Poucos álbuns ao vivo capturam tão bem a essência de uma banda quanto Live and Dangerous, lançado pelo Thin Lizzy em junho de 1978. O disco é, ao mesmo tempo, uma celebração da energia crua do grupo no palco e um retrato meticulosamente produzido da força criativa de Phil Lynott e companhia. Combinando peso, melodia e carisma, o álbum consolidou de vez o status da banda irlandesa como uma das grandes do hard rock dos anos 1970, mesmo cercado por uma polêmica que nunca deixou de acompanhá-lo: afinal, Live and Dangerous é realmente um disco ao vivo?
Gravado majoritariamente durante a turnê de 1976-1977, com registros de shows em Londres, Toronto e Filadélfia, o álbum foi posteriormente retrabalhado em estúdio sob a supervisão do produtor Tony Visconti. A versão oficial sempre foi de que os vocais de Phil Lynott e os solos de guitarra de Scott Gorham e Brian Robertson permaneceram fiéis às apresentações originais, mas Visconti declarou, em diversas entrevistas, que cerca de "75% do álbum foi refeito em estúdio", com overdubs adicionando precisão e impacto às faixas. Isso deu origem a um debate que perdura até hoje: até que ponto a performance captada em Live and Dangerous é, de fato, “ao vivo”?
Polêmicas à parte, o que importa mesmo é o resultado final — e este é simplesmente arrebatador. O repertório reúne alguns dos maiores clássicos do Thin Lizzy, como “Jailbreak”, “The Boys Are Back in Town”, “Emerald” e “Cowboy Song”, todos entregues com um senso de urgência e intensidade que supera as versões de estúdio. A dupla de guitarras gêmeas, marca registrada da banda, brilha em cada faixa, enquanto Phil Lynott comanda tudo com sua voz inconfundível e presença magnética.
Mesmo com as camadas adicionais de estúdio, Live and Dangerous soa explosivo, espontâneo e visceral. O disco transmite com fidelidade a experiência de assistir ao Thin Lizzy ao vivo no auge de sua forma, e talvez essa seja a maior prova de sua autenticidade: a sensação de estar ali, na plateia, diante de uma banda incendiária.
Por tudo isso, Live and Dangerous é frequentemente citado como um dos maiores álbuns ao vivo de todos os tempos, figurando em listas especializadas e sendo reverenciado por músicos e fãs como referência absoluta de como um show de rock deve soar quando registrado em disco. Verdadeiro ou não em sua totalidade, o álbum transcende a discussão técnica e permanece como um dos grandes momentos da história do hard rock.
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