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Mostrando postagens de agosto, 2022

Review: Journey – Greatest Hits 2 (2011)

Para uma pessoa que, assim como eu, tem o seu conhecimento do Journey resumido aos hits planetários “Don’t Stop Believin’” e “Separate Ways (Worlds Apart)”, a compilação Greatest Hits 2 é uma ótima expansão musical. O título dá sequência ao primeiro volume com os maiores sucessos da banda norte-americana, Greatest Hits (1988), e foi lançada 23 anos após o best of inicial do quinteto. Greatest Hits 2 chegou às lojas em 1 de novembro de 2011 e é composto, por sua maioria, por canções que estão entre as favoritas dos fãs mas não entraram no primeiro volume da compilação. Assim, temos músicas como “Feeling That Way” de Infinity (1978),   “Stone in Love” do multiplatinado Escape (1981) e “After the All” de Frontiers (1983), e apenas uma faixa proveniente da fase moderna da banda, “When I Think of You” de Trial by Fire (1996), além da gravação ao vivo de “Mother, Father” registrada em Live in Houston 1981: The Escape Tour (2006). Musicalmente, o Journey é a essência do AOR....

Review: Jack Johnson and Friends - Sing-A-Longs and Lullabies for the Film Curious George (2006)

Jack Johnson surgiu no início da década de 2000 fazendo um som predominantemente acústico, com uma vibe muito positiva e letras que falavam sobre meio ambiente e sustentabilidade. Dono de grande sensibilidade musical, logo conquistou o público com canções que se transformaram em hits onipresentes como “Flake”, “Times Like These” e “Good People”, todas presentes em seus três primeiros álbuns – Brushfire Fairytales (2001), On and On (2003) e In Between Dreams (2005). Essa visibilidade levou o músico a ser convidado pela Universal para compor a trilha da animação Curious George ( George, O Curioso no Brasil), lançada em 2006 nos cinemas. Para a empreitada, Jack chamou os brothers Ben Harper, G. Love, Kawika Kahiapo, Matt Costa e Zach Gill, além do baixista Merlo Podlewski e do baterista Adam Topol, integrantes de sua banda.  Ainda que focada no público infantil, Sing-A-Longs and Lullabies for the Film Curious George mantém a identidade sonora construída por Jack Johnson em seu...

Review: Sunrunner – Sacred Arts of Navigation (2022)

Existe um ditado bastante conhecido que diz que não se deve julgar um livro pela capa. Infelizmente, ele não se aplica a Sacred Arts of Navigation , novo álbum da banda norte-americana Sunrunner. A arte da capa causa estranheza pelas escolhas estéticas e o conteúdo musical é, quando muito, apenas mediano. O Sunrunner foi formado em 2008 e estreou em 2011 com Eyes of the Master , que foi seguido por Time in Stone (2013), Heliodromus (2016) e Ancient Arts of Survival (2018). Sacred Arts of Navigation dá sequência na discografia do quarteto formado por Bruno Neves (o vocalista brasileiro faz a sua estreia nesse álbum), Joe Martignetti (guitarra), David Joy (baixo) e Ted MacInnes (bateria). A sonoridade do disco prejudica o trabalho, com timbres fracos e abafados, e é possível entender a origem disso quando vemos que tudo foi gravado em 2020, no auge da pandemia, com os instrumentos sendo registrados em um estúdio e os vocais em outro. No entanto, faltou um trabalho melhor de mixagem...

Review: Warshipper – Past Essentials (2022)

O Warshipper é um dos melhores e mais cultuados nomes do death metal brasileiro, e acaba de ganhar um lançamento à altura de sua importância. Past Essentials é um CD duplo que reúne os dois primeiros álbuns da banda – Worshippers of Doom (2015) e Black Sun (2017) – em uma edição de luxo magnificamente produzida pelo selo Heavy Metal Rock. Além dos dois CDs, o material inclui um pôster exclusivo, encarte de dezesseis páginas e duas faixas bônus, “Absence of Colors – Blackened Version” e “Atheist | Respect! (Raw Version)”. Confesso que sempre tive dificuldade em diferenciar o death do black metal, em identificar os elementos que constroem a identidade dos dois gêneros mais celebrados do metal extremo. Pode ser ignorância minha, mas o som do Warshipper soa aos meus ouvidos com elementos de ambos os estilos, e essa é uma qualidade que apenas o torna ainda mais rico. A qualidade gráfica de Past Essentials , com uma capa magnífica criada pela C.F. Artwork e todo um projeto gráfico de...

Lovy Metal e o colecionismo inclusivo

O hábito de colecionar, por si só, é excludente. Ainda mais em um país com uma economia desigual como o Brasil. Falamos de música, mas podemos começar discutindo um item extremamente popular: o álbum de figurinhas da Copa do Mundo. O álbum da Copa 2022 custa R$ 12 na sua edição mais simples e R$ 44,90 na versão em capa dura. Cada envelope com cinco figurinhas sai por R$ 4. Como o álbum completo possui 670 cromos, para completar tudo sem repetir nenhuma figurinha é preciso R$ 536, pouco mais de 44% do valor do salário mínimo atual, que é de R$ 1.212. A estimativa é que 38% dos 217 milhões de brasileiros recebam um salário mínimo por mês, o que dá em torno de 82,5 milhões de pessoas que precisam fazer um cálculo simples: colecionar o álbum da Copa ou colocar comida na mesa? A resposta é bem simples, convenhamos. Voltando para o mundo da música, o colecionismo tem se tornado cada vez mais excludente, principalmente quando falamos de discos de vinil. Os valores praticados no Brasil são p...

Por que a franquia CSI usa músicas do The Who na abertura?

CSI: Crime Scene Investigation é uma das séries de maior sucesso do século XXI. Tanto que, a partir da série original, que se passa em Las Vegas, toda uma franquia se desenvolveu com a criação de novos títulos como CSI: Miami, CSI: NY e CSI: Cyber . O que todas tem em comum, além de serem fenômenos de audiência em todo o planeta e transformarem a investigação criminal em um dos potes do ouro do entretenimento, é o fato de usarem clássico do The Who em suas sequências de abertura. Mas qual o motivo disso? Anthony E. Zuiker, criador de CSI , conta: “ Eu estava procurando uma música tema e os executivos da CBS queriam usar um clássico do rock. Eles então marcaram uma reunião com o The Who e mostramos a sequência de abertura de CSI: Las Vegas, já editada usando ‘Who Are You’ como música tema. Pete Townshend e Roger Daltrey gostaram, e na mesma hora assinamos o contrato. Isso acabou se tornando uma tradição da série, e quando começamos a expandir a franquia seria burrice não seguir usan...

Only Murders in the Building: quando o true crime vale a pena

Existe toda uma moda de true crime ao nosso redor. Séries policiais, fitas com gravações de confissões de serial killers sendo transformadas em série e até mesmo um canal que só mostra esse tipo de conteúdo. Only Murders in the Building satiriza todo esse contexto. Criada pelo lendário Steve Martin ao lado do também ator John Hoffman, a série é produzida pelo próprio Martin ao lado do igualmente icônico Martin Short e da popstar Selena Gomez. Os três encarnam os personagens principais, um trio que não tem nada em comum a não ser a paixão por podcasts que analisam crimes reais. A história muda a partir de um assassinato que acontece no prédio onde os três residem, e eles então decidem produzir o próprio podcast. Only Murders in the Building é uma série muito bem escrita, com diálogos inteligentes e clima super leve, apesar de falar de assassinatos. É humor às antigas, inteligente, feito por dois dos maiores ícones do estilo. Tanto Steve Martin quanto Martin Short estão hilários e...

A história da clássica Legend, a porta de entrada para a música de Bob Marley

Bob Marley faleceu precocemente, com apenas 36 anos, em 11 de maio de 1981, vitima de câncer. Sua vida, apesar de curta, foi suficiente para revolucionar a música, a cultura e o comportamento, levando o reggae para todo o mundo e apresentando um novo estilo de música que se tornou não apenas extremamente popular, mas também profundamente influente. A discografia de Marley é composta de somente nove álbuns de estúdio – treze de colocarmos na conta as gravações pré Catch a Fire (1973), reunidas em quatro discos – e dois álbuns ao vivo. E o melhor disso tudo está em Legend , coletânea lançada originalmente em maio de 1984 e que traz todos os seus grandes hits. Um dos greatest hits mais vendidos de todos os tempos, Legend contabiliza mais de 25 milhões de cópias comercializadas e é o álbum de reggae mais vendido de todos os tempos. Seu impacto foi tão grande que acabou sendo incluída na posição 46 da famosa lista de 500 Maiores Álbuns de Todos os Tempos , publicada pela revista Rollin...

A Casa do Dragão resgata a força e magia de Game of Thrones

Ainda que as duas últimas temporadas de Game of Thrones tenham sido decepcionantes e deixaram um sentimento ruim, é inegável que as seis primeiras inscreveram a adaptação da saga escrita por George R.R. Martin no mais alto patamar da cultura pop, com dezenas de momentos inesquecíveis e pilhas de episódios antológicos. A premissa narrativa de A Casa do Dragão não dá sequência aos eventos de GoT, mas sim viaja ao passado e conta o que aconteceu antes. Baseada no livro Fogo e Sangue - review aqui - a série apresenta o Rei Viserys e sua escolha por um herdeiro - no caso, uma herdeira -, e como isso dará início a uma enorme guerra interna entre os integrantes da família Targaryen. A nova produção da HBO retoma o que de melhor havia em Game of Thrones : política, intrigas, traições, tudo embalado por doses generosas de violência. E, claro, dragões. Muitos dragões. Gigantescos, ameaçadores, incríveis. O primeiro episódio estreou nesse domingo e resgatou toda a magia e força do universo épi...

Review: Ibaraki – Rashomon (2022)

Matt Heavy, líder do Trivium, já havia revisitado suas raízes nipônicas – filho de mãe japonesa e pai norte-americano, ele nasceu em Iwakuni, no Japão, em 1986 – no quarto álbum da banda, Shogun (2008). Agora, retorna a um universo semelhante em Rashomon , disco de estreia do Ibaraki. Essencialmente, o Ibaraki é um projeto de black metal progressivo que Heafy desenvolveu ao longo dos anos com a ajuda e participação de lendas do metal extremo como Ihsahn (Emperor) e Nergal (Behemoth), além do multitarefa Gerard Way (My Chemical Romance e autor da série de HQs The Umbrella Academy ). Seus colegas de Trivium também batem ponto: o guitarrista  Corey Beaulieu toca em diversas faixas, o baixista Paolo Gregoletto faz uma participação especial em “Kagutsuchi” e o baterista Alex Bent assume o instrumento em todo o álbum. A música do Ibaraki alterna momentos de peso massacrante com passagens atmosféricas, com Heafy variando entre vocais guturais e limpos. Sonoramente, contrasta bastante...

Review: Modern Talking – 25 Years Of Disco-Pop (2009)

O Modern Talking nasceu em 1983 com a união do vocalista Thomas Anders e do produtor, compositor e guitarrista Dieter Bohlen. Quase que imediatamente, a banda se tornou um sucesso em seu país natal, a Alemanha, e em toda a Europa. A dupla é apontada como uma das precursoras do euro-disco, variação da disco music que foi muito popular na década de 1980, inclusive aqui no Brasil, onde as músicas da banda eram presença certa nas festas da época. Desde o primeiro single, “You´re My Heart, You’re My Soul”, o Modern Talking sacudiu não só as pistas de dança, mas também o mercado. O compacto com a música chegou ao top 10 em 35 países e vendeu mais de 8 milhões de cópias em todo o mundo. Esse sucesso estabeleceu a fórmula vencedora da dupla Thomas e Dieter: melodias grudentas amparadas por batidas dançantes, que cresciam nos refrãos cantados em coro e repetidos em falsete. Essa receita está em todos os maiores clássicos do Modern Talking: a já citada “You’re My Heart, You’re My Soul”, “Cheri...

Review: Jon Bon Jovi – Blaze of Glory (1990)

O Bon Jovi vinha da explosão planetária e da conquista do mundo proporcionada pelos álbuns Slippery When Wet (1986) e New Jersey (1988) quando Jon Bon Jovi e os demais músicos sentiram necessidade de dar uma parada para respirar e absorver melhor tudo que estava acontecendo com a banda. O período, que seria de pausa, acabou levando os dois principais compositores do quinteto, Jon e o guitarrista Richie Sambora, a explorarem novos caminhos e darem início às suas carreiras solo. Enquanto Sambora colocou Stranger in This Town nas lojas em 1991, o vocalista estreou um ano antes com Blaze of Glory . A ideia para o álbum veio do convite do ator Emilio Estevez, que conversou com Jon para conseguir a permissão para incluir “Wanted Dead or Alive” na trilha do seu então novo filme, Young Guns II (no Brasil, Jovens Demais Para Morrer ). Bon Jovi entendeu que a letra não conversava com a história contada no filme e decidiu compor uma música que tivesse mais a ver com período e o cenário da o...

She Hulk é tudo que o nerd chato não é: leve, alto astral e carismática

She Hulk estreou nesta quinta na Disney+. Uma série com humor leve e alto astral, conduzida por uma personagem de grande carisma e que deve conquistar muitos fãs. Aqui é preciso deixar claro: já faz tempo que as produções do MCU deixaram de ser voltadas ao público leitor de HQs e são direcionadas ao público em geral. E é preciso dizer isso porque, certamente, teremos reações negativas de "leitores raiz" em relação a alguns pontos como o Hulk paz e amor, a superioridade da personagem em relação a Bruce Banner em alguns aspectos, as questões levantadas no roteiro e outras características. Mas sabe como isso deve ser tratado? Como se trata o nerd chato padrão: ignorando. Por enquanto tivemos apenas o primeiro episódio, mas ele causa uma sensação tão boa que a expectativa é de uma série que tem tudo pra agradar o público e, pelo que foi mostrado - ainda que sutilmente - trazer novos elementos não só para a personagem, mas também para a figura do Hulk e para o destino do personag...

Review: Kreator – Hate Über Alles (2022)

É interessante como o Kreator incorporou elementos de power metal ao seu som, e isso se traduziu em uma presença maior de melodias, climas ainda mais épicos e um incremento de velocidade nas composições. Não é à toa, por exemplo, que o baixista Frédéric Leclercq, ex-DragonForce, seja o dono do instrumento no quarteto germânico desde 2019. Divagações à parte, também é inegável que o Kreator atravessou os anos 2010 com uma produção que, ainda que esparsa, foi extremamente impactante. Os dois álbuns lançados pela turma liderada pelo vocalista e guitarrista Mille Petrozza no período, Phantom Antichrist (2012) e Gods of Violence (2017), estão entre os melhores registros do grupo. Hate Über Alles , décimo-quinto disco do Kreator, mantém o nível lá em cima. Produzido por Arthur Rizk (Power Trip, Cavalera Conspiracy, Soulfly), o novo álbum traz onze canções em uma duração relativamente curta para os tempos atuais – são apenas 46 minutos de música. O trabalho marca a estreia em estúdio de...

Review: ZZ Top – Raw (2022)

Raw é a trilha do documentário ‘That Little Ol’ Band From Texas , documentário sobre o ZZ Top produzido para a Netflix pela Banger Films e dirigido por Sam Dunn (que assinou o já clássico Flight 666 , do Iron Maiden) que conta a história do lendário trio norte-americano. O CD traz a banda tocando ao vivo (porém sem público) alguns de seus maiores clássicos no Gruene Hall, a mais antiga casa de shows do Texas, na ativa desde 1878. Ao todo temos doze canções que revisitam não apenas velhos cavalos de batalha como “Tush”, “La Grange” e “Gimme All Your Lovin’”, mas também pérolas não tão conhecidas como “Thunderbird”, “Heard It On The X” e “Blue Jeans Blues” (todas de Fandango , álbum meio ao vivo meio de estúdio lançado em 1975), além de “Certified Blues”, presente no disco de estreia da banda, lançado em janeiro de 1971. O álbum faz um retorno ao passado do ZZ Top, um tempo onde a banda ainda não havia incluído sintetizados em seu som, e proporciona o sabor único da azeitada químic...

Review: Foreigner – An Acoustic Evening With Foreigner (2014, reedição 2022)

Gravado em 31 de julho de 2013 no Dornier Museum, localizado na cidade alemã de Friedrichshafen, An Acoustic Evening With Foreigner traz a banda norte-americana em uma performance intimista relendo muitos de seus maiores hits. A abertura, com uma versão excepcional de “Double Vision”, já deixa claro que estamos diante de um CD especial. No total temos um tracklist formado por doze canções, todas executadas pelo septeto que se mantém até hoje como no Foreigner – a única exceção é o guitarrista e saxofonista Tom Gimbel, que deixou a banda em 2021 e foi substituído por Luis Maldonado. Com produção do baixista Jeff Pilson (ex-Dokken), a audição é pra lá de agradável e traz a banda liderada pelo guitarrista Mick Jones em ótima fase, com destaque para os vocais primorosos de Kelly Hansen, que no formato acústico naturalmente se sobressaem ainda mais. Os arranjos são minimalistas e elegantes, e mostram o quanto as composições do grupo sobreviveram ao tempo e, em alguns casos, ficaram ain...