Baltimore Omnibus Vol. 1 marca uma das incursões mais sombrias e atmosféricas já criadas por Mike Mignola fora do universo de Hellboy. Ao lado do escritor Christopher Golden e do artista Ben Stenbeck, Mignola constrói uma narrativa contundente, definida por um senso de tragédia permanente e pela luta interminável entre humanidade e monstruosidade. A história acompanha Lorde Henry Baltimore, um soldado marcado pela Primeira Guerra Mundial e devastado pela perda da família, assassinada pelo vampiro Haigus. Movido por dor e vingança, Baltimore atravessa uma Europa alternativa, onde a guerra cedeu lugar a uma praga que se espalha pelo continente e abre caminho para a ascensão de criaturas das trevas. Esse cenário — metade histórico, metade pesadelo — é um dos grandes triunfos da obra: vilarejos arruinados, portos infectados, zepelins, desertos de cadáveres e uma sensação constante de que algo está sempre espreitando. A parceria entre Mignola e Golden cria uma narrativa mais literária ...
Hardwired… To Self-Destruct (2016) chegou com a responsabilidade de recolocar o Metallica nos trilhos depois do turbulento St. Anger (2003) e do ambicioso Death Magnetic (2008) . Era o primeiro álbum da banda em oito anos e o primeiro em muito tempo que não parecia movido por crise interna, culpa criativa ou necessidade de provar algo a alguém. De certa forma, é o trabalho mais confortável do Metallica desde os anos 1990 — e, paradoxalmente, justamente por isso ele soa tão seguro de si. A banda atravessava uma fase estável: turnês gigantes, reputação consolidada e uma dinâmica interna mais saudável. Sem a pressão de retornar ao thrash (como em Death Magnetic ) ou desconstruir a própria imagem (como em Load ), o Metallica pôde simplesmente soar como o Metallica. Isso explica a estética híbrida do álbum: ele visita o passado sem nostalgia barata, mas também assume a faceta pesada e moderna que o grupo lapidou ao longo dos anos. Musicalmente, Hardwired… To Self-Destruct funciona co...