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Mostrando postagens de maio, 2014

Titãs: crítica de Nheengatu (2014)

Preciso confessar que me enche de orgulho escrever esta frase: os Titãs, enfim, estão de volta. De nome complicado e enrolado de pronunciar, Nheengatu é um dos discos do ano no cenário fonográfico brasileiro. O melhor álbum da banda desde Titanomaquia , lançado em 1993. Herdeiro musical direto e reto de Cabeça Dinossauro . Pesado, sujo e malvado, conforme prometeu Paulo Miklos. E longe, mas muito longe das melodias pop fáceis e radiofônicas. Vejam, antes de mais nada, é preciso esclarecer: nada contra que uma banda de rock resolva esticar e testar os limites de sua sonoridade, que cruze as barreiras do pop, que se torne queridinha das paradas de sucesso. Sem problemas. Mas não deixa de ser uma pena que isso aconteça com uma banda como os Titãs, cujo potencial mostrado em Cabeça Dinossauro não poderia ser ignorado. Era uma cena triste que uma banda como a de Titanomaquia se escondesse por trás de letras baba-românticas e melodias genéricas e simplórias. Reduzidos a um quarteto com ...

Playlist Collectors Room: a história do rock

Uma playlist que é, ao mesmo tempo, uma diversão e uma aula de história. Em 411 faixas, 27 horas de música e um trabalho de pesquisa extenso, contamos a história do rock de maneira (quase) cronológica pra você. Explicamos: até a faixa 293 está tudo em ordem cronológica, começando em 1955 e indo até 1999. Da 294 até a 356, fizemos o caminho inverso: de 1999 até 1954. E da música 357 até o final, falamos dos anos 2000. Notas: não há faixas dos Beatles, Led Zeppelin e do AC/DC porque, infelizmente, o Rdio não tem material dessas bandas. E não há nada de heavy metal na mistura (apenas algumas coisas bem do início), porque, quem sabe, a gente faça algo semelhante com o metal algum dia. Para ouvir, clique aqui. Divirta-se! Por Ricardo Seelig

Triptykon: crítica de Melana Chasmata (2014)

Não há dúvidas de que Thomas Gabriel Fischer seja um gênio. Dentro do cenário subterrâneo do heavy metal nos anos 80, poucas bandas estiveram tão à frente de seu tempo quanto Hellhammer e Celtic Frost. Individualmente, são raros os que podem dividir patamar semelhante dentro dessa seara marginal. Quorthon? Chuck Schuldiner? Cronos e Mantas? Não consigo elencar muitos além desses. Porém, como todo indivíduo condenado pela própria inquietude e um insaciável ímpeto de transgredir, era natural que, de tempos em tempos, Tom sentisse a necessidade da obliteração permanente. A vontade de aniquilar seu legado, geralmente após atingir o ápice, para buscar um eterno novo ciclo. David Bowie fez muito isso e talvez seja o maior exemplo dessa obsessão. Na cabeça de Tom, o Triptykon nada mais é do que exatamente essa válvula. Um universo inteiro a ser explorado por mais um de seus alter egos. Satanic Slaughter e Tom G. Warrior, as mentes malignas por trás de Hellhammer e Celtic Frost, já ...

Eyehategod: crítica de Eyehategod (2014)

Considerados um dos nomes fundadores do sludge (título que eles mesmos renegam), o Eyehategod não apenas detém o título de ter um dos melhores nomes de banda da história, como se consolidou ao lado do Down, Crowbar, Exhorder e Goatwhore como representante do Louisiana Sound – a inclusão de blues e southern rock em meio às influências de doom metal e hardcore na década de noventa. Com uma trajetória cheia de lacunas por contas de problemas com a justiça e inúmeros projetos paralelos, Mike Williams, Jimmy Bower e Brian Patton permanecem há quase três décadas como o centro criativo do grupo (ao lado do baterista Joe LaCaze, falecido no ano passado), construindo uma identidade sonora extremamente influente e cultuada em seus quatro primeiros trabalhos, tendo o último Confederacy of Ruined Lives sido lançado apenas em 2000. 14 anos depois, porém, o deus odioso retorna de suas úmidas catacumbas com um novo álbum. Batizado em turvas águas apenas com o seu próprio nome, foi lançado em ...

Killer Be Killed: crítica de Killer Be Killed (2014)

(Super) Projeto envolvendo integrantes do Soulfly, Mastodon, The Dillinger Escape Plan e The Mars Volta (respectivamente Max Cavalera, Troy Sanders, Greg Puciato e Dave Elitch), o Killer Be Killed lançou o seu disco de estreia em 9 de maio pela Nuclear Blast. Musicalmente, trata-se da união das principais características das bandas principais de Max, Troy e Greg, ou seja, uma amálgama entre o Soulfly (e algumas pitadas do som clássico do Sepultura da década de 1990), Mastodon e The Dillinger Escape Plan. A princípio, e apenas aparentemente, indigesta, essa junção de elementos distintos faz surgir um som poderoso e cativante. Pródigo em riffs e melodias - além de agressividade e peso -, o debut do Killer Be Killed caminha entre o groove e o thrash metal, com algumas pitadas de hardcore e punk espalhadas aqui e ali. O resultado é uma música não apenas poderosa, mas também em total alinhamento com o principal mercado a que o trabalho se destina: os Estados Unidos. Os vocais são divi...

Playlist Collectors Room: jazz-funk

Nascido na virada dos anos 1960 para os 1970, o jazz-funk se popularizou com o grande sucesso do álbum Head Hunters , lançado em outubro de 1973 por Herbie Hancock, pupilo de Miles Davis e um dos maiores talentos do jazz. Indo fundo na união dos dois gêneros, Hancock pariu o disco definitivo do estilo, exemplificado à perfeição nos mais de 15 minutos da clássica “Chameleon”. Head Hunters foi influente até dizer chega, e, ao lado dos experimentos de Miles em trabalhos como On the Corner (1972) e Get Up With It (1974), serviu de inspiração e base para o desenvolvimento da união entre o groove e o balanço do funk e o requinte instrumental e técnica onipresente do jazz. Através de uma seleção de 37 faixas e 4 horas de duração, apresentamos um panorama sobre o jazz-funk nessa playlist. Além de Hancock e Davis, trazemos também sons de outros artistas que enveredaram pelo caminho, como Billy Cobham, Idris Muhammad, Donald Byrd, Marc Moulin, George Benson e por aí vai. Para ouvir e entrar ...

Insomnium: crítica de Shadows of the Dying Sun (2014)

No começo havia apenas um salão construído sobre águas negras. E foi nesse salão que uma jornada desconhecida de um dos infelizes filhos do melodic death finlandês teve início, no dia em que tudo veio abaixo e a Morte caminhou sob um lamentoso céu. Mas sobre o mundo de lágrimas, este desamparado filho atravessou os portões através da escuridão e chegou aonde a última das ondas quebra. Lá, ele é o único que aguarda para que o seu espírito descanse. O único que aguarda pela canção do pássaro negro. E então chega a sombra de um último pôr do sol. Shadows of the Dying Sun é o sexto álbum de estúdio do Insomnium, produzido por Teemu Aalto (o mesmo dos álbuns do Omnium Gatherum) e lançado pela Century Media no fim de abril, representa um verdadeiro conto épico, uma espécie de recomeço para a própria banda. Com um início exponencial, cada instrumento vai sendo apresentado em ritmo quase ritualístico, na velocidade de um próprio eclipse solar total sobre uma terra totalmente sem v...

Babylon A.D.: crítica de Lost Sessions / Fresno, CA 93 (2014)

A sabedoria dos antigos nos ensina que merda, quanto mais se mexe, mais fede. Pois bem, quando deu as caras na Bay Area por volta de 1988, tocando mais pesado e com um visual menos afetado que o de seus vizinhos da Sunset Strip, o Babylon A.D. estava longe de ser uma merda. A qualidade musical do quinteto chefiado pelos guitarristas Dan De La Rosa e Ron Freschi chamou a atenção de Clive Davis, fundador e presidente da Arista Records, selo que naquela altura do campeonato, ainda carecia de uma banda de glam metal no seu elenco estelar.  O primeiro álbum veio em 1989, trazendo a trinca "Bang Go the Bells", "Hammer Swings Down" e "The Kid Goes Wild", que virou trilha sonora do filme RoboCop 2 . A sequência veio em 1992 com Nothing Sacred , mas os tempos já eram outros e a banda em si ficou devendo com um repertório longo e pouco inspirado. Um hiato criativo sustentado pela Arista duraria cinco anos. As investidas de menor alcance começaram em 1999 co...

Playlist Collectors Room: blues

Mais de 90 músicas e aproximadamente 6 horas de feeling, dor e redenção: mergulhe no universo do blues nessa playlist que passa por toda a história do gênero, desde os primórdios com Leadbelly e Robert Johnson até os tempos atuais. Para ouvir, clique aqui . E, nos comentários, conte pra gente quais são os seus blues preferidos e quais mais curtiu em nossa seleção. Por Ricardo Seelig

H.E.A.T.: crítica de Tearing Down the Walls (2014)

Recentemente, o ex-vocalista do H.E.A.T., Kenny Leckremo, quebrou o silêncio lançando "Is This The Way You Want Me" , balada que se inclina mais para o pop que para qualquer outra coisa. Após ouvi-la e, em seguida, apertar o play em Tearing Down the Walls , o novo álbum do quinteto sueco — o segundo guitarrista, Dave Dalone, pediu as contas em julho passado —, um dos grandes mistérios do rock contemporâneo acabava de ser solucionado. Em seu quarto CD, segundo com Erik Grönwall no vocal, o H.E.A.T. pisa fora da própria sombra e se aventura por uma sonoridade menos melódica e, em determinados níveis, mais "pesada" (ênfase nas aspas — não espere ouvir um Dark Funeral). A redução na formação, de certa forma, contribuiu: sem a segunda guitarra, tanto Eric Rivers quanto Jona Tee se veem tanto com maiores atribuições quanto com mais espaço para mostrar para o que vieram. A guitarra restante, aliada ao teclado que vez ou outra ainda peca pela falta de gosto na escol...

Os melhores discos de abril segundo a Collectors Room

O mês de abril foi bastante fértil em lançamentos interessantes nos mais diversos gêneros. Não faltaram boas opções para quem gosta de música. Para ajudar você a navegar nesse mar de novos sons, nossa equipe ouviu diversos discos nos últimos 30 dias e escolheu os melhores na opinião de cada um de nossos redatores. Leia e ouça abaixo! Triptykon - Melana Chasmata Não há dúvidas de que Thomas Gabriel Fischer seja um gênio. Dentro do cenário subterrâneo do heavy metal nos anos 80, poucas bandas estiveram tão à frente de seu tempo quanto Hellhammer e Celtic Frost. No entanto, como todo indivíduo condenado pela própria inquietude e uma insaciável vontade de transgredir, era natural que, de tempos em tempos, Tom sentisse a necessidade de aniquilar seu legado, geralmente após atingir o ápice, para buscar um eterno novo ciclo. David Bowie fez muito isso e talvez seja o maior exemplo dessa obsessão. Na cabeça de Tom, o Triptykon nada mais é do que exatamente isso. Um universo inteiro a se...

Espaço do Leitor: crise no mercado musical?

Salve Collectors Room, Primeiro venho agradecer não só pelo excelente site, mas também pela oportunidade de fazer parte e enviar um tema que, a meu ver, é extremamente relevante ao mercado da música que, de uma forma ou de outra, fazemos parte como fãs, colecionadores e músicos de fim de semana. Minha questão é a seguinte: será que realmente existe uma crise no mercado da música mundial? Tanto se fala que a distribuição de música através da internet matou o mercado e acabou com algumas bandas, mas vejo um cenário um pouco diferente disso. Afinal, por que diabos teríamos tantas reuniões de bandas que se separaram há muito tempo, gravando coisas novas? E quando falo de reunião de bandas, não me refiro a Black Sabbath ou alguma coisa tão grande e monstruosa quanto isso. Além do que, vejo N projetos de músicos consagrados aparecendo por aqui e por ali, gravando e saindo em turnê. E vejo muita coisa sendo lançada com qualidade, por reunião de bandas antigas, projetos novos e bandas novas....

Os cinco melhores discos de heavy metal lançados em abril segundo o About.com

Bastante interessante a lista dos cinco melhores discos de abril segundo a editoria de heavy metal do About.com. Variada, premia desde o mestre Thomas Gabriel Fischer e seu Triptykon, no topo do pódio, até o death metal melódico do Insomnium, passando pelo curioso Admiral Sir Cloudesley Shovell, pelo black metal do Thantifaxath e pelo doom/sludge do Lord Mantis. De acordo com as escolhas do editor norte-americano Chad Bowar e sua equipe, 2014 segue generoso com o metal extremo. Vale lembrar que nos três meses anteriores o primeiro lugar também ficou com bandas de death ou black metal: Avichi, Behemoth e Morbus Chron. Para relembrar as listas passadas, basta clicar: janeiro , fevereiro e março . Não esqueça de deixar sua opinião. Qual o álbum mais bacana de abril? 1. Triptykon - Melana Chasmata Muitas das músicas são contundentes, tais como a abertura com "Tree of Suffocating Souls" e, em particular, "Breathing", que certamente é a canção...

Veredito Collectors Room: Black Label Society - Catacombs of the Black Vatican (2014)

Nossa equipe escolheu o novo álbum do Black Label Society como o lançamento mais representativo do mês de abril. E, por isso, analisamos o disco de maneira coletiva, expondo a opinião de cada um de nossos redatores. Abaixo você lê cinco reviews distintos, cada um com uma avaliação diferente. No final, somamos todas as notas, dividimos pelo número de participantes e chegamos ao nosso veredito final sobre Catacombs of the Black Vatican . Você, é claro, está intimado a contar para a gente, nos comentários, o que achou do novo trabalho de Zakk Wylde e sua turma. Catacombs of Black Vatican é um disco sintomático para o Black Label Society não por ser o primeiro de estúdio com o novo baterista, Chad Szeliga, porque afinal a rotatividade neste posto tem sido bem grande desde a saída de Craig Nunenmacher em 2010. No entanto, é sintomático por ser o primeiro sem a presença de Nick Catanese, o guitarrista que era uma espécie de alma gêmea de Zakk Wylde, seu grande complemento, sócio, ami...

Playlist Collectors Room: grandes solos de guitarra

A guitarra é o instrumento chave do rock. Ela fez heróis, criou deuses, desafiou limites, nos levou a descobrir novos mundos. Em homenagem a essa instrumento tão importante e que está no sangue e no DNA de qualquer pessoa que gosta de rock, preparamos um longo playlist com alguns dos nossos solos preferidos e aqueles que consideramos os melhores de todos os tempos. São 110 músicas em pouco mais de 10 horas de som, em grande parte distribuídas de forma cronológica, mostrando a evolução da abordagem do instrumento ao longo dos anos. Antes de você ouvir, algumas considerações: com exceção do Black Sabbath, não há bandas de heavy metal nessa seleção. Elas serão abordadas no futuro. E outro ponto essencial: como o Rdio (e o Deezer e o Spotify também, se não me engano) não disponibilizam gravações dos Beatles, Led Zeppelin e AC/DC, essas três bandas infelizmente ficaram de fora da lista. Para ouvir, clique aqui . E, nos comentários, conte pra gente quais são os seus solos de guitarra favor...

Apanhado sludge/doom/stoner/post-metal de abril

Como sugerido, estamos inaugurando agora um apanhado com as notícias mais interessantes e relevantes sobre o que aconteceu no mês anterior, nos moldes do que o nosso colega Guilherme Gonçalves faz com death, thrash e black metal . Porém, aqui vaguearemos através dos obscuros, soturnos, arrastados, esfumaçados, mórbidos, experimentais e confusos campos do doom, sludge, stoner e post-metal (e eventualmente algo a mais). De novos discos a novas músicas, de nomes clássicos como o Eyehategod e seu retorno triunfal, ao emergente e impactante The Great Old Ones, confira abaixo o que tivemos de mais assombroso no subterrâneo do metal em abril de 2014: Eyehategod Uma das maiores figures (se não a maior) do sludge/hardcore de New Orleans e uma das mais influentes bandas da história do estilo, o Eyehategod lançará o seu primeiro disco em 14 anos no próximo dia 27 de maio (pela Housecore Records). Produzido aos pedaços por Billy Anderson (o mesmo de Dopesick ), Phil Anselmo e Stephen ...