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Mostrando postagens de julho, 2019

Review: Death by Starvation – Death by Starvation (2013, reedição 2019)

Com apenas um disco lançado, além de singles e um split ao lado do Vazio, o Death by Starvation é um nome conhecido e celebrado por quem acompanha o metal extremo brasileiro. E com justiça, já que o álbum de estréia da banda paulista é realmente merecedor de todos os elogios. Esse trabalho foi relançado recentemente pela Cianeto Discos em uma bela edição em CD, com excelente qualidade gráfica que valoriza ainda mais o som do trio formato por músicos que se apresentam apenas com as enigmáticas denominações II (vocal e guitarra), IV (baixo) e III (bateria). Death by Starvation , o álbum, traz sete faixas espalhadas por 44 minutos. Cinco delas são composições próprias e o tracklist é completado com versões para “Hate”, do Impaled Nazarene, e “The Stallion”, do Bathory. O som é um black metal com alguns ingredientes de death, executado com a fúria característica do gênero. A produção, assinada por Francisco G. Bueno e Kexo, faz o som soar ao mesmo tempo cru e poderoso, sem a...

Hellion Records comemora 29 anos com o lançamento de 20 novos discos

Uma das gravadoras mais tradicionais da cena heavy metal brasileira, a Hellion Records está comemorando 29 anos de vida. Desde 1990 são milhares de títulos lançados com exclusividade por aqui, em um trabalho feito com paixão e dedicação. Ângela Gallinella, uma das sócias da Hellion, falou sobre o que essas quase três décadas de trabalho significam: “ Olhando para trás e recordando que iniciamos a empresa com a idade de 24 anos, em uma época de poucos recursos tecnológicos   (nem fax existia, só carta, telex e telegrama), nos sentimos   muito emocionados em relembrar toda a nossa   caminhada até aqui. Até hoje, mesmo nos momentos mais difíceis e desafiadores, seguimos em frente com a nossa devoção pela música e pelo heavy metal, tendo firme em nosso coração a nossa missão de trazer para o Brasil, através de nossos lançamentos, os artistas que fizeram história   (os clássicos) e as novas bandas que serão as responsáveis em manter a chama acesa do rock e meta...

A História do Heavy Metal – Capítulo IV: O Death Metal

Em vários aspectos, o thrash metal foi um ponto de partida e um divisor de águas para o metal. Em primeiro lugar, eliminou fortemente a influência do blues mas, especialmente, abriu espaço para a expressão inadvertida da raiva e da violência contida nos seus compositores. A partir do thrash o metal se desenvolveu para novos horizontes, ampliando ainda mais a brutalidade, já que essa regra havia sido rompida. Se alguém fosse fazer a pergunta “ o que define o death metal? ” no que diz respeito as suas primeiras bandas, a resposta seria bastante óbvia. A maioria de todas as facetas da estética do death metal inicial despejava com uma paixão esmagadora descrições severas e fantásticas da violência. Era uma música provocativa e despreocupada que se afastou do mainstream através de representações gráficas e uma total falta de qualquer sombra de sutileza. Seguindo os passos de antepassados do thrash como Venom  e  Slayer , o death metal emergiu com força total ...

Review: Diokane – This is Hell We Shall Believe (2018)

Quem já morou em uma cidade com colonização italiana ouviu expressões peculiares e que não fazem muito sentido em outros municípios. “Porco Dio” talvez seja a mais conhecida delas. E é justamente seguindo essa linha que está a origem do nome da banda porto-alegrense Diokane. A expressão vem de “Dio cane”, que na língua dos nativos da ilha da bota quer dizer “Deus cão”, um xingamento bastante comum utilizado quando algo deu errado ou não saiu como o esperado. O Diokane é formado por Homero Pivotto Jr. (vocal), Rafael Giovanoli (guitarra), Duduh Rutkowski (baixo) e Gabriel Mota (bateria) e está na ativa desde 2016. O primeiro EP do quarteto foi lançado no final de 2018 e traz seis composições próprias que entregam um death metal raivoso e agressivo. This is Hell We Shall Believe teve a sua bela capa criada por Giovanoli, que é também ilustrador. Dá pra classificar o som do Diokane como uma mistura entre death e hardcore, ora pendendo para um lado, ora para o outro. Em rel...

Discoteca Básica Bizz #189: David Bowie - Hunky Dory (1971)

Não era exatamente como divindade pop que aquele suburbano magrelo, ex-mímico, ex-mod, com três álbuns incoerentes no currículo, era tratado em Londres. Aos 24 anos, David Bowie já ensaiara passos como cantor/compositor hippie e tentara ser o que os ingleses chamam de  music hall entertainer  (uma coisa meio Ivon Curi). No começo daquele 1971 havia lançado um disco de rock pesado,  The Man Who Sold the World , aparecendo na capa metido em um vestidinho. De escassa repercussão, o trabalho despertou a atenção de um empresário canalha americano, Tony DeFries. Embarcado para os Estados Unidos, Bowie trocou figurinhas com Lou Reed e Andy Warhol. Começava o plano marqueteiro que o estouraria em 1972, impulsionado pelo rock and roll energético de  Ziggy Stardust . A incipiente revolução glam já estava em curso, mas o futuro astro demorou um disco para cair dentro musicalmente. Esse disco foi  Hunky Dory . A partir dele, Bowie deixou de ser uma nebulosa p...

Review: The Damned Things – High Crimes (2019)

O The Damned Things é formado por músicos do Anthrax, Every Time I Die, Alkaline Trio e Fall Out Boy. A banda surgiu em 2009, lançou o seu primeiro álbum – Ironiclast - no ano seguinte, e então meio que sumiu dos holofotes. Esse silêncio foi quebrado com High Crimes , segundo trabalho dos caras. O quinteto conta com Keith Buckley (vocal), Scott Ian (guitarra), Joe Trohman (guitarra), Dan Andriano (baixo) e Andy Hurley (bateria). Em relação à estreia, dois ajustes na formação: Andriano no lugar de Josh Newton e a saída do guitarrista Rob Caggiano, que deixou o Anthrax e os Estados Unidos em 2013 para integrar o Volbeat. O som do The Damned Things é uma espécie de união entre pop e elementos agressivos e energéticos de gêneros como o punk e o hard rock. O metal, principalmente o mais agressivo, pouco dá as caras por aqui. High Crimes foi lançado pela Nuclear Blast no final de abril e conta com dez músicas. Não há ecos nem de Anthrax e muito menos de Every Time I Die, duas...

Review: King Hobo – Mauga (2019)

O King Hobo é a união entre o Clutch e o Opeth. Mas, na prática, as coisas não são assim tão preto no branco. A banda surgiu na segunda metade da década de 2000, quando Per Wiberg, então tecladista do Opeth, conheceu Jean-Paul Gaster, baterista do Clutch. Os dois fizeram algumas jams e curtiram o resultado, chamaram o vocalista e guitarrista Thomas Andersson (do Kamchatka) e o baixista Ulf Rockis Ivarsson, levaram essa experiência para o estúdio e gravaram o disco de estreia do projeto, lançado em 2008. Então se passarem onze anos sem nenhum novo material. Nesse tempo, Wiberg deixou o Opeth, passou a tocar ao vivo com o Candlemass e assumiu o baixo no Kamchatka, enquanto Gaster viu o Clutch crescer bastante e ser aclamado pela crítica. E então, no final de maio, fomos surpreendidos com um novo álbum do King Hobo. Mauga traz dez músicas em um álbum redondo, com muita força e com cara de banda principal dos integrantes. O som do King Hobo é um hard com uma pegada assumida...

Review: Shaman – Reason (2005)

Segundo álbum da banda, Reason (2005) é o sucessor de Ritual (2002) e o último a contar com a formação clássica do Shaman: Andre Matos, Hugo Mariutti, Luiz Mariutti e Ricardo Confessori. Durante a turnê que promovia o disco, desencadearam-se uma série de desentendimentos entre os integrantes, o que fez com que a banda se dissolvesse, restando a Ricardo Confessori (único dos membros originais a permanecer) promover a entrada de Thiago Bianchi, Léo Mancini e Fernando Quesada. Esse novo time gravou Immortal (2007) e o conceitual Origins (2010).             Reason é um álbum direto ao ponto. De cara, temos um exemplo disso com o início repentino da ótima e pesada "Turn Away", sem as habituais sinfonias de abertura contidas nos discos do Angra e no debut da banda. Outro ponto alto é "More", um cover (muito melhor que o original) do Sisters of Mercy - banda icônica integrante do movimento post-punk juntamente com Joy Di...

Review: Scalene – Respiro (2019)

O Scalene é uma banda de rock alternativo formada em Brasília, capitaneada por Gustavo e Tomas Bertoni, e que fez alguma fama por ter se destacado no programa Superstar (Rede Globo). Em plenos anos 2010, essa migalha de visibilidade foi o bastante para o quarteto se tornar um dos poucos exemplares mainstream do nosso maltratado gênero. E após três álbuns focados numa mistura elegante de rocks, baladas, peso e melancolia, o grupo entrega um disco que, para o bem e para o mal, é o mais ousado e introspectivo da sua carreira: Respiro . Aqui, o Scalene investe em uma sonoridade de tons meditativos, seja em voz, timbres, entrelaces acústicos e eletrônicos, e numa produção “moderninha” que joga as guitarras e baterias para escanteio. As letras consistem de devaneios existencialistas, descobertas de novas perspectivas de vida e algumas pontuais críticas sociais – provando mais uma vez que o rock, em maior parte, continua avesso a ideologias retrógradas. Porém, essa mistura resulta ...

Review: Machine Head – Unto the Locust (2011)

Em 1991, o guitarrista Robb Flynn integrava o Vio-lence, uma das mais promissoras e até hoje cultuadas bandas de thrash da Bay Area. Porém, conflitos após a gravação do EP Torture Tactics (1991) fizeram com que os integrantes chegassem às vias de fato, com agressões físicas mútuas. Flynn decidiu então buscar novos ares e saiu em busca do objetivo de ter uma banda pra chamar de sua. Foi assim que nasceu o Machine Head. O baixista Adam Duce foi o primeiro recrutado, seguido pelo guitarrista Logan Mader e pelo baterista Tony Constanza. Já com Chris Kontos no lugar de Tony, o quarteto estreou com tudo com o fenomenal Burn My Eyes (1994), um dos grandes debut da história do metal. O nível seguiu alto com o disco seguinte, The More Things Change ... (1997), mas então vieram os controversos The Burning Red (1999) e Supercharger (2001), onde Flynn e sua turma empurraram o cativante thrash metal repleto de groove dos dois discos anteriores pra debaixo do tapete e aproximaram-se ...

Quadrinhos: Duplo Eu, de Navie e Audrey Lainé (2019, Nemo)

A obesidade mata. E mata muito. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a epidemia de sobrepeso é a segunda maior causa de mortes do planeta e já atinge 39% da população adulta e 18% das crianças e adolescentes. É muita gente. Suas causas variam, mas a maioria está ligada a transtornos causados pela pressão do cotidiano, pela ansiedade exagerada e por questões psicológicas, com o consumo de grandes quantidades de comida agindo como compensador para fatores externos. Duplo Eu , escrito por Navie e ilustrado Audrey Lainé, é um quadrinho sobre obesidade. Nele, a autora fala sobre a sua luta contra o peso, um embate de anos com algumas vitórias e recaídas pelo caminho. A forma com que Navie expõe a sua história é comovente e impacta o leitor, pois ela não faz questão de colocar muitos filtros em sua história. O sobrepeso começou a afetar Navie a partir dos 20 anos, e desde então virou uma constante em sua vida, afetando a sua personalidade e a sua relação com o mundo. É uma históri...