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Mostrando postagens de junho, 2010

Rigotto's Room: Heaven and Hull – O canto do cisne de Mick Ronson

Por Maurício Rigotto Escritor e colecionador Collector's Room O que pode fazer um músico ao saber que lhe restam apenas poucos meses de vida? Reunir alguns amigos que fizeram parte da sua trajetória artística e gravar um disco, a última obra, como se fosse um testamento deixado para ser aberto após a sua partida. Foi o que fez Mick Ronson ao registrar o álbum Heaven and Hull , o seu canto do cisne. Você não leu errado, tampouco foi erro de digitação, é “Hull” mesmo e não “Hell”, por se tratar de um trocadilho com Hull, a cidade inglesa onde nasceu Mick Ronson. Mick Ronson sempre foi um dos meus guitarristas de rock favoritos. Você poderá argumentar que ele não era nenhum virtuose, que não executava solos complexos e que era até um guitarrista econômico, de poucas notas. Pois em minha opinião, a sua simplicidade, a forma com que ele era “econômico”, é o seu grande mérito que o faz figurar entre os gigantes do rock. Ronson tocava com sentimento e bom gosto, não tocava notas ...

Amaran´s Plight - Voice in the Light (2007)

Por Ricardo Seelig Colecionador Collector´s Room Cotação: ***1/2 O Amaran´s Plight é um projeto que reúne alguns dos nomes mais cultuados do rock progressivo e do prog rock contemporâneos. Batem ponto na banda o vocalista DC Cooper (ex-Royal Hunt), o guitarrista Gary Wehrkamp (Shadow Gallery), o baixista Kurt Barabas (Under the Sun) e o baterista Nick D´Virgilio (Spock´s Beard). Enfim, um line-up repleto de pedigree. As raízes do grupo datam de 1999, ano em que DC Cooper participou como vocalista convidado do álbum Tyranny , do Shadow Gallery. A experiência aproximou Cooper e Wehrkamp, e o desejo de voltar a trabalhar juntos revelou-se contante e recíproca. Depois de muitas idas e vindas, o Amaran´s Plight tomou forma em 2006 com a entrada de Barabas e D´Virgilio, e lançou em 2007 seu primeiro – e até agora único – disco, Voice in the Light . O som do quarteto é um prog metal coeso, sólido e maduro. A bela voz de DC Cooper soa sem exageros. As guitarras de Gary Wehrkamp despejam ricas ...

Slash - Slash (2010)

Por Daniel Silva Jornalista e Colecionador Estética Musical Confesso que relutei em conferir o "novo" disco de Saul Hudson, o Slash, lançado no dia 6 de abril via EMI. O primeiro trabalho solo do emblemático guitarrista, no entanto, me surpreendeu positivamente pela qualidade das músicas. A principal virtude do álbum talvez seja a escolha dos (muitos) convidados especiais. Parece que as canções foram compostas especialmente para cada um deles. Não imagino outro a não ser Ozzy Osbourne para cantar a fantástica "Crucify the Dead", um recado para Axl Rose. Impossível, também, ouvir o início de "Doctor Alibi" e não pensar em Lemmy Kilmister, do Motörhead. O disco é tão bom e coeso que até a insossa Fergie soa bem ao lado do guitarrista em "Beautiful Dangerous". Outro que eu nunca botei fé e se destaca é Kid Rock, que canta muito em "I Hold On", uma das melhores do CD. Mas quem rouba a cena mesmo no disco é o vocalista Myles Kennedy, mais co...

TR3 - Radiance (2010)

Por Rodrigo Simas Colecionador DMBrasil Tim Reynolds ficou mundialmente famoso a partir do CD ao vivo acústico Live At Luther College , gravado em 1996 e só lançado em 1999, em parceria com Dave Matthews. Mesmo com as constantes turnês da dupla, muitos dos fãs da DMB só tiveram o primeiro contato com o guitarrista a partir desse álbum, que trazia versões do vasto repertório da Dave Matthews Band e alguns números instrumentais de autoria do próprio Tim, que já se destacava pelo estilo criativo de tocar violão, encaixando efeitos, solos e harmonias que completavam perfeitamente as composições, em arranjos muitas vezes surpreendentes. O que muitos não sabiam é que ele já havia gravado e participado dos três maiores clássicos da banda, os discos Under the Table and Dreaming , Crash e Before These Crowded Street s, e que já tinha uma carreira solo prolífera desde a década de 80. Depois de lançar mais um acústico ao vivo com Dave Matthews, Live At Radio City , em 2007 (vendido em CD, DVD e...

Heavy metal: revolução feita por tradicionalistas

Por Guilherme Vasconcelos Jornalista Delfos O heavy metal é, em todas as suas subdivisões, um dos mais preconceituosos e herméticos estilos musicais. São vários os fãs que se acham revolucionários e dotados de senso crítico diferenciado apenas por ouvir um estilo tido como marginalizado pelo sistema (denominação genérica típica de posers revolucionários). Claro que a última afirmação tem seu fundo de verdade – basta verificar a programação da mídia musical jabazenta e a paupérrima divulgação de shows do estilo para constatar que o metal nunca foi um chamariz comercial. Porém, é verdade também que o preconceito e o conservadorismo dentro dessa vertente do rock se equiparam à discriminação fomentada contra ele. Ou seja, grande parte dos headbangers é hipócrita: combate a intolerância ao mesmo tempo em que a pratica, muitas vezes de forma bem mais radical. Ao longo dos anos são vários os exemplos dessa prática perniciosa. O Iron Maiden, maior ícone do rock pesado depois do Black Sabbath, ...

Entrevista: um papo revelador com Ricardo Werther, ex-vocalista do Big Allanbik e um dos grandes músicos do blues brasileiro

Por Ugo Medeiros Texto de abertura por Helton Ribeiro Ricardo Werther é uma lenda do blues nacional. O cantor carioca, um dos maiores do gênero no país, era integrante do extinto Big Allanbik, uma das bandas mais importantes nos anos 90. Com o fim do grupo em 2002, ele ficou quase uma década sumido do cenário. Muitos se perguntavam por onde andava. Os mais jovens, ou que passaram a ouvir blues recentemente, talvez nem o conheçam. Mas Ricardo está de volta, lançando The Turning Point . O CD vem recebendo elogios entusiasmados da crítica e de músicos como os guitarristas Celso Blues Boy e André Christovam. “ Ricardo está no topo: o melhor entre os melhores ” definiu Celso. “ Ele é o maior cantor do país. Ponto final ” arrematou André. Nesse entrevistão, Ricardo Werther fala, entre outras coisas, das peripécias para gravar um disco ao vivo com duas baterias, de sua paixão pelo jazz e o soul, do relacionamento entre os músicos do Big Allanbik, e de como ele tocou trompete para – acredite –...

Morre Peter Quaife, dos Kinks

Ray e Dave Davies com Pete Quaife empunhando seu contrabaixo Rickenbaker em 1966. Por Lester Benga Os Armênios Faleceu nessa quarta-feira (23), Peter Quaife , baixista original e membro fundador do The Kinks , umas das melhores e mais importantes bandas inglesas da década de 1960. Quaife morreu de insuficiência renal em um hospital da Dinamarca, onde se encontrava em coma há alguns dias. O artista morava no Canadá desde os anos 80, quando foi diagnosticada sua doença e, desde então, produzia cartuns sobre o cotidiano de quem precisa fazer hemodiálise. Peter Quaife tocou em todos os principais álbuns, EPs e singles da fase lendária dos Kinks. Ele esteve no grupo desde o início, por ser amigo e colega do líder Ray Davies . Ambos se conheceram nas aulas de música na William Grimshaw Secondary Modern School , em Muswell Hill, na Inglaterra. Os Kinks logo despontariam como uma importante banda dentro do movimento mod (ao lado do The Who e, em seguida, Small Faces ), até adotar um estil...

Rock Raro: Booker T. & The MGs - McLemore Avenue (1970)

Por Wagner Xavier Colecionador Scream & Yell A banda não é tão rara assim, porém o disco, meu amigo, é difícil de ser encontrado e logicamente merece um texto especial. Em 1969, junto com o lançamento original de um dos melhores álbuns dos Beatles, Abbey Road , Booker T. & the M.G’s tiveram a ideia, ótima por sinal, de criar o seu Mclemore Avenue . O projeto em si era bastante ambicioso: recriar o disco clássico dos Beatles como se ele fosse do Booker T. & the M.G’s. Nada que a competência e o respeito adquirido pela banda durante os anos sessenta – incluindo os próprios John, Paul, Lennon e McCartney como admiradores – pudessem macular. Formada em Memphis no inicio dos anos 60, a Booker T. & the M.G’s já havia gravado vários álbuns, alguns verdadeiros clássicos (como o espetacular Green Onions , de 1962), e não se intimidou diante da tarefa curiosa que imitava, quase que de forma online, a maior banda de todos os tempos em sua derradeira gravação. Contando com Booker T...

Iron Maiden - El Dorado (2010)

Por Igor Z. Martins Colecionador Whiplash! Rock e Heavy Metal Minha relação com o Iron Maiden, que já tem mais de dez anos, nos últimos tempos tem sido marcada pela "linha fina entre o amor e o ódio”. Apaixonado pela banda desde os 12 anos de idade, cresci vestindo camisetas que ostentavam diferentes tipos de Eddies, comprando os discos da banda e pregando que não havia nada melhor no mundo do rock que o Iron Maiden. No entanto, nos últimos tempos, mais especificamente após o lançamento de Dance of Death (2003), comecei a implicar com o fanatismo dos fãs do grupo – talvez porque minha adolescência já havia ido embora junto com o fanatismo que, nem sempre, em se tratando de fãs do Iron Maiden, deixa de existir após os 20 anos de idade – e com a total falta de capacidade de se reinventar que o time de Steve Harris demonstrava. Quando saiu seu último álbum de estúdio, A Matter of Life and Death (2006), eu odiei até as minhas entranhas. No entanto, há alguns meses ouvi novamente o d...

Ronnie James Dio foi o Frank Sinatra do heavy metal

Por Regis Tadeu Colecionador e Jornalista (matéria publicada originalmente no Yahoo! Brasil) A voz. Aquela voz. A primeira vez que a ouvi foi quando comprei, aos quinze anos de idade, o primeiro disco solo de um de meus guitarristas favoritos. Naquela época, sem acesso às revistas importadas e sem imaginar que um dia teríamos algo parecido com a internet, a gente sabia que Ritchie Blackmore havia saído do Deep Purple, que o grupo tinha recrutado o Tommy Bolin para substituí-lo e só. Mais nada. Até que um dia, visitando a loja de discos onde eu sempre comprava meus LPs, vi na prateleira, extasiado, que havia sido lançado um disco chamado Ritchie Blackmore’s Rainbow , com uma capa que misturava em um único desenho o castelo – que representava o início de sua paixão pela música renascentista – e a guitarra que ele empunhava com tanta genialidade naqueles tempos. Comprei o disco e voltei correndo para casa para ouvi-lo. Foi então que a surpresa se tornou ainda mais agradável quando os prim...