PTSD Radio: Frequência do Terror Vol. 3: a conclusão do mangá mais assustador do ano (Masaaki Nakayama, 2025, Pipoca & Nanquim)
As grandes histórias de terror são aquelas que focam no que é sugerido e não no que é mostrado. No que acontece, e não no que é explicado. No que apenas existe e nos atormenta, mas que não possui necessariamente uma explicação racional. Em PTSD Radio: Frequências do Terror, mangá em 3 volumes de Masaaki Nakayama publicado pela Pipoca & Nanquim, é isso que acontece: sucessivas situações assustadoras, um onipresente clima de terror, sustos nas viradas de página. A explicação? Ela não existe. Ou existe e foi omitida pelo autor, já que ele próprio foi vítima de situações misteriosas e assustadoras enquanto produzia a história.
Nakayama foca a trama dos seis capítulos da obra, que foram reunidos nos três belos encadernados publicados pela PN, principalmente em uma entidade chamada Ogushi-sama. Trata-se de um deus milenar da cultura japonesa com especial apreciação pelo cabelo humano. E é isso que sabemos. Ainda que a trama varie entre passado, presente e mais passado ainda, não há uma explicação muito clara sobre Ogushi-sama. E isso faz parte da força da narrativa.
Magistralmente ilustrado e com um ritmo bem definido, o mangá frequentemente faz uso das viradas de página para pregar sustos no leitor, em uma espécie de jump scare gráfico. E, por mais que esse recurso se repita durante toda a história, ele se mantém efetivo na grande maioria das vezes.
O terceiro volume de PTSD Radio se destaca dos dois primeiros por trazer relatos pessoais de Masaaki Nakayama, ele mesmo vítima das maldições presentes na história. O autor começou a ter sintomas estranhos e inexplicáveis enquanto produzia o mangá, e, aos poucos, percebeu que eles estavam ligados ao que ele estava revelando nas páginas. Essa premissa, seja verdadeira ou não, imprime um ar de dramaticidade extra à narrativa, fazendo com a história não se limita às páginas e tenha força para não só afetar fisicamente o seu autor, como, quem sabe, os próprios leitores.
PTSD Radio: Frequências do Terror é um dos melhores títulos do catálogo de mangás da Pipoca & Nanquim. Uma história cheia de mistério, sustos e eventos não explicados, publicada com o cuidado e a qualidade gráfica e editorial pelos quais a editora ficou conhecida, em três volumes com sobrecapa e marcadores de páginas. É um dos mangás mais assustadores que tive contato em toda a minha trajetória como leitor, uma experiência de leitura intensa e hipnotizante, que ganha ainda mais força devido a todo o mistério envolvendo os fatos que ocorreram com o autor.
Uma das grandes surpresas do ano e um dos melhores títulos de 2025. Leia por sua própria conta e risco!
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