Under a Blood Red Sky é o momento em que o U2 deixa de ser apenas uma promessa da virada dos anos 1970 para a década de 1980 e começa a assumir, diante das câmeras e do público, a própria vocação para o épico. Lançado em 1983, o disco captura a banda ainda jovem, politicamente carregada e emocionalmente elétrica, eternizando uma energia que, segundo a crítica da época, era o que realmente colocava o U2 no mapa. Há algo cru e urgente aqui — uma sensação de que cada música é tocada como se fosse a última, com o quarteto inteiro correndo atrás de uma grandeza que ainda não alcançou, mas já visualiza no horizonte. A força do álbum está justamente nessa fricção entre ambição e instinto. O repertório, costurado a partir de gravações em diferentes shows da turnê War (1983) , funciona como um retrato concentrado do U2 pré-estrelato global. A banda toca com intensidade quase marcial: Larry Mullen Jr. soa como um relógio militar, The Edge constrói paisagens inteiras com poucos acordes e muit...
A Night at the Opera (1975) é o momento em que o Queen decide não apenas subir o volume, mas reinventar o próprio conceito de grandeza dentro do rock. É o disco em que a banda abandona qualquer tentativa de moderação e abraça de vez o maximalismo — musical, estético e emocional. O resultado é um dos álbuns mais importantes dos anos 1970 e um dos pilares da história do gênero. Lançado após o turbulento Sheer Heart Attack (1974) e sob enorme pressão financeira — o quarteto estava virtualmente quebrado e atolado em disputas contratuais — A Night at the Opera nasce de um cenário de crise total. E, como tantas vezes acontece na história do rock, é justamente dessa crise que surge a faísca para algo extraordinário. O Queen canaliza frustração, ambição e talento bruto em um turbilhão criativo que não encontra paralelo. O título, inspirado no filme dos Irmãos Marx, já entrega a postura: humor, teatralidade, caos organizado. E é nesse espírito que Freddie Mercury, Brian May, John Deacon...