Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de agosto, 2021

Review: Hellish War – Wine of Gods (2019)

Quarto álbum do Hellish War, Wine of Gods foi lançado em 2019 porém só chegou agora em minhas mãos. E que grata surpresa perceber que a banda segue no mais alto nível. Acompanho o trabalho dos caras há anos, e sem dúvida o quinteto paulista é uma das maiores referências quando falamos em metal tradicional no Brasil. Produzido por Ricardo Piccoli, Wine of Gods é o sucessor de Keep It Hellish (2013) e traz dez faixas, com direito à participação especial de Chris Boltendahl, frontman do Grave Digger, em uma delas. O som é um metal pesado e muito fiel aos alicerces do gênero, com belos riffs e harmonias de guitarra, cozinha trabalhando em perfeita simetria e vocais cativantes. A banda sabe compor ótimas canções e isso fica evidente em diversos momentos, como na música que batiza o trabalho, “Trial By Fire”, “Dawn of the Brave”, “Devin” (a minha preferida),   “House on the Hill” e suas guitarras repletas de melodia e “Warbringer”, com Bil Martins dividindo os vocais com Boltendah...

Review: Brave – The Oracle (2020)

O Brave chega ao seu terceiro disco com The Oracle , álbum lançado em 2020 e que chegou agora aos meus ouvidos. O trabalho é o sucessor de The Last Battle (2012) e Kill the Bastard (2016), traz oito faixas e foi produzido por Marcio Teochi. O som do Brave é um power metal super tradicional e que é chamado por alguns de “brutal death metal” por trazer vocais guturais em algumas passagens. A receita da banda agradará em cheio os fãs do estilo tanto musical quanto liricamente, com canções épicas e cheias de melodia que falam sobre batalhas e deuses nórdicos. A produção é bem crua e realça essa “brutalidade” do som dos caras, o que é um ponto positivo. Entre as faixas, destaques para “The Oracle”, “We Fight for Odin”, “Valhalla” e “Fall to the Empire”. E, é claro, é preciso mencionar a estupenda capa, criada por Manoel Hellsen. Pra quem gosta de acompanhar as letras, o encarte traz todas elas. Um som honesto e feito com muita paixão, indicadíssimo para quem é apaixonado pelo heavy m...

Review: Suck This Punch – The Evil On All of Us (2021)

O Suck This Punch é um quarteto natural de Limeira (SP) formado por Tadeu Bon Scott (vocal), Phil Seven (guitarra), Matheus Bonon (baixo) e Giacomo Bianchi (bateria). O som dos caras é um thrash metal com muito groove, e que chega ao segundo álbum em The Evil On All of Us , sucessor da estreia Fire, Cold and Steel (2015). A banda insere algumas influências de metal tradicional e até mesmo de classic rock em sua sonoridade, o que chama a atenção em algumas faixas. The Evil On All of Us vem com nove músicas inéditas e foi lançado em CD digipack pela Voice Music e Som do Darma, com apoio da Prefeitura de Araras (SP), do Governo de São Paulo e do Governo Federal, através de leis de incentivo à cultura. Musicalmente, o Suck This Punch possui méritos em sua bem azeitada união entre thrash e sonoridades mais clássicas. Há algumas incursões sutis por elementos brasileiros em “Sons of War”, que fecha o play e traz berimbau, pandeiro e percussão. O trabalho de baixo e bateria é muito bem f...

Review: Caligula’s Horse – Rise Radiant (2020)

Um dos nomes mais celebrados do prog metal atual, a banda australiana Caligula’s Horse lançou em maio de 2020 seu quinto disco, Rise Radiant . Esse trabalho também é o primeiro do quinteto a ganhar uma edição brasileira, sendo disponibilizado no Brasil pela Hellion Records em uma bela edição slipcase. Rise Radiant é o sucessor de In Contact (2017), o álbum que colocou os olhos da comunidade metal no Caligula’s Horse e é uma das grandes obras do prog metal contemporâneo. O álbum marca a estreia do baixista Dale Prinsse, que entrou no grupo em 2019, e acabou sendo o último com o guitarrista Andy Goleby, que deixou a banda há poucos meses. A sonoridade dos australianos é um prog repleto de groove e que agradará em cheio fãs de agremiações que trilham um caminho semelhante como Haken, Tesseract e Leprous. Acessível e nada intimidadora, a música do Caligula’s Horse é carregada de técnica e apresenta soluções fora do comum, principalmente na variação de ritmos, com faixas que trazem lin...

Review: Heavy Feather – Mountain of Sugar (2021)

É comum lermos e ouvirmos comentários do tipo: “ Deve ter sido inesquecível ter vivido na época em que as grandes bandas estavam gravando seus discos clássicos e fazendo história ”. Sim, realmente foi. Mas essa experiência se repete hoje em dia com diversos nomes que também estão lançando álbuns clássicos e escrevendo momentos marcantes da música bem agora, no nosso tempo. Exemplos não faltam: Steven Wilson, Rival Sons, Ghost e muitos outros. O Heavy Feather se enquadra nesse grupo. O quarteto sueco executa um rock assumidamente retrô, que bebe em influências dos anos 1960 e, principalmente, da década de 1970. Tendo como integrante principal a ótima vocalista Lisa Lystam, a banda entrega um blues rock cativante e cheio de qualidade. Mountain of Sugar é o segundo disco do Heavy Feather e assim como o primeiro – Débris & Rubble (2019) -, ganhou edição nacional pela Hellion Records. Produzido por Erik “Errka” Petersson (que toca piano e Fender Rhodes no álbum) e pela própria ban...

Review: Papangu – Holoceno (2021)

Sabe aquele momento mágico da descoberta de um álbum cuja primeira audição nos faz perceber que a história da música está sendo escrita agora, diante de nossos olhos? Pois essa foi minha sensação ao escutar Holoceno , o primeiro trabalho desta banda paraibana. As letras, em português e muito bem escritas, giram em torno do conceito de um cangaceiro que tem um mau presságio durante um sonho e tenta mudar o futuro promovendo matanças. Ao perceber, entretanto, que sua situação e a do planeta apenas vão piorando cada vez mais, resolve vender a alma ao diabo para impedir o apocalipse. Holoceno é um álbum inovador como poucos, trazendo uma sonoridade calcada no sludge metal, mas com forte influência da psicodelia nordestina de bandas como Ave Sangria, Marconi Notaro e Anjo Gabriel. A alternância de vozes guturais e limpas remete aos melhores momentos do Anciients, e as composições, de uma qualidade absurda, dialogam com o Mastodon de Crack the Skye e com o maravilhoso The Direction of ...

Black Sabbath: os discos com Tony Martin

Quando falamos de Black Sabbath, as vozes que invadem nossas cabeças são as de Ozzy Osbourne e Ronnie James Dio. Alguns lembram de Ian Gillan e o cultuado Born Again (1983) ou até mesmo de Glenn Hughes no injustiçado Seventh Star (1986), mas quase ninguém cita Tony Martin. O vocalista inglês, que é natural de Birmingham como toda a banda, teve duas passagens pelo grupo: entre 1987 e 1991, e entre 1993 e 1997. Durante esse período, gravou cinco álbuns de estúdio com o Black Sabbath: The Eternal Idol (1987), Headless Cross (1989), Tyr (1990), Cross Purposes (1994) e Forbidden (1994), além do ao vivo Cross Purposes Live (1995) e da compilação The Sabbath Stones (1996), totalmente dedicado às músicas do período. Na época do lançamento desses discos, muita gente estranhou e não assimilou a presença de Tony Martin na banda. É preciso voltar no tempo e entender que o Black Sabbath vinha de três vocalistas icônicos – Ozzy, Dio e Gillan -, quando subitamente um desconhecido que n...

Review: Judas Priest – Rocka Rolla (1974, reedição 2021)

O Judas Priest foi formado em 1969 em Birmingham, mesma cidade que viu o Black Sabbath surgir um ano antes. Inicialmente, a banda contava com o vocalista Al Atkins, o guitarrista John Perry, o baixista Brian Stapenhill e o baterista John Partridge. Perry cometeu suicídio logo após a formação do grupo e foi substituído por K.K. Downing. O nome foi dado por Stapenhill inspirado em uma canção de Bob Dylan, “The Ballad of Frankie Lee and Judas Priest”, que faz parte do álbum John Wesley Harding (1967). A pouca repercussão da demo gravada no final de 1969 pelo quarteto, com as canções “Good Time Woman” e “We’ll Stay Together”, aliada à falência da gravadora que tinha contratado a banda, fez com o grupo chegasse ao fim. O passo seguinte derivou desse primeiro capítulo. Atkins se juntou ao Freight, banda que tocava hard rock e tinha Downing como guitarrista, seu amigo de infância Ian Hill no baixo e o baterista John Ellis. Chegaram a um consenso e assumiram o nome Judas Priest, que soava m...

Review: The Vintage Caravan – Monuments (2021)

O Vintage Caravan chega ao seu quinto álbum explorando o excelente background de influências de sempre: Led Zeppelin, Cream, Budgie, Black Sabbath, Blue Öyster Cult e outros nomes pioneiros do que viria a ser o heavy metal. O trio islandês formado por Óskar Logi Ágústsson (vocal e guitarra), Alexander Örn Númason (bass) e Stefán Ari Stefánsson (bateria) demonstra ter chegado à maturidade com ótimas canções que mantém a energia e peso dos trabalhos anteriores, mas que agora transparecem um trabalho mais profundo de composição e um cuidado extra na confecção das melodias, além de trechos instrumentais mais pretenciosos. A união entre peso e psicodelia dá as caras logo na abertura, com a ótima “Whispers”. Óskar mantém-se como o grande destaque do Vintage Caravan, seja por sua voz agradável ou por seu talento e inspiração na guitarra. Já os grooves e as bases são construídos de forma monolítica pela dupla Alexander e Stéfan, que estão entrosadíssimos. O resultado é uma coleção de onze fa...

Review: Angra - Ømni Live (2021)

Ao revelar ao mundo o álbum Ø mni , em fevereiro de 2018, o Angra surpreendeu com um disco pra lá de sólido e inspirado, indo na contramão do que se imaginava após o período conturbado vivido no trabalho anterior. Secret Garden saiu no início de 2015, em um período em que a banda não tinha um vocalista definido (Fabio Lione, que cantou no álbum, foi efetivado alguns meses depois), e, para tornar as coisas mais indefinidas ainda, Ø mni acabou sendo o primeiro disco da carreira do Angra sem o guitarrista Kiko Loureiro, que foi para o Megadeth. Mas o Angra é forte e sabe como sair de situações complicadas. É só olhar para o passado e ver o ressurgimento em Rebirth (2000), e isso aconteceu novamente. Marcelo Barbosa assumiu o posto de Kiko, o álbum foi muito bem recebido por crítica e fãs e os caras rodaram o mundo tocando suas canções. O resultado de todo esse processo é Ø mni Live , novo ao vivo do quinteto. Anunciado em fevereiro, Ø mni Live teve o seu lançamento atrasado e che...

Review: Adrian Smith & Richie Kotzen – Smith/Kotzen (2021)

Julia e Nicole são vizinhas e muito amigas. A aproximação das duas acabou fazendo com que seus maridos também se tornassem amigos. E, por acaso, os esposos da dupla são dois músicos conhecidos em todo o planeta: Adrian Smith, guitarrista do Iron Maiden, e Richie Kotzen, artista solo e integrante do The Winery Dogs. A amizade evoluiu e se estendeu para a música, e o resultado foi um álbum de canções inéditas. Smith/Kotzen  foi lançado em março e traz nove canções. Adrian e Richie se dividem nos vocais e baixo, duelam nas guitarras e contam com as participações especiais de Nicko McBrain (companheiro de banda de Smith no Iron Maiden, que assume a bateria em “Solar Fire”) e de Tal Bergman (baterista da banda solo de Kotzen, que toca em três músicas) – a bateria das faixas restantes ficou a cargo do próprio Kotzen. Produzido por Kevin Shirley, Smith/Kotzen é um álbum de blues rock contemporâneo que traz algumas pitadas de rhythm and blues, andamentos funkeados em certas composiçõe...

Review: W.E.T. – Retransmission (2021)

Esse disco do W.E.T. vem sendo aclamado desde que foi lançado, no final de janeiro. Basta fazer uma pesquisa rápida no Google pra encontrar dezenas de reviews sobre o álbum, com notas que invariavelmente beiram a máxima. O W.E.T. é, na verdade, um projeto concebido por Serafino Perugino, presidente da gravadora italiana Frontiers Records, especializada em melodic rock, gênero que a banda explora. O grupo surgiu em 2008 e lançou desde então três álbuns de estúdio – a estreia auto intitulada (2009), Rise Up (2013) e Earthrage (2018) -, além do ao vivo One Live – In Stockholm (2014). Retransmission é o quarto trabalho do projeto e segue com o line-up que é um deleite para os fãs do estilo, com os vocais de Jeff Scott Soto, as guitarras do trio Erik Martensson, Robert Säll e Magnus Henriksson, o baixo de Andreas Passmark e a bateria Robban Bäck.  Martensoon e Säll se dividem nos teclados e mantém o alto nível de suas respectivas bandas – Eclipse e Work of Art, respectivamente....

Raridades do Black Sabbath | Parte 6 - Singles da era Ozzy Osbourne (1970 – 1978)

Quando eu comecei a colecionar os discos do Black Sabbath nos anos 1980, não sabia muito sobre compactos e nem tinha a pretensão de obter esse tipo de lançamento. Mas a coletânea dupla We Sold Our Soul for Rock 'n' Roll (RGE/Fermata – 304.1081/82), lançada oficialmente no final de 1975, trazia uma faixa até então inédita aqui no Brasil, o que despertou minha curiosidade sobre singles. Inicialmente, "Wicked World" foi lançada na Inglaterra apenas como lado B do primeiro compacto 7 polegadas da banda, "Evil Woman / Wicked World". A partir de 1996, as versões em CD do primeiro álbum lançadas pela Castle incluíram a música, que fazia parte apenas da versão norte-americana do disco. Esse compacto não foi lançado no Brasil, bem como a maioria deles ao longo dos anos, salvo algumas raras exceções.   A minha edição mais antiga é um single 7 polegadas de “Iron Man / Electric Funeral” lançado em 1971 (edição americana da Warner Bros - 7530). A faixa “Iron Man” em ...

Review: Renan Lourenço – Inception (2021)

Renan Lourenço é um guitarrista de Londrina, no Paraná, e que já atua na música há um certo tempo, com passagens por bandas como Cometz, Badfripp e Hellpath. Além disso, é também educador e uma boa dica para conhecer e acompanhar o seu trabalho é fazer a inscrição em seu canal no YouTube . Inception é o primeiro álbum de Renan e foi lançado em maio pela Alternative Music em CD, e também está disponível nos apps de streaming. Trata-se de um disco de música instrumental voltado para a guitarra, na linha de grandes mestres como Joe Satriani. Com produção do próprio Renan Lourenço ao lado de Alexandre Bressan,   traz nove composições de autoria do guitarrista e conta com as participações especiais do tecladista Derek Sherinian (Black Country Communion, Sons of Apollo, Dream Theater) e de Edu Ardanuy, um dos maiores guitar heros do Brasil e que fez história no Dr. Sin. O que me chamou muito a atenção no álbum é a musicalidade ampla de Lourenço, sentida nas melodias cativantes prese...