os Crowes como base, enquanto a banda apresenta uma performance irretocável e que justifica todo o status que o quinteto tinha no período. Na época o Black Crowes era formado por Chris Robinson (vocal), Rich Robinson (guitarra), Audley Freed (guitarra), Eddie Harsch (teclado), Sven Pipien (baixo) e Steve Gorman (bateria). Live at the Greek foi disponibilizado em CD duplo e LP triplo e traz vinte faixas. O show passeia pela carreira do Led Zeppelin através de hits como “Heartb...