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Mostrando postagens de junho, 2020

Review: Lamb of God – Lamb of God (2020)

Após um período de cinco anos sem material novo desde seu último álbum ( VII: Sturm and Drang , de 2015), e com uma mudança na formação - que se mantinha a mesma desde o lançamento de seu debut, em 1999 - com a saída do baterista Chris Adler, substituído por Art Cruz (ex-Prong e Winds of Plague), o Lamb of God lança seu oitavo álbum  de inéditas, produzido por Josh Wilbur (que assinou o ótimo CD solo do guitarrista Mark Morton, de 2019). Primeiramente marcado para ser lançado no dia 8 de maio, porém adiado para 19 de junho devido a contratempos em razão da COVID-19, o trabalho torna qualquer período de espera e insegurança compensados pela excelente qualidade que é entregue. Logo de início, com a música “Memento Mori”, somos induzidos aos vocais melódicos alternando com explosões guturais, trabalho que o vocalista Randy Blythe realiza com excelência. Seguindo o tracklist de dez faixas arrebatadoras vem em seguida “Checkmate”, trazendo críticas contra um sistema capitalista sempre d...

Ranking de Discos: Megadeth

O Megadeth foi formado em Los Angeles em 1983, após o guitarrista Dave Mustaine ser expulso do Metallica. Centrada totalmente em Dave, a banda passou por diversas fases em sua carreira, períodos esses em que ficou claro o quão genial é   trabalho do vocalista e guitarrista norte-americano. No total o Megadeth lançou quinze discos de estúdio, iniciando em 1985 com o debut Killing is My Businesss ... and Business is Good! e chegando ao mais recente álbum, Dystopia , lançado em 2016. Toda essa discografia constrói um dos universos mais apaixonantes e criativos do heavy metal. Para ajudar a trilhar esse oceano de boa música, perguntei nas redes sociais qual seria o melhor disco do Megadeth. Foram mais de 400 votos respondendo a pesquisa, e o resultado você confere abaixo: 1 Rust in Peace (1990) – 47% 2 Countdown to Extinction (1992) – 14% 3 Youthanasia (1994) – 13% 4 Peace Sells ... But Who’s Buying? (1986) – 12,5% 5 Dystopia (2016) – 3,9% 6 Cryptic Writings ...

Review: Toxic Holocaust – Primal Future: 2019 (2019)

O Toxic Holocaust surgiu em 1999 em Portland, nos Estados Unidos, e sempre foi uma das principais referências do retro thrash, ou thrash revival, movimento que nasceu na década de 2000 e contou com diversas bandas executando um som voltado para as raízes mais agressivas do estilo, em contraste com o aprimoramento técnico que as primeiras referências do thrash acabaram incorporando às suas sonoridades com o passar dos anos. No Brasil, o principal nome dessa onda é o Violator.  Centrada no vocalista e guitarrista Joel Grind, o Toxic Holocaust lançou em 2019 o seu sexto disco, Primal Future: 2019 . O álbum ganhou edição nacional pela Hellion Records, em uma versão brasileira em digipack.   O som do Toxic Holocaust resgata a abordagem do início dos primórdios do thrash metal, quando o estilo trazia evidentes influências de punk e hardcore somadas ao universo do heavy metal. Isso faz com que as canções sejam mais diretas e mais cruas do que o que ouvimos no thrash contemporâneo...

Review: Overlloud – Splendor Solis (2019)

Assim como você, eu também não consigo acompanhar tudo que é lançado. São discos e discos e mais discos, e fica impossível ouvir tudo que chega ao mercado, ainda mais quando é preciso equilibrar a produção do site com a sua atividade profissional. Essa é uma das razões que faz com que eu abra um sorriso toda vez que recebo uma remessa com CDs enviados por uma gravadora, pois sei que ao ouvir cada um daqueles discos com atenção e escrever sobre eles para os leitores da Collectors Room entrarei em contato com algumas bandas que provavelmente não chegariam aos meus ouvidos se o site não existisse. É o provável caso do Overlloud. O quinteto paraibano foi formado em Campina Grande no ano de 2011 e em 2019 lançou o seu disco de estreia. Splendor Solis saiu pela Hellion Records e caiu como uma luva em meus ouvidos. Um dos pontos para essa simetria é a enorme influência de Iron Maiden presente na sonoridade do Overlloud, e como também tenho o Maiden como uma das referências centrai...

Review: Dua Lipa – Future Nostalgia (2020)

Eu gosto de pop. Sempre gostei e sempre irei curtir. Acredito que não é o gênero musical que determina a qualidade de uma música ou de um artista. Tem muita coisa ótima na música pop e muito material péssimo no rock e no metal. Vejo a música de duas maneiras: a boa e a ruim. Rótulos são importantes, mas apenas nos guiam nesse oceano de infinitas possibilidades. Dua Lipa é uma cantora londrina que lançou em 2020 o seu segundo disco, Future Nostalgia . Ele é o sucessor da estreia batizada apenas com o nome da vocalista, e que chegou às lojas em 2017. Future Nostalgia vem com onze faixas em pouco mais de 37 minutos, e é excelente. Não à toa foi aclamado pela crítica mundo afora, com notas beirando o máximo em diversos sites e revistas. Aqui não vai ser diferente. Musicalmente, o que temos é um trabalho que traz elementos de gêneros como disco music, dance pop e synth pop, além de influências de house, new wave e R&B. O resultado é um som invariavelmente dançante, cujas ...

Review: Michael Monroe – One Man Gang (2019)

Michael Monroe é uma das maiores lendas do hard rock. Apesar de ser praticamente desconhecido pelo público brasileiro, o finlandês foi o frontman do seminal Hanoi Rocks, banda que é uma das principais influências de toda a cena hard rock de Los Angeles, o chamado hair metal .  O Hanoi Rocks teve a sua trajetória abreviada de forma abrupta no acidente que matou o baterista Razzle, em 1984. O músico estava em um carro dirigido por Vince Neil, vocalista do Mötley Crüe, e o fato é mostrado no filme autobiográfico da banda norte-americana produzido pela Netflix.   Mesmo com idas e voltas do Hanoi Rocks, Monroe tem uma prolífica carreira solo   que foi intensificada na década de 2010, com diversos discos que merecem uma audição carinhosa de quem gosta do bom e velho rock and roll. E aqui vale uma observação: a cena hard californiana, musicalmente, sempre foi focada em um rock básico, vide os discos iniciais do Mötley Crüe, Cinderella, L.A. Guns e do próprio Guns N’ Roses, q...

Review: Metal Church – From the Vault (2020)

O Metal Church é uma das instituições do metal norte-americano. Formada em San Francisco em 1980, a banda atravessou várias fases em sua carreira, e após paradas e indefinições atualmente vive um período estável. Liderado pelo guitarrista Kurdt Vanderhoof (único remanescente do line-up original), o grupo reuniu forças com o vocalista Mike Howe em 2014 – ele já havia integrado o Metal Church entre 1988 e 1996 e sua voz está nos discos Blessing in Disguise (1989), The Human Factor (1991) e Hanging in the Balance (1993), além de XI (2016) e Damned If You Do (2018), lançados após o seu retorno. A banda conta também com Rick Van Zandt (guitarra), Steve Unger (baixo) e Stet Howland (bateria).   From the Vault é uma compilação que traz músicas inéditas, b-sides, covers e canções ao vivo. Um item muito interessante pra quem é fã da banda, e que ganhou edição nacional via Hellion Records.   Musicalmente, o Metal Church atual me soa similar ao Accept, principalmente pelo t...

Ranking de Discos: Judas Priest

O Judas Priest é uma das bandas fundamentais do heavy metal. Pioneira, ao lado do Rainbow, no afastamento do gênero de suas raízes no blues, a banda inglesa possui uma discografia rica e essencial para qualquer fã de música pesada. São 18 álbuns de estúdio, 6 ao vivo e 6 compilações, além de 35 singles e mais um vasto material em vídeo. Para ajudar a desbravar esse mar de música, perguntei nas redes sociais da Collectors qual seria o melhor disco do Judas Priest. Foram mais de 400 respostas, e o resultado serve como um prático guia para mergulhar no som único do Judas. Algumas observações: obviamente não valeram discos ao vivo nessa pesquisa, e apenas dois dos dezoito álbuns da banda não receberam votos. Foram eles o Ram It Down (1988) e o polêmico e megalomaníaco Nostradamus (2008). Outro ponto é que apesar do vencedor ter alcançado o primeiro lugar de maneira confortável e até um pouco óbvia, quatro outros discos também obtiveram votações expressivas. Vale menci...

Quadrinhos: O Melhor Que Podíamos Fazer, de Thi Bui (2020, Nemo)

Em O Melhor Que Podíamos Fazer , a quadrinista Thi Bui conta a história de sua família, refugiados vietnamitas que vieram para os Estados Unidos após seu país ser separado e quase dizimado por uma guerra entre as regiões sul e norte, controladas pelos Estados Unidos e pela então União Soviética, respectivamente.   A HQ, publicada no Brasil pela Editora Nemo e que acaba de receber uma nova edição (formato 24x17, lombada quadrada, capa couchê 336 páginas, tradução de Fernando Scheibe) apresenta o país asiático de uma forma que não estamos acostumados a ver aqui no Brasil. A visão que temos do Vietnã, sejamos sinceros, é a que nos foi mostrada pelos filmes norte-americanos: uma terra selvagem, com florestas densas e úmidas, miserável e rebelde. Na verdade, o Vietnã que conhecemos na obra de Thi Bui é uma nação com toques aristocráticos, que durante décadas esteve sob domínio da França e absorveu os costumes europeus em sua cultura, ao mesmo tempo em que tenta equilibrar essas infl...

Ranking de Discos: Angra

Fiz essa pergunta nas redes sociais da Collectors_, e o resultado foi ao mesmo tempo previsível e surpreendente. Previsível porque imaginava que os primeiros colocados seriam esses mesmo, mas surpreendente porque não pensei que o vencedor tivesse tanta distância do segundo lugar. O Angra possui nove álbuns de estúdio em sua carreira, e foram eles que participaram da enquete: Angels Cry (1993), Holy Land (1996), Fireworks (1998), Rebirth (2001), Temple of Shadows (2004), Aurora Consurgens (2006), Aqua (2010), Secret Garden (2014) e Ømni (2018). Aproveitei para revisitar a discografia da banda e relembrar discos que há anos não escutava, principalmente a dupla Aurora Consurgens e Aqua . Somando os votos dos seguidores nos perfis do Instagram , Twitter  e grupo no Facebook , cheguei ao ranking de discos da banda brasileira de acordo com a opinião dos leitores. E vale mencionar um ponto super importante: ainda que alguns trabalhos sejam melhores que os outro...

Review: Bob Dylan – Rough and Rowdy Ways (2020)

Parem as máquinas! O compositor mais importante da história do rock está de volta. Sempre que Bob Dylan lança um novo disco, o (meu) mundo para! Já ouviram falar em sexta-feira gorda? 19 de junho, mesmo dia em que Neil Young também desencava Homegrown , um de seus álbuns perdidos feitos nos anos 1970. Toca o despertador, feriado na Ilha da Fantasia — Rough and Rowdy Ways já está disponível em diversas plataformas de streaming — é como funciona o mercado musical nos dias de hoje. Antes de colocarmos as garras no disco físico podemos ouvi-lo no Spotify, Deezer, etc. Indisponível para venda no país, o álbum (CD/LP duplo) pode ser encomendando diretamente no site oficial do artista (com entrega em julho). Rough and Rowdy Ways , seu trigésimo nono trabalho de estúdio, é imensamente superior a Tempest (2012), último e bom disco de inéditas do artista norte-americano. E mais: esse conjunto de dez canções, primeira comenda autoral de Dylan após a láurea do Nobel em 2016, passa a ser um dos gr...

Review: Santana – Moonflower (1977)

Há uma espécie de consenso entre os fãs e entusiastas da obra do guitarrista mexicano Carlos Santana quanto ao que pode ser considerado o melhor período artístico de sua banda, e, a grosso modo, ele compreende basicamente todos os lançamentos desde a sua estreia em 1969 (aclamado pela antológica apresentação no Festival de Woodstock) até  Inner Secrets , de 1978. Nos álbuns lançados nesta época ele apresentou ao mundo uma inovadora mistura de rock com ritmos latinos e afro-cubanos e até mesmo eventuais elementos de jazz fusion, funk e soul. Um dos álbuns deste período que melhor sintetiza todo este impressionante caldeirão musical é o duplo Moonflower , de 1977. Um misto de gravações de estúdio e ao vivo que capturam Santana no ápice, reunindo um time de peso que incluía o vocalista Greg Walker e os percussionistas Pete Escovedo e José “Chepito” Areas. A parte ao vivo deste álbum foi registrada na turnê do disco Festival , lançado em janeiro daquele mesmo ano, e entre elas estão in...

Review: The Night Flight Orchestra – Aeromantic (2020)

Quando o The Night Flight Orchestra surgiu na Suécia, no início da década passada, muitos certamente acreditaram que se trataria de apenas mais um dos vários projetos paralelos de Björn "Speed" Strid, mundialmente conhecido pelo seu trabalho como vocalista do Soilwork. Ele já participou de bandas similares no passado – tais como o Highball Shooters – e como a maioria desses projetos tendeu a cair na obscuridade, muitos também não poderiam imaginar que esse não apenas se tornaria bem sucedido como também superaria a marca de quatro álbuns de estúdio, além de se tornar uma certa referência quando o assunto é bandas novas que baseiam o seu som num estilo que já foi popular no passado. E cá em 2020 estamos diante de seu quinto registro, Aeromantic .   Mantendo a mesma formação dos álbuns anteriores – que inclui o guitarrista David Andersson (também membro do Soilwork, e principal compositor por aqui), o baixista Sharlee D'Angelo (mais conhecido pelo seu trabalho no Arch E...

Review: Avatarium – The Fire I Long For (2019)

A Suécia vem demonstrando ao longo das últimas décadas que seus artistas têm a exímia habilidade de fazer música com qualidade e, ao mesmo tempo, variada, que vai, por exemplo, de ABBA e Europe ao famoso Swedish Death Metal de Entombed e Dismember. É como se os suecos tivessem esse instinto artístico enraizado na cultura e no DNA.   E nesse cenário tão prolífico surge o Avatarium, banda criada em 2013 por Leif Edling, lendário baixista do Candlemass (adivinhe de onde veio a banda?). O intuito era fazer um som calcado no doom metal (afinal, ele é um dos grandes expoentes no estilo), mas, ao mesmo tempo, tentando se sobressair com o belo vocal de Jennie-Ann Smith em músicas repletas de temas fantasiosos e macabros. Curiosamente, o posto de vocalista foi inicialmente pensado para Mikael Akerfeldt, vocalista do Opeth (outra banda sueca!), o qual possui inegável talento e dispensa honrarias, mas já adianto que a escolha pela voz feminina foi muito acertada e essencial para refinar o...