Depois do sucesso gigantesco de Ten (1991) e Vs. (1993) , o Pearl Jam entrou no estúdio fragmentado, cansado da fama e lutando em várias frentes: desgaste interno, conflito com a imprensa, a guerra contra a Ticketmaster e uma sensação geral de que tudo havia crescido rápido demais. Esse turbilhão não só molda o tom do disco como define sua personalidade: Vitalogy (1994) soa urgente, tenso, autoconsciente. É um álbum que mais parece um documento emocional do que um produto calculado. O resultado é um trabalho deliberadamente esquisito. A banda abre espaço para guitarras secas, arranjos magros e uma estética quase lo-fi em vários momentos — um contraste gigantesco em relação ao grunge massivo do início da década. “Corduroy”, por exemplo, resume perfeitamente o espírito da época: é um ataque direto à idolatria da indústria e ao incômodo de Eddie Vedder com a própria imagem pública. “Not for You” segue a mesma linha, cuspindo frustração em um formato que combina fúria punk e melodia tí...
Presto marca um daqueles instantes em que o Rush decidiu mudar sem fazer alarde. Depois de uma década dominada por sintetizadores, timbres digitais e aquela estética high-tech que definiu o trio na metade dos anos 1980, o álbum chegou como uma curva suave na estrada: nada abrupto, nada chocante, mas suficientemente claro para mostrar que Geddy Lee, Alex Lifeson e Neil Peart queriam abrir novas janelas dentro de si mesmos. A presença de Rupert Hine na produção não é mero detalhe — ele atua como um reorganizador silencioso. Em vez de empurrar o Rush para mais experimentos eletrônicos, Hine ajuda a limpar o terreno, deixando as guitarras respirarem e devolvendo ao trio um senso de organicidade que havia se perdido entre samplers, sequencers e camadas de teclados. O resultado é um som mais enxuto, luminoso e, de certa forma, mais humano. Essa mudança fica evidente logo na abertura com “Show Don’t Tell”, um chute firme que apresenta o novo Rush: riffs mais presentes, linhas de baixo si...