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Mostrando postagens de agosto, 2024

Quadrinhos: Poulbots, de Patrick Prugne (2024, Taverna do Rei)

As HQs nos apresentam uma gama enorme de histórias que vão desde as épicas batalhas vividas pelos super-heróis até relatos do cotidiano. Poulbots é um desses quadrinhos surpreendentes, pois sua leitura nos leva a um recorte muito específico. A história se passa em uma das regiões mais pobres da Paris do início do século XX, e conta como era o dia a dia de garotos que tinham quase nada para viver, apenas seus sonhos e aventuras. Esses meninos foram batizados de "poulbots" em alusão ao ilustrador Francisque Poulbot, que publicava seus trabalhos nos jornais da época e retratou inúmeras vezes as situações vividas pelos garotos, que às vezes eram engraçadas e curiosas, e outras tantas eram tristes e trágicas. Patrick Prugne faz uma homenagem tanto a Poulbot quanto aos seus "poulbots", em uma HQ que alterna momentos de diversão com passagens mais sensíveis, tudo colocado em um nível artístico elevado com arte pintada e um roteiro bem desenvolvido. A HQ foi publicada pela...

Review: Flotsam and Jetsam – No Place for Disgrace (1988)

Segundo álbum do Flotsam and Jetsam, No Place for Disgrace também foi o primeiro disco da banda após a saída do baixista Jason Newsted, que deixou o grupo em 1986 para substituir o falecido Cliff Burton no Metallica. Em seu lugar entrou Troy Gregory, que permaneceria até 1991. Como curiosidade, vale mencionar que Jason consta como coautor de três faixas: a música título, “N.E. Terror” e “I Live You Die”. Produzido por Bill Metoyer e pela própria banda e lançado em 20 de maio de 1988, foi a estreia do Flotsam and Jetsam na Elektra, após o debut, Doomsday for the Deceiver (1986), ter saído pela Metal Blade. Liricamente, trata-se de um trabalho com letras que abordam temas mais sombrios focados em história, literatura, ocultismo e satanismo. Nos anos subsequentes a banda mudaria o tom do seu discurso e passaria a escrever sobre política e cotidiano, mas neste segundo álbum eles seguiram o caminho apresentado na estreia. A produção é claramente melhor que a do primeiro álbum, fazendo co...

Quadrinhos: Pocahontas, de Patrick Patrick Prugne (2024, Taverna do Rei)

A figura de Pocahontas é conhecida do público por duas fontes principais: a animação da Disney e os relatos do explorador inglês John Smith. Porém, ambos contam uma história bastante diferente sobre o que realmente aconteceu com a lendária nativa norte-americana. A bela indígena era filha do chefe de uma grande tribo localizada onde hoje está o estado da Virgínia, e nasceu no final do século XVI. Esse é o ponto de partida da HQ escrita e ilustrada por Patrick Prugne, que se propõe a contar uma história o mais próxima possível da realidade. Na época, os Estados Unidos viviam um período de exploração por vários países europeus, e a história de Pocahontas se relaciona com a chegada dos ingleses na América. O grupo de exploradores desembarca no território Powhatan, e a relação com os nativos não foi das mais amigáveis inicialmente. Pocahontas, tratada como princesa por seus pares, teve papel central na construção de um relacionamento mais amistoso com os estrangeiros, e isso a levou a se a...

Review: Immolation – Dawn of Possession (1991)

Surgido durante o final dos anos 1980 e início da década de 1990, o death metal revolucionou o metal ao entregar novos níveis de peso e agressividade, e também por fazer isso com uma pegada super técnica. Uma das bandas pioneiras do gênero foi o Immolation. Formada em Nova York em 1986, estreou somente em 1991 com Dawn of Possession , álbum recém lançado pela Wikimetal e que era inédito por aqui. O disco foi o único da carreira do quarteto a sair pela Roadrunner. A produção, assinada pelo alemão Harris Johns (Helloween, Kreator, Ratos de Porão), soa ainda atual, com timbres densos e os instrumentos soando claramente. O álbum traz dez faixas e é um clássico dos primeiros anos do death metal, sendo fundamental para estabelecer os caminhos pelos quais o estilo se desenvolveria e se tornaria, quase que instantaneamente, em um dos mais populares entre os fãs de som pesado. Centrado desde sempre na dupla Ross Dolan (vocal e baixo) e Robert Vigna (guitarra), o Immolation já soava impressi...

Quadrinhos: Diário Inquieto de Istambul, de Ersin Karabulut (2024, Comix Zone)

Diário Inquieto de Istambul é a autobiografia do quadrinista turco Ersin Karabulut, autor apresentado ao público brasileiro pela Comix Zone através de dois títulos excelentes, Contos Ordinários de uma Sociedade Resignada e Até Aqui Tudo Ia Bem . O título, que é o mais recente trabalho de Ersin, acaba de ser publicado por aqui pela editora. Assim como nas duas HQs que o tornaram conhecido no Brasil, Diário Inquieto de Istambul conta a história que se propõe ao mesmo tempo em que relata a situação política e a realidade da Turquia, um país singular localizado na fronteira entre o ocidente e o oriente. Essa característica parece ser indissociável na obra de Karabulut e enriquece muito a sua narrativa, pois nos permite conhecer um cotidiano extremamente contrastante, marcado por disputas religiosas e visões de mundo que se opõe há centenas de anos. É bom lembrar que Istambul, antes de ser rebatizada com o seu nome atual em 1930, era conhecida como Constantinopla, capital de inúmeros i...

Review: Skid Row – Slave to the Grind (1991)

Ainda que tenha ficado marcado junto ao grande público pelo sucesso impressionante de suas baladas e pela imagem do vocalista Sebastian Bach, o Skid Row sempre foi muito mais do que isso. Discos como Slave to the Grind são a prova definitiva. Segundo álbum da banda, chegou às lojas 11 de junho de 1991, mesmo ano de clássicos como Nevermind do Nirvana, Black Album do Metallica e os dois volumes de Use Your Illusion do Guns N’ Roses, só pra citar os títulos mais óbvios. Há uma grande evolução em relação ao disco de estreia, lançado dois anos antes e puxado pelos hits “18 and Life” e “I Remember You”. O som ficou muito mais pesado, aproximando-se do metal em contraste com o hard rock do primeiro álbum. Produzido novamente por Michael Wagener, o trabalho apresentou doze faixas e é, de forma unânime, considerado o melhor álbum do Skid Row. Não há muito como discordar ao ouvir canções como a excelente abertura com “Monkey Business”, a aproximação com o speed metal na música título, a...

Quadrinhos: O Último Homem, de Jérôme Félix e Paul Gastine (2024, QS Comics)

O Último Homem é uma história de faroeste nada convencional. Escrita por Jérôme Félix e ilustrada por Paul Gastine, foi publicada na França em 2019 e agora chega ao Brasil pela QS Comics em uma edição de capa dura no formato 21,29,5 cm, com 80 páginas impressas em papel offset colorido e tradução de Alessandra Bonrruquer. O quadrinho de Félix e Gastine chama a atenção, primeiramente, por abordar um período que muitas vezes passa batido nas histórias de faroeste, que é o fim da era dos caubóis. Ambientada nos anos finais do Velho Oeste, mostra os Estados Unidos passando por uma grande transformação estrutural, com o país sendo coberto por rodovias de norte a sul e leste a oeste. Essa modernização conduziu os EUA a um período de progresso acelerado que, simultaneamente, foi aos poucos extinguindo antigos hábitos e profissões. O clássico caubói montado em seu cavalo enquanto liderava sua equipe atravessando o país com centenas e milhares de cabeças de gado foi substituído pelo transpor...

Review: Bruce Dickinson – Resurrection Men (2024)

The Mandrake Project dividiu a opinião dos fãs de Bruce Dickinson. Primeiro álbum solo do vocalista do Iron Maiden em quase duas décadas, não soa como uma sequência da trilogia Accident of Birth (1997), The Chemical Wedding (1998) e Tyranny of Souls (2005) – o que, convenhamos, seria bastante improvável – e aposta em uma sonoridade que remete aos anos 1970 e à paixão do cantor pelo rock progressivo, além do óbvio heavy metal que o consagrou. “Resurrection Men” é uma das faixas mais fortes do álbum e quem assistiu aos shows da turnê do disco constatou isso in loco , com a canção funcionando muito bem ao vivo e levantando o público. Pois bem, ela encabeça o segundo single de The Mandrake Project e, para alegria dos fãs brasileiros, o EP ganhou uma edição nacional. Além de “Resurrection Men”, o material traz duas músicas gravadas ao vivo no show realizado por Bruce em São Paulo em 4 de maio de 2024, “Afterglow of Ragnanok” e “Abduction”, a primeira vinda do novo álbum e a segunda ...

Review: Overkill – I Hear Black (1993)

I Hear Black , sexto álbum do Overkill, difere dos outros discos da banda norte-americana por apresentar uma sonoridade mais groovada e andamentos mais lentos em relação ao thrash metal acelerado e tradicional do grupo. Lançado no início de março de 1993, apresenta influência do cenário metálico que os Estados Unidos viviam na época, com a explosão de popularidade do Metallica proporcionada pelo sucesso global do Black Album (1991) somada à nascente cena de bandas que estavam turbinando o thrash com doses cada vez maiores de groove, como Pantera, White Zombie e Prong. Produzido por Alex Perialas (Testament, Vio-lence, Pro Pain) e pelo próprio grupo, o álbum apresenta onze faixas e foi a estreia do quinteto na Atlantic. O próprio título, de certa maneira, sinaliza de forma nem tão sutil essa mudança de direção, já que I Hear Black parece apontar de forma direta para a influência que o disco de maior sucesso da banda de James Hetfield e Lars Ulrich teve sobre o trabalho. Apesar da...

Review: Uriah Heep – Demons and Wizards (1972)

Quarto álbum do Uriah Heep, Demons and Wizards transformou a banda inglesa em um dos principais nomes do hard dos anos 1970 e é a grande referência da extensa discografia do grupo, que segue na ativa e em 2023 lançou o seu vigésimo quinto trabalho de estúdio, Chaos & Colour . Sucessor do marcante Look At Yourself (1971), Demons and Wizards chegou às lojas em maio de 1972. A produção foi assinada por Gerry Bron, que havia trabalhado com a banda nos álbuns anteriores e seguiria com o grupo até Conquest (1980). O disco marcou a estreia do baixista Gary Thain, que passou a integrar de forma permanente o quinteto formado por David Byron (vocal), Mick Box (guitarra), Ken Hensley (teclado, guitarra e vocal) e Lee Kerslake (bateria). Mark Clarke, baixista que integrou a banda brevemente entre 1971 e 1972, toca e assina, em parceria com Hensley, a magnífica música de abertura, a clássica “The Wizard”. Em uma comparação ligeira, o som do Uriah Heep sempre apresentou uma certa similari...

Review: Damageplan – New Found Power (2004)

Um álbum pode ser marcante, celebrado e até mesmo clássico por diversos motivos. Os mais frequentes são sua relevância histórica, impacto cultural e longevidade artística, mas outros fatores podem entrar na jogada, e um deles está diretamente ligado ao único disco gravado pelo Damageplan. New Found Power , lançado em 10 de fevereiro de 2004, chegou às lojas dez meses antes da morte prematura de Dimebag Darrell, assassinado por um fã em pleno palco enquanto excursionava para promover o álbum, em 8 de dezembro de 2004. Além de Dimebag, o Damageplan era formado por seu irmão Vinnie Paul na bateria, o vocalista Patrick Lachman (que gravou, como guitarrista, os dois primeiros discos solo de Rob Halford, os excelentes Resurrection de 2000 e Crucible de 2002) e o baixista Bob Zilla (que mais tarde integraria do Hellyeah). Produzido pelos irmãos Abbott com coprodução de Lachman e Sterling Winfield, que já havia trabalhado com o Pantera, o álbum apresenta quatorze canções e traz as particip...

Quadrinhos: Lucky Luke - Procurado, de Matthieu Bonhomme (2022, Trem Fantasma)

Em Lucky Luke: Procurado , Matthieu Bonhomme apresenta a segunda parte - e até agora última - da sua reinvenção do cowboy criado por Morris em 1946. Extremamente popular no mercado franco-belga, Lucky Luke merece mais reconhecimento no Brasil e estes álbuns de Bonhomme publicados pela editora Trem Fantasma são uma excelente porta de entrada. Na trama, Luke se vê procurado por caçadores de recompensa ao mesmo tempo em que conhece três belas irmãs chamadas Angie, Bonnie e Cherry, que estão sendo atacadas por índios. Ele decide ajudá-las e acaba envolvido em uma disputa entre as irmãs, com cada uma querendo conquistar o seu coração. A história é, na verdade, uma grande fuga por paisagens áridas cheias de desafios, com Luke vivendo uma grande aventura ao lado de Angie, Bonnie e Cherry. Há, ao longo do quadrinho, tanto a desconstrução da imagem da mulher frágil e dependente retratada costumeiramente no Velho Oeste, já que as três irmãs sabem muito bem cuidar de si mesmas, como também a expo...

Review: Saxon – Power & The Glory (1983)

Quando se fala da New Wave of British Heavy Metal, os dois principais nomes citados são Iron Maiden e Saxon, e com justiça. Enquanto a turma de Bruce Dickinson e Steve Harris conquistou seu lugar entre as maiores, mais influentes e mais amadas bandas da história, o Saxon não alcançou uma dimensão tão gigantesca fora dos limites do metal. Extremamente fieis ao gênero, seguem na ativa a lançaram agora em 2024 o seu vigésimo quarto disco de estúdio, o celebrado Hell, Fire and Damnation . Mas este texto vai olhar para o passado e falar do quinto trabalho do grupo, que chegou às lojas em março de 1983. Power & The Glory , que só havia sido lançado em vinil no Brasil, acabou de ganhar a primeira edição nacional em CD através da Wikimetal/BMG, e ela é especial porque traz, além das oito faixas originais, mais nove músicas extras. O CD vem em um lindo digipack com capa fosca e inclui encarte com 24 páginas com textos e as letras. Historicamente, Power & The Glory marcou a estreia ...

Review: Motörhead – Sacrifice (1995)

Lançado no final de março de 1995, Sacrifice foi o último álbum do Motörhead com o guitarrista Michael “Würzel” Burston, que faleceu em 2021. Würzel permaneceu durante onze anos na banda, período em que gravou seis discos ao lado de Lemmy Kilmister e companhia.  Produzido por Howard Benson (Sepultura, Body Count, My Chemical Romance) com a coprodução de Ryan Dorn e a própria banda, Sacrifice é um dos álbuns mais pesados do Motörhead e deixa disso claro já com a música de abertura, que batiza o trabalho e traz um trabalho de bateria monstruoso de Mickey Dee. Uma das melhores canções de todo o catálogo do Motörhead e uma pérola a ser redescoberta. O disco segue em alto nível com outras excelentes faixas como “Over Your Shoulder”, “War For War”, “Order/Fade to Black”, “All Gone to Hell”, “Make ‘Em Blind” (com Dee mostrando serviço mais uma vez, agora com uma batida torta que conduz a canção e dá a ela um muito bem-vindo clima tribal que casa muito bem com a voz rouca caracter...

Quadrinhos: Os Filhos de El Topo, de Alejandro Jodorowsky e José Ladrönn (2024, Comix Zone)

Os Filhos de El Topo é uma das maiores críticas do escritor chileno Alejandro Jodorowsky à religião – à todas elas, importante frisar. O autor abordou o assunto frequentemente em sua carreira, gerando obras aclamadas dos quadrinhos como Borgia , O Papa Terrível e Juan Solo , e aqui retorna ao tema de maneira brilhante e desconcertante. Trabalho mais recente de Jodorowsky, Os Filhos de El Topo foi publicado em três volumes na Europa entre 2016 e 2022, reunidos na edição integral que a Comix Zone lançou no mercado brasileiro em capa dura, formato europeu, 232 páginas e com tradução de Thiago Ferreira. A HQ é, na verdade, uma sequência de El Topo , filme de 1970 escrito, dirigido e estrelado por Jodorowsky, uma espécie de faroeste surrealista que alcançou status de cult e narra a trajetória de um pistoleiro que se transforma em um santo. Meio século depois, ele retomou a história. E o mais impressionante de tudo: Os Filhos de El Topo foi escrito pelo chileno no período entre os seus...

Review: Rival Sons – Feral Roots (2019)

Uma parcela do público de rock volta e meia vem com aquele papinho afirmando que “gostaria de ter vivido na época em que saíram os grandes clássicos” , referindo-se principalmente às décadas de 1970 e 1980. Pois bem, tenho uma ótima notícia: nós também podemos sentir essa sensação através de álbuns como Feral Roots , do Rival Sons. Sexto e melhor disco do quarteto californiano, o trabalho era inédito no Brasil e finalmente ganhou edição nacional através da parceria entre a Wikimetal, Warner e Oporto da Música, em uma edição digisleeve idêntica à que saiu nos Estados Unidos. Escrevi sobre o álbum quando ele veio ao mundo, há cinco anos atrás, e não economizei nas palavras. Na época, afirmei que “Feral Roots é o disco que mostra porque o Rival Sons existe. Ninguém faz um som como eles. Trata-se de um álbum de gente grande, de uma banda que nasceu com imenso potencial, soube deixar as suas qualidades ainda mais fortes e corrigir as suas deficiências até chegar a um ponto como esse, ...

Review: Mr. Big – Lean Into It (1991)

Lean Into It entra na categoria de álbuns que mudaram a vida das bandas que os gravaram. O segundo disco do Mr. Big, que chegou às lojas no final de março de 1991, vendeu mais de 1,2 milhões de cópias apenas nos Estados Unidos e se transformou no maior sucesso do quarteto formado por Eric Martin, Paul Gilbert, Billy Sheehan e Pat Torpey. Muito disso veio de “To Be With You”, balada acústica que se transformou em um hit global, alcançou o primeiro lugar no Hot 100 da Billboard e turbinou as vendas do álbum. Produzido novamente por Kevin Elson, que havia trabalhado com a banda na estreia, Lean Into It aprimorou a receita do debut com um hard rock cativante e muito técnico, com performances excelentes de todos os músicos e Gilbert e Sheehan se destacando individualmente. O álbum está repleto de canções que marcaram a carreira da banda como a ótima abertura “Daddy, Brother, Lover, Little Boy (The Electric Drill Song)”, que mais uma vez, assim como aconteceu no disco de estreia com “Ad...

Quadrinhos: Reino do Amanhã (DC Pocket), de Mark Waid e Alex Ross (2024, Panini)

Convenhamos que a discussão sobre a publicação de Reino do Amanhã no formato DC de Bolso parte do ponto errado. Acima de qualquer coisa, é um acerto da Panini colocar no mercado uma edição mais econômica de um dos maiores clássicos da DC. É bom lembrar que a única versão disponível no mercado brasileiro antes da chegada desse "formatinho" era a Absoluta, e com o valor proibitivo de R$ 400, quase dez vezes maior do que o valor da DC de Bolso. Vamos aos pontos fortes. O principal é ter disponível em bancas e livrarias, por um preço acessível, uma história clássica que sobreviveu ao teste do tempo e que, além de ainda soar atual, retornou à ordem do dia por ser uma das inspirações do novo universo cinematográfico da DC. A edição é leve, prática e acessível, tem formato semelhante a um mangá e sua impressão, totalmente colorida, foi feita em papel semelhante aos quadrinhos japoneses publicados pela Panini. A arte não foi comprometida, mas, evidentemente, trata-se de um papel fos...

Review: Mr. Big – Mr. Big (1989)

O Mr. Big trouxe generosas doses de técnica ao hard rock com o seu homônimo álbum de estreia, lançado em junho de 1989. E foi justamente essa abordagem que diferenciou o quarteto de imediato e fez com que Eric Martin, Paul Gilbert, Billy Sheehan e Pat Torpey conquistassem uma sólida base de fãs já com o seu primeiro disco. Gilbert vinha do Racer X, banda de Los Angeles em que construiu a sua reputação como um dos mais incríveis guitarristas shreds do período. Sheehan chamou a atenção primeiramente no power trio Talas, mas passou a ser reverenciado ao integrar a banda solo de David Lee Roth e gravar o ótimo Eat ‘Em and Smile (1986), estreia solo do vocalista do Van Halen, com um quarteto que ainda incluía outro instrumentista incrível, o guitarrista Steve Vai. Martin vinha de uma carreira solo sem muito destaque, enquanto Torpey era baterista contratado de artistas de pop rock. Produzido por Kevin Elson (Journey, Europe, Lynyrd Skynyrd), o debut do Mr. Big traz onze faixas e nunca...

Quadrinhos: O Homem que Matou Lucky Luke, de Matthieu Bonhomme (2022, Trem Fantasma)

Lucky Luke é um personagem tão clássico quanto Tex quando falamos das histórias em quadrinhos de faroeste. Criado em 1946 pelo quadrinista belga Morris, veio ao mundo dois anos antes do caubói da Bonelli. Mas, ao contrário de Tex, que é muito popular no Brasil, Lucky nunca se transformou em um fenômeno por aqui. Podemos elaborar teorias para tentar entender os motivos disso, mas me parece mais produtivo ler as HQs do personagem publicadas em nosso país. Nesse sentido, O Homem que Matou Lucky Luke é uma boa porta de entrada para o personagem. Publicada na França durante os festejos pelo setenta anos do personagem, em 2016, a HQ foi premiada no respeitado festival de Angoulême e saiu aqui pela editora Trem Fantasma. O que temos é uma interpretação mais atual de Lucky Luke feita pelo francês Matthieu Bonhomme, em uma história que elimina o lado caricato do personagem e aposta em uma abordagem mais densa e tensa, em que Luke se vê no centro de uma trama repleta de mistério. O roteiro é be...

Review: Testament – Low (1994)

É por álbuns como Low que muitos questionam a ausência do Testament no Big 4 do thrash metal norte-americano e defendem que a banda deveria ocupar o lugar do Anthrax no quarteto. Entendo o pioneirismo e a originalidade da turma de Scott Ian, mas sou tentado a concordar que o Testament representaria melhor a cena do que o quinteto nova-iorquino. Divagações à parte, Low deu início à segunda fase da carreira do Testament, com as chegadas de James Murphy e John Tempesta nos lugares do guitarrista Alex Skolnick e do baterista Louie Clemente. O disco marcou também o começo do mergulho do grupo em um som com doses generosas de groove, característica que a banda mantém até hoje. Produzido por Garth Richardson e pelos próprios músicos, o trabalho foi mixado pelo renomado Michael Wagener (Dokken, Extreme, Skid Row) e traz uma linda capa criada por Dave McKean, artista inglês que ficou conhecido pela inventividade e originalidade que aplicou nas capas das HQs de Sandman e também assinou art...

Review: Testament – The Ritual (1992)

O Testament apresentou uma clara mudança em The Ritual , seu quinto disco, lançado em maio de 1992. O álbum explorou mais melodias, o que aproximou o som de algo similar ao metal tradicional, e também trouxe canções mais lentas e que contrastavam com a pegada thrash metal clássica dos discos anteriores. De modo geral, pode-se colocar essa mudança de sonoridade no que acontecia com o metal no período, já que o impacto gigantesco causado pelo Metallica com o Black Album repercutiu em várias bandas, que lançaram discos mais acessíveis tentando também expandir o seu público. Dessa forma, The Ritual é uma espécie de Black Album do Testament. Essa sensação é acentuada quando percebemos que o disco foi o primeiro do grupo a ser lançado pela Atlantic Records, que tirou os caras do cast da Megaforce e investiu pesado no quinteto. A produção, no entanto, merece um comentário não muito elogioso, pois é evidente a falta de timbres mais graves na mixagem, o que acabou prejudicando o resultado f...