Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de junho, 2019

Review: Ian Gillan and The Javelins – Raving With Ian Gillan and The Javelins (2000)

Você está prestes a completar 74 anos e é uma das maiores vozes da história do rock. Gravou discos imortais, seus álbuns estão na casa de milhões de fãs em todo o mundo e sua voz embala alguns dos maiores clássicos de história da música. O que você faz? O que Ian Gillan fez, logicamente: reúne a banda da sua adolescência e grava um novo álbum. Gillan integrou o The Javelins no início dos anos 1960 e tocou com eles até aproximadamente 1962. Depois fez parte do Episode Six, e por fim se transformou em uma lenda no Deep Purple. Mas nunca esqueceu os amigos dos primeiros anos, tanto que reuniu a banda e gravou o primeiro álbum dos Javelins em 1994, Solo Agency and Representation . Esse disco foi relançado em 2000 na Inglaterra com outro título, Raving With Ian Gillan and The Javelins , mas mantendo as mesmas músicas. E agora este registro histórico chega ao Brasil em digipack pelas mãos da Shinigami Records, que já havia lançado por aqui o segundo (e até agora mais recente) álbu...

Review: Kiko Loureiro – Universo Inverso (2006)

Segundo álbum solo de Kiko Loureiro, Universo Inverso foi lançado em 23 de setembro de 2006 e é o sucessor de No Gravity (2005). O então guitarrista do Angra e atual integrante do Megadeth gravou ainda Fullblast (2009) e Sounds of Innocence (2012), totalizando quatro discos totalmente instrumentais. Ao lado de Kiko em Universo Inverso estão o pianista cubano Yaniel Matos (do Mani Padme Trio, e que divide a autoria das composições), o baixista Carlinhos Noronha (prodígio que toca desde os 9 anos de idade e trabalhou como nomes como Banda Black Rio, Ney Matogrosso e João Donato) e o baterista Cuca Teixeira (com passagens pelas bandas de Maria Rita, Marina Lima e Paula Lima). Essa formação com músicos de fora do metal faz de Universo Inverso o disco mais latino de Kiko, com incursões tanto pelos ritmos brasileiros quanto pelos sons cubanos. A abertura com “Feijão de Corda” já traz o frevo e uma influência do trio elétrico de Armandinho, Dodô e Osmar para a receita, tudo tempe...

Livro: O Mundo de Lore: Criaturas Estranhas, de Aaron Mahnke (2019, Darkside Books)

Vivemos em um planeta imenso e acreditamos que estamos sozinhos nele – ou, pelo menos, que conhecemos nossas companhias. Mas será que estamos realmente sozinhos e cientes todos os mistérios do mundo? A resposta para essa pergunta é um provável não. O podcaster, escritor, pesquisador e historiador norte-americano Aaron Mahnke compartilha dessa dúvida. E foi essa curiosidade pelo desconhecido que o levou a criar o podcast Lore em 2015, com o objetivo de apresentar histórias de não-ficção onde o lado mais sombrio, assustador e desconhecido do ser humano e do mundo em que vivemos é  contado  através de histórias vindas do folclore e das lendas de várias culturas. Como nasceu o mito do vampiro? Os lobisomens realmente existiram? Podemos falar com os mortos? Os fantasmas existem? Essas e inúmeras outras questões são apresentadas através de histórias passadas a centenas de anos, e outras mais recentes, ocorridas durante o século XX. O trabalho de pesquisa de Mahnke é pro...

Review: Tuatha de Danann – The Tribes of Witching Souls (2019)

Na ativa desde 1994, o Tuatha de Danann é uma das bandas brasileiras de metal mais tradicionais, e dona de uma sonoridade pra lá de original. Natural da Varginha, o grupo liderado pelo vocalista e guitarrista Bruno Maia sempre se destacou por executar um folk metal cativante, repleto de ótimas melodias e grandes canções. Após um intervalo de quatro anos em relação ao último trabalho, Dawn of a New Sun (2015), a banda soltou no início deste ano o EP The Tribes of Witching Souls , que saiu pela Heavy Metal Rock em um bonito digipack com encarte e letras. O disco traz sete faixas e mais duas bônus tracks. Cinco dessas canções são inéditas, enquanto “Tan Pinga Ra Tan” é uma regravação do primeiro álbum – Tingaralatingadun (2001) – com as participações de Nita Rodrigues (Bud Pump) e Fernanda Lira (Nervosa) e “Outcry” é uma nova versão acústica para a música presente em Dawn of a New Sun . As bônus são a versão demo de “Rhymes Against Humanity”, do álbum de 2015, e a demo instrum...

Review: Fifth Angel – The Third Secret (2018)

O power metal produzido nos Estados Unidos é diferente daquele que vem da Alemanha, a maior produtora de bandas do estilo. Enquanto os germânicos sempre apostaram na velocidade e na melodia, além da aproximação com a música erudita, os americanos historicamente sempre deram mais ênfase para o lado “power” da coisa, com canções mais pesadas e agressivas. O Fifth Angel é um exemplo dessa diferença. Surgida em Seattle em 1984, a banda gravou dois álbuns cultuados – Fifth Angel (1986) e Time Will Tell (1989) -, e acabou ficando pelo caminho com a chegada avassaladora do grunge. O retorno só rolou em 2010, com um convite para encabeçar o festival alemão Keep It True. A recepção foi muito positiva, e o grupo voltou para a Alemanha em 2017 para tocar mais uma vez no festival. A Nuclear Blast, principal gravadora de heavy metal do planeta, se mostrou interessada em um material inédito, e ele tomou forma em 2018 com o lançamento de The Third Secret , que acaba de ganhar edição naci...

Review: Escambau – Leite de Pedra (2019)

Que o Escambau é uma das mais produtivas bandas de rock em atividade no Brasil, isto ninguém pode negar. O que mais impressiona nos curitibanos, porém, é o alto nível que – tirando um ou outro excesso pontual, aqui e ali – os acompanha em cada novo trabalho. Depois do duplo Sopa de Cabeça de Bagre , de 2017, e do EP em espanhol lançado em 2018, que estreitou os laços do grupo com o rock argentino, uma de suas principais influências, nem bem os fãs da banda conseguiram respirar mais fundo e olha eles aí de novo com  Leite de Pedra , seu quinto álbum de estúdio.                 Na capacidade de produzir uma identidade musical forte a partir da alquimia de estilos e influências que seu rock apresenta, percebe-se a maturidade estética do grupo. Se esta característica/qualidade já era bastante nítida em Novo Tentamento (2014)  e, especialmente, em Sopa de Cabeça de Bagre , ela se confirma e consolida com o disco recém-lançado, que ...

Led Zeppelin anuncia documentário sobre a banda

Foi em setembro de 1968 na cidade de Londres, que o guitarrista Jimmy Page deu vida à uma das maiores bandas de rock de todos os tempos. O coração da história do Zeppelin é a relação entre Jimmy Page e seu empresário, Peter Grant, que considerava os integrantes do Led Zeppelin como amigos e Jimmy especialmente, como um filho. Naquela época era comum que promotores pagassem às bandas 10 ou 20 por cento do valor da bilheteria. Com seus métodos próprios, Grant conseguiu 90 por cento de lucro em todas as turnês, o que mais tarde faria com que todos os recordes de público e faturamento fossem quebrados pela banda - anteriormente somente os Beatles e os Stones alcançaram tamanha popularidade. O Led Zeppelin completou 50 anos no ano passado e anunciou um documentário que está em fase de pós-produção para comemorar esse aniversário. O filme apresenta novas entrevistas com Robert Plant, Jimmy Page e John Paul Jones, tornando-se a primeira e única vez que a banda participou de um proj...

Review: Pristine – Road Back to Ruin (2019)

A Noruega não é povoada apenas por músicos sombrios trajando roupas pretas e corpse paints assustadoras. A gelada e linda terra viking deu ao mundo diversas ótimas bandas além do black metal. E uma das mais promissoras a surgir nos últimos anos é o Pristine. Formado por Heidi Soldheim (vocal), Esper Jacobsen (guitarra), Gustav Eidsvik (baixo) e Ottar Tøllefsen  (bateria), o quarteto vem chamando a atenção nos últimos anos com discos muito bem feitos e que agradam em cheio quem curte classic rock. A boa notícia é que o novo álbum da banda, Road Back to Ruin , liberado em abril na Europa, já está disponível em versão nacional pela Shinigami Records/Nuclear Blast. O que impressiona no Pristine é o incrível entrosamento da banda, que soa redondinha e sem uma nota fora do lugar. A energia contagia e as músicas são muito bem feitas, trazendo influências que vão desde Rolling Stones até Deep Purple, passando no caminho por Free, Bad Company, Rod Stewart, Faces, Tina Tu...

Jornalismo musical: um papo com Sérgio Martins

Não existe no jornalismo musical brasileiro ninguém como Sérgio Martins. Com passagens pela Bizz e outros veículos, e há mais de vinte anos responsável pela área musical da revista VEJA, Sérgio é o mais completo crítico de música do país – ainda que não se considere um crítico. Profundo conhecedor de diversos gêneros, curioso por natureza e super acessível, o Sérgio sempre foi muito aberto para conversas sobre bandas e artistas, e também para dar dicas e participar de reportagens como essa. Um grande cara, e que conta a sua história e dá a sua visão sobre o papel do jornalismo musical ontem, hoje e nos próximos anos. Pra começar, fale um pouco sobre a sua trajetória profissional. Onde começou, em quais lugares já trabalhou e onde podemos encontrar os seus textos hoje em dia. Meu nome é Sérgio Martins, nasci em Santos (São Paulo) há 52 anos e completei duas décadas de VEJA no último dia 1 de junho. Passei pelas redações do jornal Notícias Populares (de abril d...

Review: Rhapsody – Legendary Tales (1997)

O ano era 1997. Esqueça a versão cinematográfica de O Senhor dos Anéis, esqueça o aclamado Game of Thrones e também desconsidere a grande febre de RPG que invadiu o mundo lá pro começo dos anos 2000. Apesar de ser comumente vinculado a diversas dessas coisas, todas são posteriores ao início da grande epopeia do Rhapsody. Estamos falando dos nobres cavaleiros da terra de Algalord, ou dos músicos de Trieste, Itália. E quando juntamos música e Itália na mesma equação, é bastante possível que tenhamos um trabalho muito bem feito de cunho neoclássico. Os italianos sabem bem como lidar com a música. Quando Luca Turilli começou a procurar companheiros que estivessem dispostos a partir numa jornada para reunir a música sinfônica com o heavy metal, nunca pensou que no horizonte glorioso estaria o panteão da vitória do power metal. Com Legendary Tales , definitivamente, nasce um fenômeno. Aqui, surge o que viria a ser tratado com symphonic power metal ao redor ...

Discoteca Básica Bizz #184: Devo - Q: Are We Not Men? A: We Are Devo! (1978)

Corria o ano de 1974. Mark Mothersbaugh e Gerald Casale cursavam arte na Universidade Kent State, em Ohio, Estados Unidos, quando um evento macabro mudou a vida dos dois: naquele ano, a polícia invadiu o campus para reprimir uma manifestação estudantil. Os tiras distribuíram bordoadas e tiros. Quatro estudantes morreram. O fato ganhou manchetes em todo o mundo e inspirou Neil Young a escrever seu clássico "Ohio", gravado pelo Crosby, Stills, Nash & Young. A morte dos alunos mexeu muito com Mothersbaugh e Casale e convenceu-os da veracidade de uma teoria maluca que há muito vinha remoendo seus cérebros: a tese da "de-evolução". " Começamos a perceber que o homem estava andando para trás ", disse Casale certa vez. " Atingimos o ápice do avanço tecnológico e, em vez de evoluir, passamos a retroceder, a voltar à época das cavernas ." Fanáticos por Kraftwerk, música eletrônica e artes plásticas, os dois juntaram tudo isso à teoria da ...

Review: Nazareth - Exercices (1972)

Tudo bem, joguem pedra, mas me deixem falar antes. Este disco não teve o sucesso que teriam outros discaços da banda, mas o segundo álbum dos escoceses é uma pérola e tanto.  E a surpresa para a época recai justamente no fato deste trabalho ser guiado pela pegada acústica, diferente do hard a la Led Zeppelin da estréia lançada em 1971, do matador Hair of the Dog (1975) e do clássico Razamanaz (1973). A textura sonora aqui é forte, mas calcada nas cordas sem eletricidade. E as surpresas são muitas, como os arranjos orquestrados e com violões de 12 cordas acompanhando em “I Will Not Be Led”, canções dançantes como “Cat’s Eye, Apple Pie” e uma versão light (?) de “Woke Up This Morning” , que mais adiante ganharia a sua versão definitiva e mais pesada em Razamanaz . Este é um disco que mostra o quanto o Nazareth estava entrosado e sem medo de se arriscar em novas frentes. Pete Agnew (baixo fantástico e guitarra acústica) e Manny Charlton (guitarras, a popular 12-string guit...

Review: Jack Slamer – Jack Slamer (2019)

O Jack Slamer é uma banda suíça formada em 2006 e que lançou em 2019 o seu terceiro disco – batizado apenas com o nome do grupo, o trabalho completa uma discografia que conta ainda com Noise Form the Neighbourhood (2012) e Jack Slamer (2016). A sonoridade do quinteto formado por Florian Ganz (vocal), Cyrill Vollenweider (guitarra), Marco Hostettler (guitarra), Hendrik Ruhwinkel (baixo) e Adrian Böckli (bateria) é um hard rock com forte pegada dos anos 1970, influenciado por nomes como Led Zeppelin, Deep Purple e outros ícones. O novo álbum do grupo foi lançado no Brasil pela Shinigami Records e é uma boa opção para quem curte bandas na linha do Rival Sons, por exemplo. Mesmo com uma sonoridade não tão elaborada quanto o quarteto californiano, o Jack Slamer certamente possui qualidade para cair no gosto de quem adora esse revival do hard rock clássico que temos ouvido nos últimos anos. O disco vem com doze músicas em 53 minutos. Todas contam com bons riffs, enquanto a vo...

Review: Deep Purple – Fireball (1971)

De todos os discos da fase clássica do Deep Purple com Ian Gillan nos vocais, Ritchie Blackmore nas guitarras, o maestro Jon Lord  nos teclados, piano e no mais que envenenado órgão Hammond, Ian Paice na bateria e Roger Glover no baixo, este Fireball é de longe o mais experimental e diversificado de todos. Lançado em julho de 1971, o disco veio como um cometa direto nos ouvidos de quem amava o som pesado que a banda criou no álbum anterior, In Rock (1970), e de quebra trouxe novos admiradores que ficaram surpresos com tamanha variedade de estilos que o grupo conseguia tocar. E com um disco tão variado, nada melhor do que ir direto ao ponto! A abertura da bolacha fica por conta da rápida e feroz canção que dá nome ao álbum. “Fireball” é certeira e traz o som de um gerador sendo ligado (não, não é um sintetizador) antes do ataque frontal de Paice com dois bumbos. Agressividade latente que traz um solo fantástico de Roger Glover no baixo pra lá de distorcido e que em...

Objetos Sobrenaturais, o novo lançamento da Darkside Books

Encontrar uma bela boneca antiga em uma venda de garagem é uma sensação incrível, até você levá-la consigo e ela decidir caminhar pela casa após a meia-noite. Antiquários, feirinhas de rua, heranças de família: os objetos assombrados estão em todos os lugares e invadem nossas vidas de uma maneira discreta, quase acidental. Será mesmo? Objetos Sobrenaturais: Histórias Reais e Artefatos Sombrios , mais um lançamento da DarkSide® Books, chega através de nossa linha direta com o além. Tão instigante e surpreendente quanto o casal Ed & Lorraine Warren, a caça-fantasmas Stacey Graham convida você a repensar o uso da prataria de sua avó. Ou a olhar com outros olhos aquela caixinha de joias que sempre parece mudar de lugar. Ao folhear as páginas tenebrosas e ricas em detalhes, os leitores irão conhecer uma seleção variada de itens assombrados e amaldiçoados, desde crânios que gritam até bonecas demoníacas — e entender como eles afetam as vidas de seus respectivos donos. C...

Vídeo: Greta Van Fleet, o rock e o mercado da música

O Greta Van Fleet é um fenômeno. Formada na pequena cidade de Frankenmuth, no Michigan, em 2012, é centrada nos irmãos Kiszka: Josh (vocal), Jake (guitarra) e Sam (baixo e teclado). O baterista Danny Wagner completa o quarteto. Com apenas um disco lançado - Anthem of the Peaceful Army (2018) -, o grupo conquistou admiradores na mesma quantidade em que colecionou críticos. E o principal motivo para toda essa discussão é a inegável semelhança entre o som do Greta Van Fleet e uma certa lenda inglesa chamada Led Zeppelin. Neste vídeo analiso a sonoridade da banda e a sua carreira até aqui, falo sobre os pontos altos e o que acredito que pode melhorar no som do grupo, e dou a minha opinião sobre o que pode acontecer com o Greta Van Fleet no futuro. Se você gostar do vídeo, aproveite para se inscrever em nosso canal no YouTube, que está com um novo planejamento e uma produção frequente falando sobre o que mais amamos: a música. Para se inscrever na Collectors Room no YouTube, é só...

Discografia Comentada: Casa das Máquinas

Formada em São Paulo em 1973, a Casa das Máquinas é uma das principais referências quando falamos do rock produzido no Brasil durante a década de 1970, ao lado de nomes como Made in Brazil, O Terço, A Bolha, Mutantes e poucos outros. O grupo surgiu a partir de outra lenda dos palcos nacionais, Os Incríveis, quando o guitarrista José Aroldo Binha e o baterista Luiz Franco Thomas, conhecido como Netinho, juntaram-se ao vocalista e guitarrista Carlos Roberto Piazzoli, o Pisca. O quinteto foi completado pela entrada do baixista Carlos Geraldo (que também cantava) e pelo multi-instrumentista Pique (piano, órgão, saxofone e flauta). A Casa das Máquinas gravou três álbuns emblemáticos e históricos: Casa das Máquinas (1974), Lar de Maravilhas (1975) e Casa de Rock (1976). Este trio de discos é obrigatório para quem se interessa pelo rock nacional, e traz excelentes canções. Casa das Máquinas foi lançado em pela gravadora Som Livre e teve a sua produção assinada por Eustáq...