Ghost em Skeletá (2025): ainda mais pop, porém menos criativo


Três anos após Impera (2022), o Ghost retorna com Skeletá, seu sexto álbum de estúdio. O título, vindo do grego antigo, significa “seco” ou “murcho” — conceito refletido na capa, que traz uma ilustração áspera e quase totalmente monocromática, em contraste com o impacto visual dos discos anteriores. Musicalmente, o álbum segue o caminho que a banda sueca vem trilhando: trata-se de um trabalho ainda mais acessível que seus antecessores.

Produzido por Gene Walker, Skeletá apresenta dez faixas ao longo de quase cinquenta minutos. Quase não restam vestígios do clima sombrio que marcou os dois primeiros álbuns — Opus Eponymous (2010) e Infestissumam (2013) — nem da atmosfera densa e refinada de Meliora (2015), frequentemente citado como o auge criativo do grupo. A abordagem aqui se alinha ao viés mais pop introduzido em Prequelle (2018) e intensificado em Impera (2022). A principal diferença, porém, está na ausência de momentos mais ousados ou experimentais - como “Miasma” e “Call Me Little Sunshine”, por exemplo - , mas que praticamente não aparecem em Skeletá.

Embora a banda ainda explore seu lado mais contemplativo e quase sacro em faixas como “Guiding Lights”, a prioridade aqui é evidente: uma sonoridade cada vez mais voltada ao pop rock de arena. Isso pode decepcionar parte do público que se encantou pelo peso e mistério das primeiras fases da banda — especialmente aqueles que ainda classificam o Ghost como metal, algo que a banda, na prática, deixou para trás há mais de uma década.


No geral, as faixas de Skeletá adotam uma fórmula de hard rock temperado com fortes elementos pop. Há melodias envolventes, refrãos marcantes e estruturas pensadas para grandes plateias, tudo conduzido pelo carisma vocal de Tobias Forge — agora atendendo pelo alter ego Papa V Perpetua — e por arranjos bem trabalhados, que mantêm o tom teatral característico da banda. No entanto, diferentemente dos álbuns anteriores, esse aspecto performático perde a aura ritualística que antes o tornava mais intrigante. As linhas vocais, mais diretas, priorizam a adesão imediata, mas em muitos casos deixam apenas um impacto passageiro.

“Peacefield”, a faixa de abertura, eleva as expectativas a um nível tão alto que grande parte das faixas restantes tem dificuldade em manter. “Lachryma” se destaca com uma introdução que flerta com o pós-punk e um riff marcante, e tem tudo para funcionar muito bem ao vivo. “Satanized” remete à fórmula bem-sucedida de “Square Hammer”, com um clima de valsa sombria e cativante. Já “Missilia Amori” evoca o peso e a pompa de “Year Zero”, enquanto “Umbra”, com teclados que dialogam com o AOR dos anos 1980, riff potente e musicalidade intensa, surge como um dos pontos altos do álbum, provando que o Ghost ainda sabe ser criativo e cheio de personalidade.

No fim das contas, Skeletá é um disco sólido dentro da proposta atual da banda, voltada a um rock acessível, teatral e melódico. Pode não agradar quem busca o peso e a densidade de outrora, mas certamente funciona como uma vitrine eficaz da faceta mais pop do Ghost — uma banda que, goste-se ou não, segue em constante transformação.

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