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Nu metal vive! O gênero que você amava (ou odiava) está em alta novamente

Durante o final dos anos 1990 e o início dos anos 2000, o nu metal dominou rádios, festivais e programas de TV voltados à música pesada. Com seu som híbrido — que combinava guitarras distorcidas, batidas inspiradas no hip hop, vocais gritados e melodias acessíveis — o gênero foi alçado ao estrelato por nomes como Korn, Limp Bizkit, Linkin Park, Papa Roach, Slipknot e Deftones. Ao mesmo tempo em que atraiu milhões de fãs ao redor do mundo, também foi alvo de críticas por parte de quem o considerava uma deturpação do metal tradicional. Nos últimos anos, porém, esse subgênero frequentemente subestimado tem sido revisitado por uma nova geração de artistas, que o está resgatando com novos elementos, sonoridades atualizadas e uma abordagem mais introspectiva. E um marco importante nessa retomada foi o retorno do Linkin Park em 2024, com Emily Armstrong dividindo os vocais com Mike Shinoda e o lançamento do álbum From Zero . Essa movimentação levanta a questão: o nu metal está mesmo de volt...
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Alanis Morissette, Jagged Little Pill (1995) e o grito feminino que marcou uma geração

Lançado em 13 de junho de 1995, Jagged Little Pill é um dos álbuns mais emblemáticos da década de 1990 e um verdadeiro marco na carreira de Alanis Morissette. Combinando confissões líricas intensas com uma sonoridade crua que flerta com o rock alternativo, o pop e até o grunge, o disco catapultou a canadense do anonimato à fama global. Mais do que isso, tornou-se um fenômeno cultural que ainda reverbera trinta anos depois. Antes de Jagged Little Pill , Alanis havia lançado dois álbuns de dance-pop no Canadá – Alanis (1991) e Now is the Time (1992) -, com sucesso moderado, mas distante do que viria a seguir. Após se mudar para Los Angeles e conhecer o produtor e compositor Glen Ballard (que já havia trabalhado com Michael Jackson), a cantora encontrou a liberdade artística para explorar suas frustrações, dores e transformações pessoais. As músicas foram escritas de forma espontânea, com muitas sendo gravadas no mesmo dia em que foram compostas. O disco foi lançado pela Maverick R...

Almanaque Mister No 2: do sertão ao Pacífico, aventuras sem fronteiras (2024, Editora 85)

O segundo Almanaque de Mister No, publicado pela Editora 85, reúne cinco histórias originalmente lançadas no Almanacco dell’Avventura italiano entre 1994 e 1999. As tramas colocam Mister No — um dos personagens mais emblemáticos da Bonelli — em situações bastante variadas, com roteiristas e desenhistas diferentes em cada uma delas. A primeira história, Capitão Vingança , mergulha no coração do personagem ao mostrar Mister No enfrentando cangaceiros no Brasil dos anos 1950. Ação intensa, tiroteios e reviravoltas compõem uma narrativa afiada, escrita por Mauro Boselli. Em O Rei dos Papuas , o cenário muda radicalmente: estamos nos anos 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, com o protagonista lidando com canibais em um canto remoto do mundo. Um dos grandes destaques do volume é História de Um Herói , escrita por Luigi Minacco. Aqui, o verdadeiro protagonista é um velho avião de guerra italiano, cuja trajetória se cruza com a de Mister No em momentos marcantes. Uma história surpreend...

Paradise Lost em Draconian Times (1995): o ápice do metal gótico melódico

Em 1995, quando o grunge ainda dominava a mídia e o heavy metal buscava novos caminhos para se reinventar, o Paradise Lost lançou um álbum que não apenas definiu sua carreira, mas também ajudou a moldar o futuro do metal europeu: Draconian Times . Este é um daqueles discos que marcaram uma época e permanecem relevantes décadas depois. Uma obra densa, melódica e sombria — que ainda hoje impressiona pela coesão e identidade sonora. Formado no final dos anos 1980 em Halifax, Inglaterra, o Paradise Lost começou sua trajetória praticando um doom/death metal soturno. Seus primeiros álbuns ( Lost Paradise de 1990, Gothic de 1991 e Shades of God de 1992) ajudaram a firmar as bases do chamado metal gótico, gênero do qual são considerados precursores. Com o tempo, a banda foi incorporando elementos melódicos e góticos, deixando os guturais e a agressividade crua de lado. Essa transição ficou clara em Icon (1993) e atingiu sua maturidade criativa em Draconian Times , lançado em junho de ...

O maior hit de Cyndi Lauper não foi escrito por ela – e essa história é fascinante

Quando se fala em Cyndi Lauper, é impossível não pensar em “Girls Just Want to Have Fun”. Colorida, rebelde, divertida e carregada de atitude, a faixa virou um verdadeiro manifesto da liberdade feminina nos anos 1980, ajudando a moldar o visual, o som e a mensagem de uma nova geração de artistas pop. Mas o que muita gente não sabe é que o maior sucesso da carreira da cantora não foi escrito por ela. A origem da música remonta a 1979, quando o cantor e compositor Robert Hazard, então um artista promissor da cena da Filadélfia, escreveu e gravou uma demo de “Girls Just Want to Have Fun”. Sua versão tinha um tom completamente diferente: a canção falava sobre mulheres do ponto de vista masculino, como personagens secundárias em uma narrativa dominada por desejos e expectativas dos homens. Ou seja, a letra original era tudo o que Cyndi Lauper não era. Foi durante a produção de seu álbum de estreia, She’s So Unusual (1983), que Lauper ouviu a música pela primeira vez. Ela enxergou ali a...

Mammoth WVH (2021): a estreia de um novo capítulo no legado do Van Halen

Lançado em 11 de junho de 2021, o primeiro álbum do Mammoth WVH marca a estreia oficial de Wolfgang Van Halen como artista solo e consolida sua identidade musical fora da sombra do lendário pai, Eddie Van Halen. Um disco carregado de emoção, competência técnica e personalidade, ele representa tanto um recomeço quanto uma homenagem silenciosa ao passado. Wolfgang Van Halen, filho único de Eddie Van Halen, já era conhecido pelos fãs do rock por ter assumido o baixo do Van Halen em 2006, ainda muito jovem – ele gravou o álbum A Different Kind of Truth (2012) com a banda. Mas foi após a morte de Eddie, em outubro de 2020, que a figura de Wolfgang ganhou ainda mais atenção e respeito. O nome Mammoth não é coincidência — ele resgata o nome original do Van Halen antes da chegada de David Lee Roth, e WVH reforça a assinatura pessoal do artista. O álbum foi concebido como um desabafo artístico e uma declaração de independência. Wolfgang compôs todas as músicas, tocou todos os instrumentos e...

Satyricon em Now, Diabolical (2006): uma nova face do inferno norueguês

Quando se fala em black metal norueguês, é impossível não mencionar o nome Satyricon. A banda, formada no início da década de 1990 por Satyr (Sigurd Wongraven) e Frost (Kjetil-Vidar Haraldstad), sempre se destacou por estar um passo à frente da ortodoxia do estilo. Seus primeiros álbuns – como Dark Medieval Times (1993) e Nemesis Divina (1996) – são clássicos incontestáveis do gênero, misturando a crueza do black metal com atmosferas melancólicas e, por vezes, épicas. Mas foi em Now, Diabolical , lançado em 2006, que o Satyricon deu sua guinada mais ousada. Após o cultuado Volcano (2002), que rendeu prêmios e consolidou o Satyricon como uma das bandas mais respeitadas do metal extremo europeu, Satyr e Frost decidiram seguir um caminho ainda mais minimalista e cadenciado. Now, Diabolical surpreendeu fãs e críticos ao abandonar a velocidade e a ferocidade tradicional do black metal, optando por uma abordagem mais grooveada, seca e fria . A produção limpa, os riffs repetitivos e os ...

Black Sabbath em 13 (2013): o último feitiço de uma lenda do heavy metal

Lançado em 10 de junho de 2013, 13 marcou o retorno do Black Sabbath com Ozzy Osbourne nos vocais após mais de três décadas afastado do grupo — seu último álbum de estúdio com a banda havia sido Never Say Die! (1978). A volta do vocalista original, ao lado de Tony Iommi e Geezer Butler, formou um trio lendário que, mesmo com a ausência do baterista Bill Ward (substituído aqui por Brad Wilk, do Rage Against the Machine), prometia revisitar o som sombrio e pesado que definiu o metal nos anos 1970. A reunião da formação clássica era aguardada há anos e só foi possível após uma série de impasses. Bill Ward decidiu não participar devido a desacordos contratuais, e Tony Iommi travava uma batalha contra um linfoma durante as gravações. A produção ficou a cargo de Rick Rubin, conhecido por seu trabalho com o Slayer, Metallica e Johnny Cash — um produtor que exigiu que os músicos retornassem ao espírito dos três primeiros álbuns da banda. Rubin chegou a pedir que eles ouvissem o disco de es...

A origem dos Smurfs e a edição definitiva publicada pela Comix Zone (2025, Comix Zone)

Criados em 1958 pelo quadrinista belga Pierre Culliford — conhecido como Peyo —, os Smurfs são um dos raros casos de personagens de HQs europeias que conquistaram o mundo e se transformaram em ícones da cultura pop global. Com seu visual inconfundível e um universo próprio, os pequenos seres azuis atravessaram décadas e mídias, do papel às telas, mantendo sua relevância com uma força impressionante. A estreia dos Smurfs aconteceu como coadjuvantes na história A Flauta de Seis Furos , da série Johan et Pirlouit , publicada na revista franco-belga Spirou . O sucesso foi imediato: os leitores ficaram fascinados com aquelas criaturinhas azuis, de fala estranha e comportamento coletivo. No ano seguinte, em 1959, eles ganharam sua própria série, e o nome original — Les Schtroumpfs — nasceu de uma brincadeira de Peyo ao esquecer a palavra “saleiro” durante um jantar com o também autor André Franquin: “passe-me o... schtroumpf ”. Ao longo dos anos 1960 e 1970, os Smurfs consolidaram sua...

DLR Band (1998): a joia subestimada do catálogo de David Lee Roth

Em 1998, David Lee Roth era um artista em busca de reencontrar seu lugar no mundo do rock. Após o enorme sucesso nos anos 1980 como vocalista do Van Halen e de uma promissora carreira solo que começou com força em Eat ‘Em and Smile (1986) e Skyscraper (1988), os anos 1990 não foram generosos com o cantor. O grunge dominava as paradas, o hard rock soava datado para muitos, e Roth parecia perdido em meio às mudanças da indústria. A Little Ain’t Enough (1991) era um disco promissor, mas que acabou prejudicado pelo diagnóstico de ELA do guitarrista Jason Becker, enquanto Your Filthy Little Mouth (1994), produzido por Nile Rodgers, tentou seguir caminhos que nem a crítica e nem o público aprovaram. É nesse cenário que surge DLR Band , lançado em 9 de junho de 1998. Longe do mainstream, sem o suporte de uma grande gravadora e distribuído por seu próprio selo, o disco representou uma tentativa de retorno às raízes — algo mais cru, direto e fiel ao espírito do rock que consagrou Roth nos...