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Mostrando postagens de novembro, 2022

Review: Megadeth – The Sick, The Dying ... And The Dead (2022)

Há uma diferença gritante entre Dystopia (2016) e The Sick, The Dying ... And The Dead (2022). Enquanto o disco de estreia da nova formação da banda de Dave Mustaine, agora com Kiko Loureiro como braço direito, trouxe um resgate do início dos anos 1990 com um foco evidente na união do peso com a melodia, o novo álbum do Megadeth, com o line-up já estabelecido e entrosado por longos anos de estrada, soa mais pesado e agressivo, mas sem abrir mão da abordagem técnica que sempre marcou a sonoridade do quarteto. Produzido por Mustaine e Chris Rakestraw, a mesma dupla do disco anterior, o novo trabalho saiu no início de setembro e traz quatorze faixas que constroem um tracklist bem consistente. De Dystopia , apenas Dave e Kiko seguem na banda, com a bateria passando para as mãos do ótimo Dirk Verbeuren (ex-Soilwork) e o baixo ficando com Steve Di Giorgio (Testament), que trabalhou como músico de estúdio para banda, enquanto James Lomenzo retornou para o grupo e reassumiu o posto que ocu...

Review: Ossamenta – Final (2022)

Na língua portuguesa, ossamenta é um dos nomes que se dá a uma ossada ou esqueleto de um animal. Na música, é uma das bandas mais interessantes surgidas no Brasil recentemente. O grupo conta com Luiz Moura e Pedro Conti, guitarrista e vocalista do Thriven, uma dos nomes mais criativos do metal brasileiro dos anos 2010, e que aqui se aventuram em um novo projeto. Musicalmente, o EP Final , estreia do Ossamenta, não diferente muito do Thriven e entrega um metal com muito groove e influências atuais, e dá pra sentir algumas elementos de nomes conhecidos como Gojira na mistura. O principal contraste está nas letras, todas em português, que liricamente exploram caminhos mais filosóficos e que questionam a rotina do cotidiano. São apenas cinco canções, todas muito bem produzidas e extremamente pesadas, onde Pedro alterna vocais limpos e guturais. As guitarras entregam riffs contemporâneos, enquanto a parceria entre baixo e bateria é vital na construção da sonoridade da banda. Entre as ...

Review: Wizards – Seven (2022)

E 2022 nos reservou uma bela surpresa: o retorno do Wizards após mais de uma década sem material inédito. A banda está de volta com nova formação centrada, como sempre, no vocalista e líder Christian Passos, que agora conta com Leo Mancini (guitarra, ex-Shaman e Tempestt), Charles Dalla (teclado), Mendel Ben Waisberg (baixo) e Gabriel Triani (bateria) ao seu lado. Seven é o sucessor de The Black Knight (2010) e foi lançado pela Metal Relics com tiragem de 1.000 cópias em uma edição em digipack com três faces, capa laminada e encarte de dezesseis páginas com todas as letras. A capa, que usa elementos do logo da banda, foi criada por Alcides Burn. Já a produção foi assinada por Dalla. Todas as faixas tiveram a parte musical composta por Christian Passos e as letras escritas por Charles Dalla. Uma breve intro antecede “Pain”, uma das melhores músicas do álbum, com melodias muito bem construídas que colocam a canção em um nível superior. O clima se mantém alto com “Living Undercover”...

Os 25 melhores álbuns de 2022 pela Revolver

Publicada desde 2000, a revista norte-americana Revolver se autodenomina “ a marca mundial do estilo de vida e música pesada ”, e é um dos principais e mais importantes veículos de imprensa quando se fala em heavy metal no mercado dos Estados Unidos. Abaixo está a lista com os melhores álbuns de 2022 segundo a Revolver – a matéria original, em inglês, pode ser lida aqui : 25 Greg Puciato – Mirrorcell 24 Rammstein – Zeit 23 The Devil Wears Prada – Color Decay 22 Chat Pile – God’s Country 21 Polyphia – Remember That You Will Die 20 Ozzy Osbourne – Patient Number 9 19 Author & Punisher – Krüller 18 Machine Head – Of Kingdom and Crown 17 Underoath – Voyeurist 16 Slipknot – The End, So Far 15 KoRn – Requiem 14 Coheed and Cambria – Vaxis Act II: A Window of the Making Mind 13 Cave In – Heavy Pendulum 12 Mindforce – New Lords 11 Dead Cross – II 10 The Callous Daoboys – Celebrity Therapist 9 Meshuggah – Immutable 8 Tallah – The Generation of Danger 7...

Os 75 melhores discos de 2022 pela Mojo

Uma das mais conhecidas revistas de música do planeta, a inglesa Mojo é publicada mensalmente desde novembro de 1993. Sua linha editorial é bastante ampla, mas mantém o rock e o pop como gêneros principais. Abaixo você conhece os melhores álbuns de 2022 na opinião da equipe da Mojo: 75 Elizabeth King – I Got a Love 74 Kelly Lee Owens – LP.8 73 Jeremiah Chiu & Marta Sofia Honer – Recordings from the Åland Islands       72 Kae Tempest – The Line is a Curve 71 Julia Jacklin – Pre Pleasure 70 Eiko Ishibashi – For McCoy 69 The Black Keys – Dropout Boogie 68 Lambchop – The Bible 67 Jon Spencer & The Hitmakers – Spencer Gets It Lit 66 Angel Olsen – Big Time 65 Brian Eno – ForeverAndEverNoMore 64 Wu-Lu – Loggerhead 63 Nina Nastasia – Riderless Horse 62 Charlotte Adigéry & Bolis Pupul – Topical Dancer 61 The Lightning Seeds – See You in the Stars 60 Spoon – Lucifer on the Sofa 59 Björk – Fossora 58 Gilla Band – Most Norm...

Os 75 melhores discos de 2022 segundo a Uncut

Uma das mais tradicionais e influentes publicações especializadas em música do planeta, a revista inglesa Uncut, que tem a sua sede em Londres, é publicada todos os meses desde maio de 1997. A Uncut faz uma cobertura ampla do mercado musical, abrangendo diversos gêneros mas com uma atenção um pouco maior para o universo do rock. Abaixo está a lista com os 75 melhores álbuns de 2022 na opinião da revista: 75 Drugdealer – Hiding in Plain Sight 74 Chris Forsyth – Evolution Here We Come 73 Aoife Nessa Frances – Protector 72 Sirom – The Liquified Throne of Simplicity 71 Angeline Morrison – The Sorrow Songs: Folk Songs of Black British Experience 70 Tommy McLain – I Ran Down Every Dream 69 Jack White – Entering Heaven Alive 68 Kathryn Joseph – For You Who Are the Wronged 67 Jake Blount – The New Faith 66 The Unthanks – Sorrows Away 65 Beach House – Once Twice Melody 64 Ghost Power – Ghost Power 63 Robyn Hitchcock – Shufflemania! 62 Jenny Hval – Classic Objects...

Os 40 melhores álbuns de 2022 pela Decibel Magazine

Tradicionalmente a primeira publicação especializada a divulgar a sua lista de melhores do ano, a revista norte-americana Decibel não fugiu à regra e soltou os seus discos preferidos de 2022 . A Decibel chegou às bancas em outubro de 2004 e desde então é publicada todos os meses. Com sede na Philadelphia, tem como foco nos gêneros mais extremos do metal. Abaixo está o top 40 de 2022 na opinião da equipe da Decibel: 40 Temple of Void - Summoning the Slayer 39  Gaerea -  Mirage 38  Sigh -  Shiki 37  Still/Form -  From the Rot Is a Gift 36  Midnight -  Let There Be Witchery 35  Doldrum -  The Knocking, or the Story of the Sound That Preceded Their Disappearance 34  Amorphis -  Halo 33  Imperial Triumphant -  Spirit of Ecstasy 32  Black Anvil -  Regenesis 31  Municipal Waste - Electrified Brain 30  Castrator -  Defiled in Oblivion 29  Daeva -...

A dança de Mozart

Entre todas as obras de Wolfgang Amadeus Mozart, a que mais me impressiona é a Sinfonia No. 40. Sou fascinado por suas camadas musicais desde a primeira vez que a ouvi. Usando uma linguagem mais contemporânea, ela me soa como layers entrelaçados em uma espécie de Photoshop sonoro espetacular. A genialidade em uma de suas mais sublimes manifestações. Intitulada “Symphony No. 40 in G Minor”, foi composta por Mozart em 1788. O maestro e pianista austríaco trabalhou em três sinfonias de forma simultânea no período de apenas algumas semanas, as outras duas sendo a 30 e a 41. Estudiosos apontam que, na verdade, Mozart compôs as três como uma obra unificada, e um indício disso é que a 40, que é a mais conhecido do trio, foge do padrão convencional da música erudita e não possui introdução e nem um grand finale , justamente por ser uma obra intermediária. Falecido em 1791, historiadores especulam que Mozart nunca ouviu a Sinfonia No. 40 sendo executada. Alguns inclusive teorizam que Mozart...

Quadrinhos: Cavaleiro das Trevas III – A Raça Superior, de Frank Miller, Brian Azzarello e Andy Kubert (2019, Panini)

O primeiro Cavaleiro das Trevas, publicado em 1986, é um clássico. O segundo, que saiu em 2001, é uma aberração. Já o terceiro volume do universo imaginado por Frank Miller é uma das grandes HQs lançadas pela DC na década de 2010. Subestimado por muitos e ignorado por outros tantos, O Cavaleiro das Trevas III: A Raça Superior é um quadrinho construído sobre duas grandes bases. Pra começar, trata-se de uma ótima história sobre Krypton, sobre Lara - filha do Superman e da Mulher-Maravilha - e sobre a importância do Superman e de toda a sua mitologia para o universo DC. E, também e como não poderia deixar de ser, é uma contundente história sobre o Batman, seu legado e seu simbolismo, fatores que o transformaram em um dos maiores e mais populares personagens dos quadrinhos. Frank Miller divide o roteiro com Brian Azzarello ( 100 Balas, Mulher-Maravilha, Hellblazer ), enquanto Andy Kubert ( Antes de Watchmen, Ultimate X-Men, Marvel 1602 ) responde pela arte, que emula o estilo sujo e p...

Bebeto Alves, um cidadão do mundo em suas próprias fronteiras

“Nas pegadas das minhas botas, trago as ruas de Porto Alegre ...” O Rio Grande do Sul tem as suas peculiaridades. Uma delas é a forte cultura local, evidenciada pela proliferação dos CTGs – Centros de Tradição Gaúcha em cada município do estado, pelo traje típico e pelo folclore regional, fortemente influenciado e identificado com os gauchos argentinos e uruguaios. Mas outro ponto muito marcante da cultura gaúcha é a sua música, que vai muito além das canções nativistas, cujo principal instrumento é a gaita, e que serve de trilha onipresente em todos os pontos do estado. A música gaúcha não é só isso, e essa percepção de amplitude fica evidente para qualquer pessoa com o mínimo de curiosidade. Trata-se de uma sonoridade muito rica, que uniu o som vindo do interior à influências urbanas e gêneros cosmopolitas como o rock, o pop, o blues, o reggae e a MPB, resultando em uma sonoridade própria, contemporânea e que foi batizada, durante a década de 1980, de MPG – Música Popular Gaúcha...

50 anos em 50 discos (e algumas palavras)

Na correria dos dias e na imensidão da vida, você muitas vezes nem percebe o tempo passar. E quando se dá conta, está fazendo 50 anos. Meio século. Uma data que não importava no passado, mas que agora faz pensar no futuro. Porque ela é simbólica, como todas as datas cheias, mas não só por isso. O que faz pensar, principalmente, é justamente esse meio século, essas cinco décadas, esses cinquenta anos. Tá, e daí? Fiz o que eu queria? Cheguei onde queria chegar? Vivi o que queria viver? Pensando bem, talvez a pergunta seja outra: onde eu queria estar, onde queria chegar e com quem eu gostaria de estar com essa idade? Não sei a resposta. E, por mais que entenda que é absolutamente normal passar por fases de questionamento, ter dúvidas de si mesmo e até uma certa dose de síndrome do impostor quanto olhamos para trás, para os sonhos que deixamos pelo caminho e os confrontamos com o que somos hoje, esses sentimentos não podem nos impedir de viver. Sabe onde estou hoje? Onde consegui chega...

Review: Arch Enemy – Deceivers (2022)

Referência na cena metal há duas décadas, o Arch Enemy soube se reinventar como poucas bandas de sua geração. As idas e vindas de Christopher Amott, motivadas pelas brigas com seu irmão Michael – líder da banda -, chegaram ao fim com a entrada de Jeff Loomis, um dos maiores guitarristas do seu tempo e com passagem brilhante pelo Nevermore. E para o lugar de Angela Gossow, que hoje exerce a função de manager do quinteto, a força da natureza conhecida como Alissa White-Gluz tomou conta. Completam o time o já citado Michael Amott, o espetacular baixista Sharlee D’Angelo e o fenomenal baterista Daniel Erlandsson. Um verdadeiro dream team do metal, convenhamos. Deceivers , lançado em 12 de agosto, é o terceiro álbum com essa formação e o melhor desde que a banda foi reformulada – a nova fase conta ainda com War Eternal (2014) e Will to Power (2017). Produzido por Jacob Hansen, o disco traz onze faixas e mostra o quanto o Arch Enemy conseguiu se descolar do seu gênero inicial, o death me...