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Mostrando postagens de setembro, 2025

Iron Maiden e a aventura progressiva de Dance of Death (2003)

Dance of Death (2003) ocupa um lugar curioso na discografia do Iron Maiden. Veio logo após Brave New World (2000), álbum que marcou a volta triunfal de Bruce Dickinson e Adrian Smith, e carregava a responsabilidade de provar que a reunião não era apenas um sopro de nostalgia, mas um novo fôlego criativo para a Donzela. Gravado novamente com Kevin Shirley na produção, o disco mostra uma banda mais confortável e disposta a ousar, misturando seu heavy metal clássico com estruturas longas, progressivas e, por vezes, inesperadas. O contexto favorecia o Maiden: o metal tradicional vivia um renascimento no início dos anos 2000, e a banda seguia como referência absoluta do gênero. Ao mesmo tempo, Bruce Dickinson, Steve Harris, Dave Murray, Janick Gers, Adrian Smith e Nicko McBrain estavam em sintonia após a turnê mundial do álbum anterior, prontos para expandir ainda mais as fronteiras de seu som. Musicalmente, Dance of Death é um álbum de contrastes. Ele abre com “Wildest Dreams”, uma ...

Sepultura em Chaos A.D. (1993): peso, política e legado eterno

Chaos A.D. (1993) marcou um ponto de virada definitivo na carreira do Sepultura. Depois de conquistar o mundo com Beneath the Remains (1989) e consolidar seu nome no metal extremo com Arise (1991), a banda mineira decidiu mudar de rota. O thrash técnico, veloz e cheio de riffs intrincados cedeu espaço para algo mais cru, pesado e conectado com a realidade política e social da época. O início dos anos 1990 era de ebulição: queda do Muro de Berlim, conflitos étnicos na Europa, o massacre do Carandiru no Brasil e a sensação de que o mundo estava à beira de uma implosão. Esse caldo de caos, violência e descontentamento permeou o disco. As letras deixaram de lado os cenários apocalípticos típicos do metal para mergulhar em críticas diretas a governos, prisões, violência policial e injustiças sociais. Musicalmente, o Sepultura trouxe novas influências. O groove metal do Pantera, a agressividade do hardcore, o peso arrastado do doom e até elementos da música indígena brasileira entrar...

A Farewell to Kings (1977): o disco que projetou o Rush para o futuro

Quando se fala em evolução artística, poucos exemplos são tão claros quanto o que o Rush viveu entre 1976 e 1977. Depois de conquistar o público com 2112 , álbum que salvou a banda do fracasso comercial e abriu espaço para a ousadia, o trio canadense decidiu expandir ainda mais seus horizontes. O resultado foi A Farewell to Kings , lançado em 29 de agosto de 1977, um trabalho que mistura peso, virtuosismo e experimentação de forma ousada e refinada. Gravado no Rockfield Studios, no interior do País de Gales, o disco marca o início de uma fase em que o Rush abraçou de vez a sonoridade progressiva. As influências de Yes e Genesis são claras, mas filtradas pela energia do hard rock e pela pegada inconfundível de Geddy Lee, Alex Lifeson e Neil Peart. O uso de sintetizadores, instrumentos de percussão incomuns e arranjos elaborados demonstrava uma ambição que colocava o grupo além do rótulo de “power trio de rock pesado”. A faixa-título abre o álbum com clima medieval, violões e teclado...