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Into Glory Ride (1983): quando o Manowar selou seu pacto com os deuses do metal


Into Glory Ride
(1983) é o segundo álbum da banda norte-americana Manowar e uma das pedras angulares do chamado true metal. Se o disco de estreia - Battle Hymns, de 1982 - já deixava clara a proposta épica e guerreira do grupo, foi com Into Glory Ride que Joey DeMaio e companhia consolidaram uma identidade sonora e lírica que viria a influenciar gerações de bandas de heavy, power e epic metal.

O início dos anos 1980 foi uma era fértil para o metal tradicional, com nomes como Iron Maiden, Judas Priest e Dio ganhando força mundial. Mas o Manowar se destacava por abraçar uma estética ainda mais mitológica, tribal e agressiva. Into Glory Ride soa como um hino à brutalidade das batalhas, à glória dos deuses e à devoção inabalável ao metal, tudo isso com uma seriedade quase teatral. Gravado com poucos recursos e com produção crua (mas eficaz para o tom do disco), o álbum exala uma aura quase ritualística. A capa, com os membros da banda vestidos como guerreiros bárbaros, é um reflexo direto do conteúdo sonoro e lírico: metal como estilo de vida, com espadas erguidas e trovões ao fundo.

O disco abre com a soturna e arrastada “Warlord”, que já demonstra a mudança de direção em relação ao primeiro álbum — mais lento, mais pesado, mais épico. Em seguida, “Secret of Steel” invoca imagens de espada e feitiçaria, com Eric Adams entregando uma performance vocal dramática e poderosa, típica de sua escola de canto operístico. Into Glory Ride entrega verdadeiros hinos como “Gloves of Metal” (um dos maiores clássicos da banda), com refrão marcante e espírito combativo, e “Gates of Valhalla”, que mistura passagens suaves e melancólicas com explosões vocais arrepiantes. “Revelation (Death’s Angel)” é um dos momentos mais intensos do álbum, com riffs densos e atmosfera apocalíptica, enquanto “March for Revenge (By the Soldiers of Death)” encerra o disco em tom épico, com sua longa introdução e mudanças de andamento que criam uma narrativa quase cinematográfica.


Into Glory Ride
bebe na fonte de bandas como Black Sabbath, Rainbow e Judas Priest, mas o Manowar leva o conceito adiante, acrescentando influências da música clássica e da mitologia nórdica. A estética lírica e visual é claramente inspirada em Conan, o Bárbaro — especialmente nas histórias de Robert E. Howard e no filme estrelado por Arnold Schwarzenegger, lançado um ano antes.

Este álbum pavimentou o caminho para o que se convencionou chamar de epic metal. Sua grandiosidade exagerada, letras sobre honra, batalhas e deuses, e a devoção quase religiosa ao heavy metal influenciaram profundamente bandas como Bathory (na fase viking), Doomsword e Visigoth, além de uma infinidade de grupos underground espalhados pelo mundo.

Into Glory Ride é um manifesto e um chamado à guerra para os devotos do metal. E mesmo que a postura “metal ou nada” do Manowar soe caricata para alguns, é inegável que esse álbum representa um dos ápices da fusão entre som, imagem e ideologia dentro do heavy metal.


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