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Mostrando postagens de julho, 2024

Quadrinhos: Pedacinhos, de Shintaro Kago (2024, Darkside)

Este é um mangá complexo e que é muito mais do que aparenta. A princípio, ao lermos Pedacinhos , de Shintaro Kago, somos apresentados à história de um tenebroso serial killer que mata suas vítimas separando os corpos em duas partes, como o famoso assassinato da Dália Negra. Porém, a história é muito mais que isso. Pra começo de conversa, trata-se de uma obra de Kago, maior referência do ero guro, gênero que une o erótico e o grotesco. Então, há diversas cenas mais picantes e bastante perturbadoras. Mas o que torna Pedacinhos algo muito fora da curva é a abordagem metalinguística adotada por Shintaro. O autor discute técnicas e truques narrativos durante todo o quadrinho, explicando-os para a sua editora durante a história, e une tudo isso - a trama do serial killer doentio com as discussões sobre técnicas narrativas - em um resultado final que é de cair o queixo e beira a genialidade. O traço de Kago é limpo e ao mesmo tempo clássico, com ilustrações muito criativas e frequentemente c...

Quadrinhos: Eterna Magia, de Hope Larson e Rebecca Mock (2024, Darkside)

Eterna Magia ganhou o Prêmio Eisner de melhor publicação infantil. Porém, após ler a HQ, preciso fazer um adendo: ela é indicada para todas as idades. Escrito por Hope Larson ( Batgirl, Uma Dobra no Tempo ) e ilustrado por Rebecca Mock, o quadrinho acabou de ser publicado no Brasil pela Darkside em uma edição em capa dura com 240 páginas em cores, com tradução de Flora Pinheiro. Acompanhamos a história da garota Vonceil, de apenas 11 anos, que, junto com a família, recebe o irmão que acabou de voltar da Primeira Guerra. Recém-casado, o rapaz é surpreendido pela chegada inesperada de uma linda mulher que conheceu na Europa e o quer de volta. Ao receber a recusa do jovem marido, ela, que na verdade é uma bruxa, lança uma maldição que afeta a todos. A história se passa em 1919, no interior dos Estados Unidos, e traz elementos de western e fantasia. Eterna Magia conta a grande jornada vivida por Vonceil para salvar aqueles que ama. O roteiro de Larson é repleto de sensibilidade e ação, en...

Quadrinhos: Odisseias Iniciáticas, de Milo Manara (2024, Comix Zone)

O italiano Milo Manara é, provavelmente, a maior referência quando falamos de quadrinhos eróticos. Porém, ilustrador talentosíssimo que sempre foi, nunca se prendeu apenas a esse tipo de história. Odisseias Iniciáticas , HQ publicada pela Comix Zone, mostra isso. O álbum reúne duas histórias, O Homem das Neves e O Homem de Papel , ambas produzidas no início da carreira de Manara e antes de ele se estabelecer como referência em quadrinhos sensuais. O Homem das Neves , com roteiro de Alfredo Castelli, criador de Martin Mystère, reimagina a lenda do abominável homem das neves explorando aspectos místicos que trazem uma abordagem interessante para a trama. Publicada originalmente em 1978 pela editora Bonelli dentro da série Um Homem, Uma Aventura , apresenta um Manara ainda desenvolvendo o traço que o tornaria famoso nos anos seguintes, e a diferença entre essa história e obras como Clic , artisticamente falando, é bastante perceptível. Já em O Homem de Papel , publicada em 1982, temos u...

Review: Robert Plant – Fate of Nations (1993)

Pelo menos aos meus ouvidos, os primeiros anos da carreira solo de Robert Plant não alcançaram as altas expectativas que se esperava do vocalista do Led Zeppelin. Na verdade, olhando em retrospectiva, nem Plant, nem Jimmy Page e nem John Paul Jones conseguiram, pelo menos na primeira década após o encerramento das atividades da lendária banda inglesa, gravar álbuns que atendessem o que se imaginava que eles pudessem produzir.   No caso de Plant, o jogo começou a virar com a entrada da década de 1990. Ainda que seus  quatro primeiros discos solo – Pictures at Eleven (1982), The Principle of Moments (1983), Shaken 'n' Stirred (1985) e Now and Zen (1988) – tenham entregado boas canções e alcançado altas posições nas paradas, foi só com Manic Nirvana (1990) que o vocalista efetivamente conseguiu chamar a minha atenção para a sua carreira pós-Zeppelin. Mas o ponto de virada definitivo foi Fate of Nations , sexto álbum de Plant, lançado em maio de 1993 e puxado pelo se...

Review: Thor – The Living Side of Death (2024)

O metal brasileiro vivia os seus primórdios na década de 1980, e isso é facilmente perceptível quando ouvimos hoje alguns álbuns que marcaram aquele período. E não estou falando de discos de bandas que se transformaram em lendas e referências como Sepultura, Sarcófago, Overdose e outras. Me refiro a toda uma cena que foi muito importante na época, em diferentes partes do Brasil, e já há alguns anos é resgatada por selos especializados. O Thor é uma dessas bandas. Natural do Espírito Santo, o quarteto era formado por Fabio “Midgard” (vocal), Wilson “Carrasco” (guitarra), Paulo “Guardião” (baixo) e Jeder “Animal” (bateria). O trampo do grupo for relançado pela Neves Records em The Living Side of Death , álbum que une o primeiro compacto da banda com faixas vindas da primeira fita demo dos caras. O material da Neves Records saiu em um LP de 10 polegadas e também em CD. A edição que tenho em mãos é a em CD, que vem com um slipcase que traz uma sobrecapa e também um pôster com um texto ...

Review: Dio – Strange Highways (1993)

Entre todos os dez álbuns lançados pelo Dio, Strange Highways provavelmente é o que possui a sonoridade mais peculiar. Fruto de uma época em que os grandes nomes do heavy metal lutavam para continuar relevantes, o disco apresenta influências até então inéditas no trabalho de Ronnie James Dio, o que causou - e ainda causa - calafrios nos ouvidos dos fãs mais ortodoxos. Na prática, Strange Highways foi o primeiro álbum de Dio depois do seu retorno ao Black Sabbath e que, após o bem sucedido Dehumanizer (1992), foi abreviado de maneira repentina pelo próprio vocalista, insatisfeito com a aproximação de Tony Iommi e Geezer Butler com Ozzy Osbourne, que realizava a sua primeira turnê de despedida e convidou o guitarrista e o baixista para tocarem no encerramento de seus shows. Hoje, percebe-se que o tempo fez bem para Strange Highways . O disco soa pesado, com canções que conseguem equilibrar a sonoridade clássica que se espera dos álbuns do Dio ao mesmo tempo em que insere elementos m...

Review: Trivium – In the Court of the Dragon (2021)

In the Court of the Dragon foi lançado em outubro de 2021 e é o décimo e mais recente álbum da banda americana Trivium. O disco era inédito no Brasil e apenas agora ganhou uma edição nacional, mérito da curadoria exemplar realizada pela Wikimetal e que tem gerado excelentes lançamentos. A edição vem em um slipcase com laminação de brilho, o que não apenas protege a caixa de acrílico do CD como também dá um acabamento mais luxuoso para o material. Musicalmente, o disco dá sequência à evolução da sonoridade da banda, que iniciou como uma espécie de filho bastardo do Iron Maiden com o Metallica em discos como Ascendancy (2005) e The Crusade (2006) e, a partir da dobradinha Shogun (2008) e In Waves (2011), encontrou definitivamente a sua identidade ao inserir elementos mais contemporâneos à mistura.  Produzido novamente por Josh Wilbur, que assinou os três últimos discos do grupo – além deste, The Sin and The Sentence (2017) e What the Dead Men Say (2020) -, o álbum entrega ...

Review: O Maldito – O Maldito (2024)

Surpresas são sempre boas, principalmente quando elas são inesperadas. É o caso do primeiro álbum do quarteto O Maldito, de Curitiba. Não conhecia a banda, e fui surpreendido com um trabalho que me surpreendeu muito. Formada em 2017 e contando com Rubão Zampieri (vocal e baixo), Jefferson Moraes (guitarra), Toni Antonio (guitarra) e Vilmar “Koreia” dos Santos (bateria), a banda entrega um som pesadíssimo e repleto de groove em seu álbum de estreia. Temos dez canções, todas com letras em português, com direito à participação mais do que especial do tecladista Derek Sherinian, do Black Country Communion, Sons of Apollo e ex-Dream Theater, em “Inês é Morta”. O que chama a atenção de imediato é a produção excelente, assinada por Marcelo Gelbke. Os timbres são densos, tudo é muito bem gravado, e isso destaca as inúmeras qualidades do grupo, que sabe compor canções fortes e cativantes, que cairão facilmente no gosto de quem não consegue imaginar os seus dias sem doses maciças de rock pes...

Review: Ramones – Animal Boy (1986)

O nono álbum do Ramones, Animal Boy (1986), traz uma das coleções de canções mais fortes entregues pela banda durante a década de 1980, período da carreira do grupo marcado por experimentações e que, historicamente, é um tanto menosprezado pelos fãs. Resumindo: o cara se fiz fã do quarteto nova-iorquino mas ouviu apenas algumas coletâneas e os quatro primeiros discos, e daí pulou direto para Brain Drain (1989), a enfim tão esperada consagração comercial do grupo com o hit global “Pet Sematary”. Divagações à parte, o fato é que há grandes trabalhos na fase oitentista do Ramones, e Animal Boy se destaca entre eles. Internamente o clima estava pra lá de tenso, e isso se refletiu em contribuições criativas menores tanto de Joey quanto de Johnny Ramone, com a abscência do vocalista e do guitarrista abrindo caminho para que o baixista Dee Dee dominasse as composições. A pegada mais agressiva de Dee Dee gerou pedradas como a música que batiza o disco, “Love Kills” e “Eat the Rat” (dobrad...

Review: Ramones – Too Tough to Die (1984)

Lançado em outubro de 1984, Too Tough to Die , oitavo álbum do Ramones, foi a estreia do baterista Richie Ramone no quarteto. O músico entrou pouco antes do lançamento do trabalho anterior, Subterranean Jungle (1983), assumindo o lugar de Marky Ramone, e integraria a banda até 1987, gravando mais dois discos com o quarteto, Animal Boy (1986) e Halfway to Sanity (1987). Como a maioria dos álbuns lançados pelo quarteto na década de 1980, é um disco que traz experimentações e a busca incessante por um reconhecimento maior. Em Too Tough to Die isso se traduz em uma sonoridade com momentos mais agressivos como o que ouvimos em “Mama’s Boy” e “Wart Hog”, com outros mais experimentais e onde a banda se aproxima de sonoridades mais acessíveis como em “I’m Not Afraid of Life” e “Howling at the Moon (Sha-La-La)”. Uma curiosidade é que a produção foi assinada pelo ex-baterista Tommy, aqui creditado como T. Erdelyi. No total temos treze faixas, com direito à única composição instrumental d...

Review: Twenty One Pilots – Clancy (2024)

Após três anos, o Twenty One Pilots retorna com Clancy , seu sétimo disco. O sucessor de Scaled and Icy (2021) ganhou caprichada edição brasileira em um digipack de três faces acondicionado em uma luva protetora com detalhes em alto relevo, o que dá um acabamento bem legal para o álbum, além de trazer um longo encarte de vinte páginas. Musicalmente, o duo formado pelo cantor Tyler Joseph e pelo baterista Josh Dun executa um pop rock que trilha caminhos bastante variados, o que faz com que o disco seja bastante interessante de se ouvir. As treze faixas trazem elementos de hip hop, eletro rock, pop punk e até mesmo aproximações com a dance music, com um resultado final que agradará quem possui a cabeça mais aberta e não é muito fiel a estilos específicos. Entre as canções, destaco a abertura impactante com “Overcompensate” (com vocais rapeados bem legais), “Backslide”, a ensolarada “Midwest Indigo” (com ecos de Blink-182), “Vignette” e “Snap Back”. No entanto, devo confessar que gos...

Review: Linkin Park - Papercuts (Singles Collection 2000-2023) (2024)

O Linkin Park é, provavelmente, a mais popular das bandas classificadas como nu metal. Ainda que o KoRn deva ser justamente reconhecido pelo pioneirismo e o Slipknot tenha se transformado tanto em um fenômeno cultural quanto em um dos maiores nomes do metal do século XXI, o Linkin Park conseguiu atingir um público muito além dos limites do som pesado, e fez isso por méritos próprios. A fusão entre guitarras pesadas, elementos eletrônicos, vocais inspirados no rap e o contraste entre as vozes de Chester Bennington e Mike Shinoda foram alguns dos elementos que conduziram a banda ao topo. Com uma discografia relativamente curta – apenas sete álbuns, com a clássica estreia, Hybrid Theory , tendo sido lançada em 2000 -, o Linkin Park emplacou hits planetários e indiscutivelmente marcou uma geração. A força da banda está compilada em Papercuts (Singles Collection 2000-2023) , nova coletânea do grupo lançada mundialmente em abril deste ano. O álbum traz vinte faixas, entre elas a inédita “F...

Quadrinhos: Blue in Green, de Ram V, Anand RK e John L. Pearson (2023, QS Comics)

Blue in Green pega seu título de uma das faixas de Kind of Blue (1959), o mais icônico álbum de Miles Davis e um dos maiores clássicos da história do jazz. Outra referência ao estilo está na capa da HQ, inspirada no visual dos discos lançados pela icônica gravadora Blue Note. Os quadrinhos encontram a música nesta HQ escrita por Ram V, ilustrada por Anand RK e colorizada por John Pearson. A história apresenta um músico frustrado de jazz que acabou de perder a mãe, com quem sempre teve uma relação conturbada. Buscando saber mais sobre o passado, mergulha em uma investigação sobre a juventude de sua progenitora e nos leva em uma jornada pelos clubes de jazz da Nova York da década de 1970. Há certas semelhanças entre a jornada do protagonista e lendas que envolvem grandes nomes da música, como o suposto pacto feito pelo bluesman Robert Johnson com o diabo em pessoa. Há também questionamentos sobre a própria natureza do talento único que cada um de nós carrega dentro de si, das orige...

Review: Charlie XCX – Brat (2024)

Para se destacar no mercado musical é preciso criar uma identidade. E essa é uma verdade ainda mais forte na música pop, tradicionalmente habitada por fenômenos efêmeros e caracterizada pela ferocidade com que abraça novidades e o apetite com que as empurra pra baixo do tapete assim que um novo fenômeno toma o lugar do anterior. Nessa selva, conseguir construir uma carreira é um feito para poucos. Charlie XCX é uma artista inglesa que está na estrada desde 2008. Brat , seu novo disco, é o sexto trabalho da britânica. Lançado no início de junho, traz um pop dançante com características vindas diretas dos clubes noturnos, o que se traduz em canções que, em sua maioria, foram concebidas para balançar o corpo. De modo geral, dá pra colocar Brat dentro do hyperpop, gênero relativamente recente e utilizado para definir artistas que integram o pop a elementos inovadores de avant-garde, dance music e eletrônica. Ainda que passe longe da criatividade desconcertante de Björk ou até mesmo das i...

Quadrinhos: Um Inimigo do Povo, de Javi Rey (2023, QS Comics)

Um Inimigo do Povo nasceu como peça de teatro escrita pelo dramaturgo norueguês Henrik Ibsen em 1882, e trata-se de uma crítica a como a política e o poder econômico são capazes de convencer – e vencer – praticamente qualquer opinião contrária. Não à toa, uma das mais famosas frases da humanidade é “todo homem tem seu preço” . Ibsen prova isso. Encenada inúmeras vezes ao longo das décadas e transformada em livro, Um Inimigo do Povo foi adaptada para os quadrinhos pelo belga Javi Rey em 2022, e um ano depois essa adaptação foi publicada no Brasil pela QS Comics em um belo álbum de 148 páginas em capa dura e tradução de Alessandra Bonrruquer. Não conhecia a obra original de Ibsen, portanto meu contato com a história se deu pelas mãos de Rey. Em primeiro lugar, é preciso elogiar as belas ilustrações e a colorização da HQ. O estilo de arte de Javi é bem singular, com uma identidade bastante própria e que faz com que o quadrinho possua uma atmosfera só dele. Isso, somado às cores inspi...

Quadrinhos: Apesar de Tudo, de Jordi Lafebre (2023, QS Comics)

Com arte belíssima e roteiro inspirador, Apesar de Tudo é uma HQ do francês Jordi Lafebre que conta algo improvável, porém idealizado por corações apaixonados através dos tempos: uma história de amor a distância que permaneceu viva durante décadas. Nas páginas, lindamente ilustradas e com uma colorização de cair o queixo, conhecemos Ana e Zeno, que se apaixonam por obra do destino e vivem anos e anos alimentando e mantendo vivo um amor que não tem espaço em suas vidas. Ela é uma prefeita com o desejo de transformar a sua cidade natal, e ele é um físico que quer conhecer o mundo enquanto escreve sua tese. Mas ambos, apesar de distantes fisicamente, mantém seus corações próximos um ao outro, sem jamais esquecer o que sentem mesmo estando a milhares de quilômetros de distância. Apesar de Tudo fez com que me viessem à tona sentimentos similares aos que experimentei quando li Verões Felizes (série em que Lafebre trabalha junto com o roteirista Zidrou) e assisti O Fabuloso Destino de Amél...

Review: The Black Keys – Ohio Players (2024)

O The Black Keys engrenou uma sequência de álbuns a partir de 2019 com o lançamento de Let’s Rock , todos discos que mostraram a banda olhando para o seu passado em maior – Delta Kream (2021) – ou menor grau – Dropout Boogie (2022). Ohio Players é o mais recente trabalho dessa quadrilogia e traz o duo formado por Dan Auerbach (vocal, guitarra, baixo, sintetizador e teclados) e Patrick Carney (bateria, guitarra, mellotron e sintetizador) entregando mais um álbum que equilibra despretensão e diversão. O resultado é um disco de rock muito bom de se ouvir, com um convite irrecusável pra bater o pezinho enquanto as músicas se sucedem e com alguns momentos de inegável brilhantismo. São quatorze faixas em pouco mais de 44 minutos, onde a banda bebe sutilmente no blues rock mais cru dos primeiros trabalhos e também na bem azeitada união com o groove e a aproximação com o pop de álbuns hoje clássicos como Brothers (2010) e El Camino (2011). Algumas são verdadeiras delícias grudentas com...

Review: Dua Lipa – Radical Optimism (2024)

Ainda que não apresente o frescor do álbum de estreia (2017) e nem a avalanche pop de Future Nostalgia (2020), Radical Optimism , terceiro disco de Dua Lipa, entrega algo que os dois trabalhos anteriores já mostravam em doses crescentes: maturidade e uma enorme dose de classe. Lançado no início de maio, Radical Optimism traz onze músicas inéditas e forma uma coleção de canções pra lá de consistente. Os vocais são excelentes, enquanto a parte musical bebe muito em influências como a disco music setentista e o dance pop da década de 1980, mas sem mergulhar em um saudosismo gratuito ou exagerado. Na verdade, a inglesa, do alto dos seus 28 anos, mostra talento – e se cerca de nomes também talentosos – para atualizar suas inspirações, e o resultado é um trabalho contemporâneo e extremamente orgânico, característica essa cada vez mais rara no pop atual. Entre os nomes envolvidos está Andrew Wyatt, guitarrista e produtor que ficou conhecido no California Breed ao lado de Glenn Hughes e qu...