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Mostrando postagens de fevereiro, 2020

Review: Demons & Wizards – III (2020)

O Demons & Wizards chacoalhou as estruturas do metal quando lançou o seu primeiro disco, em 2000. Afinal, a banda era a união do vocalista alemão Hansi Kürsch com o guitarrista norte-americano Jon Schaffer, ambos as cabeças criativas de dois dos principais ícones do metal dos anos 1990: o Blind Guardian e o Iced Earth. O debut da dupla é excepcional e um dos melhores discos da década de 2000. Seu sucessor, Touched by the Crimson King (2005), não alcançou o mesmo impacto, apesar de ser um bom disco. E agora, quinze anos depois, Hansi e Jon unem forças novamente em III , álbum lançado dia 21 de fevereiro. Vale informar que, assim como relançou os dois primeiros discos em edições especiais em 2019, a Hellion Records já confirmou que irá disponibilizar o novo trabalho também no Brasil. Avaliar III passa por avaliar também o que tanto o Blind Guardian quanto o Iced Earth produziram nos últimos quinze anos. Enquanto a banda alemã mergulhou ainda mais na abordagem barroca...

Review: Tygers of Pan Tang – Ritual (2019)

A New Wave of British Heavy Metal mudou o rumo da música pesada no final dos anos 1970 e durante a década de 1980 ao acentuar os ensinamentos do Judas Priest e afastar ainda mais o metal de suas raízes no blues, acrescentando baldes de melodia e harmonias de guitarra na receita. Seus principais nomes são idolatrados até hoje, sejam eles bandas de alcance global como o Iron Maiden, referências absolutas dentro do universo do metal como o Saxon, nomes cult que retornaram com ótimos discos como o Satan e por aí vai. O Tygers of Pan Tang se enquadra nesse último grupo. Ritual é o décimo-segundo disco da banda inglesa, formada em 1978. O álbum saiu no Brasil pela Hellion Records e traz os veteranos metalheads britânicos mostrando que ainda têm muito o que dizer. Com 11 músicas e 52 minutos, Ritual é um deleite tanto para quem adora a sonoridade da NWOBHM quanto para quem curte aquele heavy metal clássico que também sabe soar contemporâneo. Liderado pelo guitarrista Robb Weir...

Review: Flying Colors – Third Degree (2019)

O Flying Colors chega ao seu terceiro disco atendendo a todas as expectativas geradas ao redor da banda, o que faz de Third Degree o melhor trabalho do grupo até agora. Formado por Casey McPherson (vocal), Neal Morse (guitarra e teclado), Steve Morse (guitarra), Dave LaRue (baixo) e Mike Portnoy (bateria), era de se esperar que o quinteto realmente alcançasse as alturas como fez em seu mais recente trabalho. Produzido pela própria banda, Third Degree traz nove músicas e foi lançado em outubro de 2019 nos Estados Unidos e Velho Mundo, ganhando logo na sequência uma edição nacional pela Hellion Records. O som segue a linha desenvolvida pelo Flying Colors até aqui, ou seja, um prog rock acessível e agradável aos ouvidos, que consegue evoluir dentro das características do estilo mas sem soar hermético e inacessível a quem não está habituado com as nuances do gênero. Essa personalidade fez com que, ao analisar o primeiro lançamento dos caras – o auto intitulado álbum de 2012 -, e...

Review: Emicida – AmarElo (2019)

AmarElo não é apenas mais um disco de rap dessa safra tão prolífica no cenário atual da música brasileira, mas sim, um disco de um artista que atingiu o auge de sua maturidade musical e pessoal, ditando junto com outros nomes importantes os rumos da música contemporânea brasileira. O terceiro disco oficial de estúdio de Emicida (dado que seus primeiros lançamentos são mixtapes) apresenta um artista completo, em seu ápice criativo e com uma liberdade musical que poucos músicos podem experimentar e apresentar em seus lançamentos. AmarElo está acima de gostar ou não do gênero que rendeu fama ao rapper paulista, destilando amor e brindando a vida em cada frase, em cada rima, em cada melodia, em cada batida. Mais maduro e perspicaz, Emicida tece aqui críticas mais sutis, inteligentes e lúcidas, mas não menos ásperas às mazelas sociais e, especialmente, às condições e dificuldades incontestáveis de vida das pessoas negras. Mas ainda assim, o tom amargurado e ameaçador é subs...

Review: Ozzy Osbourne – Ordinary Man (2020)

Primeiro álbum solo de Ozzy Osbourne em uma década, Ordinary Man é o sucessor de Scream (2010) e traz o Madman acompanhado de uma banda formada pelo guitarrista Andrew Watt (que tocou ao lado de Glenn Hughes no California Breed e também é o produtor do disco), pelo baixista Duff McKagan (Guns N’ Roses) e pelo baterista Chad Smith (Red Hot Chili Peppers, Chickenfoot). O trabalho conta também com participações de Slash (em “Straight to Hell” e “Ordinary Man”), Elton John (que toca piano e divide os vocais na faixa que batiza o disco) e Tom Morello (em “Scary Little Green Men”), além dos rappers Post Malone (em “It’s Raid” e “Take What You Want”) e Travis Scott (em “Take What You Want”). Ao todo são onze canções inéditas em 49 minutos. Ainda que seja louvável ouvir Ozzy ativo e produtivo aos 71 anos, depois de diagnosticado com Mal de Parkinson e adiando a turnê de lançamento do trabalho contínuas vezes por problemas de saúde, é inegável que Ordinary Man é um álbum irregula...

10 bandas para fugir do inglês

Uma discussão muito comum há muito tempo entre os fãs de rock diz respeito ao idioma cantado nas músicas desse gênero. Devido sua origem nos EUA e sua solidificação no Reino Unido, é natural que o inglês seja a língua mais utilizada pelos compositores e músicos na hora de escrever e cantar as letras, nesses e em diversos outros países de todo o mundo, mesmo aqueles que não possuem o inglês entre seus idiomas oficiais. Aqui mesmo no Brasil quando pensamos nas bandas de rock mais influentes logo o nome do Sepultura vem à mente e suas letras em sua imensa maioria foram escritas em inglês. Claro que há inúmeros outros fatores além da simples origem musical para que este cenário exista, mas não é o objetivo desse texto discuti-los agora (quem sabe num outro momento). A verdade é que muitas vezes muitas bandas incríveis são deixadas de lado simplesmente por não cantarem em inglês, uma vez que é muito comum ouvir fãs dizerem que músicas que não sejam cantadas em inglês não possuem ...

Top Collectors Room: os 50 melhores discos do metal brasileiro

O heavy metal brasileiro é reconhecido não apenas como um dos mais criativos do mundo, mas também como um dos mais influentes do planeta. Bandas como Sepultura, Sarcófago, Krisiun e inúmeras outras possuem admiradores nos quatro cantos da Terra, e suas ideias são sentidas em bandas europeias, americanas e de todos os lugares. A história do metal aqui no Brasil começou nos anos 1980, com uma evolução rapidíssima que logo colocou sobre o nosso país, já naquela mesma década, os holofotes de quem curtia som pesado em busca do que de tão especial havia nos “garotos da selva” - como a Kerrang! chamou o Sepultura em uma das primeiras matérias que fez com a banda mineira – e em tudo que eles traziam junto. É difícil elaborar uma lista de melhores discos de metal gravados por bandas brasileiras e ela não ser dominada por dois grupos: o Sepultura e o universo do Angra, onde se incluem Shaman e também o Viper. Mas pesquisas em listas similares e a atenção nas opiniões dos leitore...

Review: Children of the Sün – Flowers (2019)

O Children of the Sün é um septeto sueco que tem como objetivo trazer de volta a sonoridade e o clima Flower Power dos anos 1960. Traduzindo para quem não entendeu: a ideia da banda é resgatar a atmosfera hippie em todos os sentidos, do figurino à música, passando logicamente pelas boas vibrações. Flowers , disco de estreia da "família", saiu em julho de 2019 na Europa e chegou ao Brasil no final do ano passado pela Hellion Records. O álbum traz oito músicas com influências de ícones como Janis Joplin, Renaissance e Joni Mitchell, sempre com os vocais de Josefina Ekholm Berglund em primeiro plano. Percebe-se também elementos das aventuras agrestes do Led Zeppelin na canção que dá título ao disco, onde a guitarra bebe diretamente da veia de Jimmy Page, além de ecos de Crosby, Stills, Nash & Young aqui e ali. A questão é que, por todas essas características mais atmosféricas, psicodélicas e hippies, Flowes acaba sendo um disco que conversa com um nicho muito...

Permanent Waves, clássico do Rush, ganha edição especial de 40 anos

Permanent Waves , sétimo disco do Rush, será relançado dia 27 de março em uma edição especial comemorando os seus quarenta anos. A nova versão será disponibilizada em CD duplo, vinil triplo, nos formatos digitais e em um box super deluxe. A versão super deluxe vem com   dois CDs, três LPs de 180 gramas e um livro de capa dura com quarenta páginas com fotos inéditas e textos, além de itens de memorabilia. Além disso, a capa do álbum foi reimaginada pelo seu criador, o designer High Syme. Os CDs trazem a remasterização de 2015, realizada em Abbey Road, e que ainda não havia sido disponibilizada no formato. O segundo disco vem com versões inéditas ao vivo de três shows da turnê de Permanent Waves  realizados em 1980 em Manchester, Londres e St. Louis. O tracklist do material contém as seguintes faixas: CD 1 1. The Spirit Of Radio 2. Freewill 3. Jacob's Ladder 4. Entre Nous 5. Different Strings 6. Natural Science CD 2 ...

Review: Screamer – Highway of Heroes (2019)

Os suecos do Screamer chegam ao seu quarto disco com Highway of Heroes e seguem aprimorando o seu metal tradicional no novo trabalho. O sucessor de Hell Machine (2017) aprimora ainda mais o som do quinteto, que se beneficia da melhor produção da carreira para soar na medida para os ouvidos ansiosos por sonoridades que bebem da farta tradição do metal dos anos 1980. Mais Judas Priest do que Iron Maiden, mas sem abrir mão de elementos da NWOBHM, o Screamer tem no vocalista Andreas Wikström um inegável diferencial, com a sua voz que varia entre tons mais graves e momentos de agudos puros. A interação entre as guitarras é outro ponto forte, com Anton Figal e Dejan Rosic entregando solos, harmonias e  riffs  precisos. Com energia em doses cavalares e uma inspiração sempre presente, Highway of Heroes possui força para cativar novos fãs e colocar o nome Screamer alguns degraus acima na hierarquia do metal. Músicas como “Ride On”, “Shadow Hunter”, “Halo” e a faixa tí...

História: a ressurreição do Metallica em Death Magnetic

Nono álbum do Metallica, lançado em 12 de setembro de 2008. Gravado entre 14 de março de 2007 e 22 de maio de 2008 em Los Angeles, San Rafael e Malibu. Produção de Rick Rubin. Primeiro disco do Metallica desde o ... And Justice for All (1988) a não ser produzido por Bob Rock. T odos entre Black Album (1991) e St. Anger (2003) foram produzidos por Rock. Primeiro álbum do Metallica com o baixista Robert Trujillo, que entrou na banda em fevereiro de 2003 antes do lançamento de St. Anger -  que aconteceria apenas em junho daquele ano - mas após a gravação do disco. Musicalmente marca um retorno do Metallica ao thrash metal, gênero que a banda não explorava há então duas décadas, desde o seu quarto disco, ... And Justice for All .  Músicas mais complexas, mudanças de andamento constantes, riffs e solos alinhados com o estilo dão a tônica do trabalho. É o primeiro álbum do grupo a trazer uma faixa instrumental desde ... And Justice for All . “Suicide ...

Quadrinhos: Love Kills, de Danilo Beyruth (2019, Darkside Books)

Danilo Beyruth segue sendo um dos melhores e mais produtivos quadrinistas do Brasil e mostra isso em Love Kills , seu novo trabalho, publicado no final de 2019 pela Darkside Books. Aqui o autor de Bando de Dois , Samurai Shirô e da série do Astronauta na Graphic MSP dá a sua interpretação para uma das grandes inspirações para escritores, músicos e artistas ao longo dos séculos: o mito do vampiro. A história, ambientada em São Paulo, tem como personagem principal a misteriosa Helena, uma vampira que tenta conciliar a sua vida secreta de maneira extremamente discreta, mas tudo muda quando um novo grupo surge na sua área. Utilizando referências urbanas como a lamentável “cracolândia”, Beyruth traz a figura milenar dos sugadores de sangue para próximo do leitor, tornando ainda mais fácil aceitar que a história poderia muito bem ser crível. O ritmo da trama é alucinante, com muita ação se desenvolvendo em páginas magistralmente desenhadas, algo já característico no universo de Beyr...

Livro que conta a vida de Angus Young ganha edição nacional

O Grupo Editorial Record lançará dia 24 de fevereiro o livro High Voltage – A Vida de Angus Young , que conta a história do icônico guitarrista do AC/DC. A obra foi escrita por Jeff Apter, jornalista que fez parte da Rolling Stone australiana e é o autor de biografias de nomes como Bee Gees e Jeff Buckley, e sairá no Brasil através da Editora Best Seller. A tradução é de Daniel Croce. High Voltage – A Vida de Angus Young tem 280 páginas e já está em pré-venda na Amazon em duas versões: edição comum e uma edição limitada que vem acompanhada de um pôster no tamanho A3. Para comprar, basta clicar abaixo:

Review: Sepultura – Quadra (2020)

Três anos após Machine Messiah , o Sepultura está de volta com Quadra , seu décimo-quinto disco. O álbum foi lançado dia 7 de fevereiro e a produção é mais uma vez de Jens Bogren (Opeth, Arch Enemy, Angra), repetindo a parceria do disco de 2017. O trabalho é conceitual e baseado em numerologia, e sua inspiração veio do livro Quadrivium , obra publicada em 2010 que fala sobre as quatro artes liberais: cosmologia, geometria, matemática e música. Quadra , o título, representa um espaço delimitado com um conjunto de regras onde as coisas acontecem, e o conceito explorado pela banda questiona o conhecimento das pessoas e por quais razões elas acreditam nisso ou naquilo. O álbum vem com doze músicas, e elas são “separadas” em quatro grupos de três, como se fossem quatro lados de um disco de vinil duplo. Essa separação é percebida facilmente através das mudanças de características das composições. As três primeiras são mais thrash, as próximas três trazem elementos percussivos e o ...