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Mostrando postagens de outubro, 2022

Review: Blind Guardian – The God Machine (2022)

O Blind Guardian é mais um caso de uma banda que ficou presa à sua própria fórmula. Explico: os alemães alcançaram o topo do mundo e se transformaram em uma das maiores bandas de metal do planeta com os clássicos Imaginations From the Other Side (1995) e Nightfall in Middle-Earth (1998), álbuns brilhantes que apresentaram um som intrincado, épico e grandioso, banhado por doses generosas de melodia e agressividade e adornado por letras inspiradas no universo fantástico de J.R.R. Tolkien, o genial escritor inglês autor da trilogia O Senhor dos Anéis . No entanto, é preciso admitir que, após esses dois discos, o Blind Guardian caminhou em direção a um som que ficou mais grandiloquente a cada disco, indo do excelente A Night at the Opera (2002) até Beyond the Red Mirror (2015), período onde, ainda que a banda continuasse lançando bons álbuns, a fórmula musical dos alemães foi se mostrando cada vez mais desgastada e, em certos aspectos, até mesmo esgotada. A cereja do bolo, pelo meno...

Quadrinhos: Superman – Identidade Secreta, de Kurt Busiek e Stuart Immonen (2018, Panini)

Superman: Identidade Secreta inverte a perspectiva apresentada nas histórias de origem do maior personagem da DC Comics ao focar não na representação, mas sim no significado da figura do Superman. Escrita pelo sempre competente Kurt Busiek ( Astro City, Marvels, Batman ) e ilustrada por Stuart Immonen ( Legião dos Super-Heróis, Supergirl, Homem-Aranha ), é facilmente uma das mais belas histórias sobre o último filho de Krypton. Somos apresentados a um jovem chamado Clark Kent, que possui o mesmo nome do alter ego do Superman e vive em um mundo como o nosso, onde o kryptoniano existe apenas nas histórias em quadrinhos. Alvo de bullying na escola e de brincadeiras familiares, o jovem vive à sombra do Superman até o momento em que, de maneira repentina, descobre também ter poderes. O que Busiek propõe é um grande exercício de como seria para o Superman viver no mundo real, e faz isso de forma inventiva e com os pés fincados na realidade. Não há exageros e muito menos rompantes de fan...

Review: Gustavo Telles & Os Escolhidos – Hoje, aos 43 (2022)

Compositor, cantor e multi-instrumentista, por mais de uma década  Gustavo Telles  integrou a  Pata de Elefante  (2002 a 2013 | 2016/17), período em que circulou de norte a sul do país e ajudou o trio a se tornar uma das expressões do rock instrumental brasileiro. Sua digital está impressa em quatro discos, com trabalhos laureados por importantes premiações, entre elas o VMB da MTV — Melhor Banda Instrumental (2009), e o Açorianos de Música (em duas categorias e edições) — Revelação (2005) e Melhor Disco Instrumental (2011).   Gustavo Telles  deixou a Pata de Elefante em 2017, mas bem antes de sua saída, iniciou uma carreira solo com Os Escolhidos, uma banda de apoio de formação flutuante, mas sempre associada a importantes realizadores da cena do Rio Grande do Sul. Depois da estreia com o álbum  Do Seu Amor, Primeiro É Você Quem Precisa  (2010), ele reafirmou sua incursão por gêneros como country, rock, blues ...

Review: Slipknot – The End, So Far (2022)

The End, So Far prova duas coisas. A primeira é que o Slipknot quer e precisa dar passos para fora da fórmula musical que consagrou a banda, e isso fica claro em diversos momentos do álbum. E a segunda é que, não importa se estamos falando de uma banda veterana nascida nos anos 1970 ou 1980 ou de um nome mais contemporâneo como o noneto norte-americano, a reação é sempre a mesma: saia do convencional e uma parcela considerável dos fãs não esconderão sua decepção. Produzido pela banda ao lado de Joe Barresi (Kyuss, Queens of the Stone Age, Soundgarden), The End, So Far é apenas o sétimo disco do Slipknot em quase trinta anos de carreira – o grupo foi formado em 1995 em Des Moines, no Iowa. Sucessor de um de seus melhores trabalhos, o ótimo We Are Not Your Kind (2019), o álbum traz doze canções e pouco menos de uma hora de duração. O disco foi lançado no Brasil em CD jewel case pela Warner Music. O que chama a atenção, de cara e sem muito esforço, é como o som do Slipknot está mais...

Review: Ozzy Osbourne – Patient Number 9 (2022)

É surpreendente que Ozzy Osbourne ainda esteja vivo. E é uma alegria que o vocalista inglês ainda esteja entre nós. Surpreendente porque todos sabem as inúmeras loucuras vividas pelo Madman – que não à toa recebeu esse apelido – e as quantidades industriais de drogas e álcool que Ozzy consumiu em seus mais de setenta anos, substâncias essas que inclusive geraram uma mutação em seu organismo e que foi detectada por pesquisadores. E a alegria de ver – ou melhor, ouvir - Ozzy ativo mesmo após ser diagnosticado com Parkinson e vivendo diversos problemas de saúde nos anos recentes é intensificada com audição de Patient Number 9 . Lançado em 9 de setembro, Patient Number 9 é o décimo terceiro álbum do vocalista e, assim como o anterior, foi produzido por Andrew Watt. Porém, ao contrário de Ordinary Man (2020), que trazia um som mega processado e a voz de Ozzy duplicada em praticamente todas as canções, o novo disco tem um som muito mais orgânico e “verdadeiro”, e essa é uma qualidade que...

Livro: Nöthin’ But a Good Time – A História Completa e Sem Censura do Hard Rock Anos 80, de Tom Beaujour e Richard Bienstock (2022, Estética Torta)

O hard rock foi uma das trilhas sonoras da década de 1980, e isso se deve às bandas norte-americanas do período, notadamente as vindas da Califórnia. Los Angeles foi o epicentro de uma cena marcante que entregou o som que marcou uma geração de jovens e mudou também a moda, o comportamento e a própria cultura pop. Nöthin' But a Good Time , livro organizado pela dupla Tom Beaujour e Richard Bienstock, conta tudo isso através de depoimentos dos músicos que viveram e construíram essa cena. Em mais de 600 páginas somos apresentados a centenas de relatos que trazem muita informação sobre bandas, álbuns e canções, mas também a histórias envolvendo sexo e drogas que beiram o surreal. Exagerada e extravagante, a cena hard oitentista foi um revival da diversão no rock através de uma abordagem musical simples e que bebeu muito nos anos 1970, notadamente em bandas como Led Zeppelin, Aerosmith, Alice Cooper e New York Dolls. O som era visceral, cheio de energia e atitude, ainda que muitas v...

Quadrinhos: A Trilha da Mulher-Gato, de Ed Brubaker, Darwyn Cooke e Brad Rader (2016, Eaglemoss)

Ed Brubaker é um dos mais celebrados roteiristas da atualidade, com trabalhos autorais aclamados como Criminal, Matar ou Morrer e Pulp , além de passagens marcantes por personagens icônicos como Capitão América e Demolidor. Mas um ponto pouco falado sobre Brubaker aqui no Brasil é o período em que o roteirista esteve à frente de diversos títulos do universo do Batman. Além da revista do alter ego de Bruce Wayne entre 2000 e 2002, Brubaker escreveu a aclamada Gotham Central entre 2003 e 2005, onde abordou os policiais de Gotham em uma cidade infestada por super-vilões e toda a família de coadjuvantes do Batman. Mas o foco aqui está no que ele fez entre esses dois trabalhos, e que marcou uma nova fase na trajetória da Mulher-Gato. Trabalhando ao lado de outro gênio, o infelizmente já falecido Darwyn Cooke, Ed Brubaker assumiu a revista da Mulher-Gato em 2001 e permaneceu no título até 2005. Essa fase trouxe a personagem assumindo de vez o seu papel como uma anti-heroína e deixando ...

Quadrinhos: Liga da Justiça – Torre de Babel, de Mark Waid e Howard Porter (2014, Eaglemoss)

Existe uma percepção entre os fãs de quadrinhos de que o Batman está sempre pronto para tudo, de que está preparado para qualquer coisa possa acontecer e que não existe nada que ele não tenha previsto antes. Muito dessa ideia vem de Torre de Babel , saga da Liga da Justiça publicada originalmente entre julho e outubro de 2000. Criada por Mark Waid (Reino do Amanhã, Imperdoável, Quarteto Fantástico) e ilustrada por Howard Porter (Quarteto Fantástico, Flash, Superman), a história representa toda essa antecipação racional e paranoica do Batman através de um roteiro onde Ra’s al Ghul, um dos maiores antagonistas do morcego, rouba os planos de contingência desenvolvidos pelo vigilante de Gotham e que só deveriam ser tirados do papel em último caso, em uma situação onde seus colegas da Liga da Justiça estivessem fora de controle. As soluções encontradas pelo Batman para neutralizar Superman, Mulher-Maravilha, Caçador de Marte, Homem-Elástico, Aquaman, Lanterna Verde e Flash são muito cri...

Quadrinhos: Trindade, de Matt Wagner (2016, Eaglemoss)

O universo DC foi construído sobre três personagens lendários: Superman, Batman e Mulher-Maravilha. Kal-El foi criado pela dupla Jerry Siegel e Joe Shuster e estreou em abril de 1938. Bruce Wayne veio ao mundo pelas mãos de Bob Kane e Bill Finger em março de 1939. E a Princesa Diana foi concebida por William Moulton Marston em dezembro de 1941. Os três deram origem ao conceito de super-heróis e formam a trindade dos personagens mais importantes da DC Comics. Trindade , HQ escrita e ilustrada por Matt Wagner (Grendel, Sandman, Arqueiro Verde) conta a história do primeiro encontro dos três personagens e como eles se aliaram para combater uma ameaça maior. Esse tema já foi abordado antes e seria retomado novamente depois em diversas HQs, e é um assunto recorrente quando falamos do universo DC, porém Wagner conseguiu criar uma das melhores histórias sobre o trio.  Publicada originalmente em três edições em 2003, a série tem a sua edição brasileira mais recente em um encadernado de 22...