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DLR Band (1998): a joia subestimada do catálogo de David Lee Roth


Em 1998, David Lee Roth era um artista em busca de reencontrar seu lugar no mundo do rock. Após o enorme sucesso nos anos 1980 como vocalista do Van Halen e de uma promissora carreira solo que começou com força em Eat ‘Em and Smile (1986) e Skyscraper (1988), os anos 1990 não foram generosos com o cantor. O grunge dominava as paradas, o hard rock soava datado para muitos, e Roth parecia perdido em meio às mudanças da indústria. A Little Ain’t Enough (1991) era um disco promissor, mas que acabou prejudicado pelo diagnóstico de ELA do guitarrista Jason Becker, enquanto Your Filthy Little Mouth (1994), produzido por Nile Rodgers, tentou seguir caminhos que nem a crítica e nem o público aprovaram.

É nesse cenário que surge DLR Band, lançado em 9 de junho de 1998. Longe do mainstream, sem o suporte de uma grande gravadora e distribuído por seu próprio selo, o disco representou uma tentativa de retorno às raízes — algo mais cru, direto e fiel ao espírito do rock que consagrou Roth nos anos 1980.

DLR Band soa como uma sessão de estúdio entre amigos. Gravado em apenas duas semanas, o disco traz uma produção enxuta e urgente, privilegiando a espontaneidade em vez da sofisticação. A grande surpresa do álbum está na guitarra: o então desconhecido John Lowery, mais tarde conhecido como John 5 (guitarrista de Marilyn Manson, Rob Zombie e atualmente do Mötley Crüe), mostra aqui seu talento em riffs afiados e solos incendiários, que remetem ao espírito de Eddie Van Halen sem soar como mera imitação.


O álbum abre com a excelente "Slam Dunk!", um hard rock direto ao ponto, cheio de energia e atitude. Em seguida, "Blacklight" e "Counter-Blast" mantêm o ritmo acelerado, com destaque para a performance vocal de Roth — talvez não tão poderosa como em seus dias de glória, mas ainda cheia de carisma. Outro ponto alto é "King of the Hill", uma faixa cadenciada com grande presença de guitarra e um refrão memorável. “Going Places...” traz um clima mais descontraído, quase praiano, que remete ao lado mais irreverente de Roth. Já “Relentless” e “Indeedido” flertam com um groove mais moderno, mas sem perder a pegada clássica. Apesar da qualidade das composições e da execução, DLR Band passou quase despercebido no mercado na época. A divulgação foi mínima, não houve turnê significativa, e os videoclipes (quando existiam) não chegaram às grandes emissoras.

Com o passar do tempo, DLR Band conquistou o status de cult entre fãs do Van Halen e de hard rock em geral. É um disco que revela um David Lee Roth livre de amarras, fazendo música por paixão e não por expectativas comerciais. A presença de John 5 também se tornou um atrativo adicional, já que os fãs podem ouvir aqui um guitarrista em formação, cheio de ideias e energia. É curioso notar como esse álbum antecipou em certa medida a estética “faça você mesmo” que se tornaria mais comum nos anos 2000, com artistas lançando discos independentes e gravando em casa. DLR Band foi lançado de forma totalmente autônoma, sem o aparato das grandes gravadoras — algo incomum para um artista com o histórico de Roth.

Se não teve impacto comercial, DLR Band permanece como um registro sincero e poderoso de um dos grandes frontmen do rock tentando se reconectar com sua essência. É um disco que merece ser redescoberto, tanto pela sua energia bruta quanto pelo seu espírito independente.

Para quem curte hard rock sem firulas, guitarras afiadas e o bom humor típico de David Lee Roth, DLR Band é uma pérola escondida que merece mais atenção.


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