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Mostrando postagens de agosto, 2025

Keeper of the Seven Keys Part II (1988): quando o Helloween definiu o power metal

Poucos discos têm o peso histórico e a aura de unanimidade que cercam Keeper of the Seven Keys Part II . Lançado em 29 de agosto de 1988, ele consolidou o Helloween como a grande força do power metal e ajudou a definir os rumos de um gênero que, até então, ainda tateava em busca de identidade. Se o primeiro Keeper já havia colocado a banda entre os nomes mais comentados da cena europeia, a segunda parte cravou a assinatura definitiva dos alemães no mapa do metal mundial. O contexto era favorável: o Helloween vinha da repercussão positiva de Walls of Jericho (1985) e do próprio Keeper I (1987), discos que mostraram um grupo jovem, veloz e ambicioso. Sob a liderança criativa de Kai Hansen, mas já com a figura magnética e a voz cristalina de Michael Kiske, a banda encontrou o equilíbrio perfeito entre peso, melodia e ambição épica. O resultado foi um álbum que soa grandioso sem perder o frescor, é técnico sem se tornar hermético, e acessível sem se vender à obviedade. Logo na abert...

Yazoo: a intensidade breve de um clássico do synthpop

O começo dos anos 1980 foi um terreno fértil para a música eletrônica. O pós-punk tinha aberto a porta, a new wave empurrava o som para as paradas e os sintetizadores começavam a dominar tanto rádios quanto pistas. É nesse ambiente que surge o Yazoo, união improvável de Vince Clarke, recém-saído do Depeche Mode, e Alison Moyet, cantora de blues com uma voz poderosa e melancólica. A química entre os dois era inusitada: Clarke construía bases minimalistas, secas e repetitivas, enquanto Moyet despejava emoção e densidade sobre aquelas linhas eletrônicas. O resultado foi imediato. O primeiro álbum, Upstairs at Eric’s (1982), trouxe faixas que se tornaram clássicos absolutos do synthpop, como “Only You”, “Don’t Go” e, principalmente, “Situation” — música que foi lançada primeiramente como lado B e explodiu nas pistas, especialmente nos Estados Unidos, onde virou hit número 1 na parada dance da Billboard graças ao remix feito pelo DJ francês François Kevorkian. No ano seguinte veio You ...

Iron Maiden e a maturidade sombria de A Matter of Life and Death (2006)

Após um período turbulento nos anos 1990, marcado pela saída de Bruce Dickinson e Adrian Smith, o Iron Maiden retomou seu fôlego criativo a partir do retorno da formação clássica, anunciada em fevereiro de 1999. Discos como Brave New World (2000) e Dance of Death (2003) mostraram uma banda em plena forma, mas foi com A Matter of Life and Death , lançado em agosto de 2006, que o grupo britânico consolidou sua maturidade musical no século XXI. Gravado praticamente ao vivo no estúdio, sem grandes edições e com pouquíssimos overdubs, o álbum carrega um peso e uma crueza sonora que se aproximam mais do progressivo setentista do que do metal de arena dos anos 1980. O produtor Kevin Shirley deixou a banda soar orgânica, priorizando a densidade e as camadas, o que fez o disco ganhar contornos de uma obra conceitual – mesmo sem ser oficialmente um álbum conceitual. A guerra, seja em sua dimensão bélica, religiosa ou existencial, permeia todas as letras, estabelecendo uma atmosfera sombria e...

Quando Júlia conheceu Myrna: o arco inicial que definiu a série da criminóloga da Bonelli

Em outubro de 1998, a Sergio Bonelli Editore lançou uma das séries mais originais de sua história: Júlia – Aventuras de uma Criminóloga . A criação de Giancarlo Berardi — roteirista também responsável por Ken Parker , cultuado western italiano — apresentava uma protagonista diferente de tudo o que se via nas bancas na época: uma criminóloga, jovem, intelectual e sensível, inspirada fisicamente na atriz Audrey Hepburn e psicologicamente moldada pelas referências do romance policial americano e das séries de TV dos anos 1970 e 1980. No Brasil, a Mythos Editora começou a publicar Júlia a partir de novembro de 2004, com a série passando por diversos formatos e configurações até se estabilizar no que temos hoje: duas séries em formato italiano, uma publicando as histórias mais antigas e a segunda, chamada de Nova Série, focada nas tramas publicadas a partir da edição italiana de número 200. O impacto junto ao público foi imediato: leitores acostumados com o ritmo aventuresco das HQs Bonel...

A megalomania do Guns N’ Roses em Use Your Illusion (1991): quando a banda quis ser maior que o próprio rock

Poucas bandas viveram um auge tão grandioso — e ao mesmo tempo tão autodestrutivo — quanto o Guns N’ Roses no início dos anos 1990. Após a explosão de Appetite for Destruction (1987), que se tornou um dos discos de estreia mais vendidos da história, o grupo se viu diante do desafio de superar ou ao menos sustentar o impacto daquele hard rock cru, sujo e irresistível. A resposta veio em setembro de 1991, quando Axl Rose, Slash, Duff McKagan, Izzy Stradlin e Matt Sorum lançaram não apenas um novo álbum, mas dois ao mesmo tempo: Use Your Illusion I e Use Your Illusion II . O projeto era, ao mesmo tempo, ambicioso e megalomaníaco. Em vez de repetir a fórmula de Appetite , o Guns expandiu suas fronteiras musicais, abraçando arranjos grandiosos, letras mais densas e uma diversidade de estilos que passavam pelo hard rock clássico, pelo blues, pelo punk, pelo country, pelo folk e até pela música erudita. O resultado foi uma obra que refletia a personalidade de Axl Rose: genial, intensa e, ...

Do luto à grandiosidade: Metallica e o intrincado e controverso ... And Justice for All (1988)

Quando o Metallica lançou ... And Justice for All em 25 de agosto de 1988, o peso da expectativa era gigantesco. A banda havia perdido Cliff Burton dois anos antes, em um acidente de ônibus devastador durante a turnê europeia, e agora estreava Jason Newsted no baixo – o músico havia sido apresentado no EP de covers Garage Days Re-Revisited (1987). Era também o primeiro álbum depois de Master of Puppets (1986), obra-prima que colocou o grupo como o nome mais importante do thrash metal mundial. O que o quarteto entregou foi um disco ambicioso, denso e quase claustrofóbico. ... And Justice for All é o Metallica levando sua música ao limite estrutural: riffs labirínticos, músicas longas, mudanças bruscas de andamento e uma produção seca, que privilegia a frieza técnica em vez da visceralidade. A ausência quase total do baixo de Newsted no mix virou lenda — e até hoje divide opiniões —, mas acaba reforçando a sensação de austeridade que marca o álbum. As influências estão claras: o ...

A Turma do Arrepio: humor, monstros e a cultura pop brasileira resgatados em uma edição histórica (2025, Comix Zone)

Nos anos 1980, o Brasil vivia um boom dos quadrinhos infantis. A Turma da Mônica dominava as bancas, mas outros personagens tentavam encontrar espaço no imaginário das crianças. Foi nesse cenário que surgiu A Turma do Arrepio , criação de Cesar Sandoval, lançada originalmente em 1989 pela Editora Globo. A proposta era simples e genial: pegar arquétipos clássicos do terror — vampiros, múmias, lobisomens, bruxas e monstros — e transformá-los em protagonistas de histórias leves, bem-humoradas e cheias de situações cotidianas. Era como se o universo de Scooby-Doo se encontrasse com a comédia infantil brasileira, resultando em quadrinhos divertidos e com forte apelo visual. Sandoval, que já havia trabalhado como ilustrador em agências de publicidade e editoras, criou A Turma do Arrepio inspirado pelo sucesso dos personagens de Maurício de Sousa e pelas produções de terror que povoavam a TV da época. Os anos 1980 estavam recheados de filmes de monstros e de aventura voltados ao públi...

PTSD Radio: Frequências do Terror Vol. 2: o terror que se propaga em silêncio (Masaaki Nakayama, 2025, Pipoca & Nanquim)

PTSD Radio: Frequências do Terror (Vol. 2 de 3) confirma que Masaaki Nakayama não está interessado em narrar apenas uma boa história de horror. O que ele cria é um estado de desconforto constante, como se cada página fosse um ruído branco que aos poucos se infiltra no leitor. Publicado no Brasil pela Pipoca & Nanquim, o mangá compila o equivalente aos volumes 3 e 4 da edição japonesa, funcionando como um ponto de virada dentro da série. Nakayama bebe da tradição do terror japonês que sempre valorizou a sugestão em vez da exposição. Mas PTSD Radio tem uma assinatura própria: a de uma rádio que transmite faixas curtas, interrompidas no momento em que a tensão atinge o pico. Essa estrutura fragmentada, quase de zapping televisivo, vai revelando aos poucos uma entidade central — Ogushi-sama, uma força ancestral ligada ao cabelo humano. No segundo volume, a presença de Ogushi deixa de ser insinuação e se torna a linha de costura entre os diversos relatos. Fios, madeixas e pentes f...

Bon Jovi em Slippery When Wet (1986): o manual definitivo do hard rock radiofônico

Em 1986, o Bon Jovi era uma banda que já tinha conquistado algum espaço, mas ainda buscava o grande salto. Seus dois primeiros álbuns — Bon Jovi (1984) e 7800° Fahrenheit (1985) — mostravam potencial, mas não passavam de bons registros dentro da cena hard rock norte-americana. Tudo mudou com Slippery When Wet . O disco surgiu no auge da explosão do hard rock farofa, quando Los Angeles ditava tendências com bandas que misturavam riffs pesados, refrões grudentos e visuais extravagantes. Mas Jon Bon Jovi e companhia queriam mais do que se tornar apenas mais um nome na Sunset Strip. A banda chamou o produtor Bruce Fairbairn, que vinha de trabalhos respeitados no Canadá, e apostou pesado na parceria com o compositor Desmond Child, especialista em transformar boas ideias em hits radiofônicos. O resultado foi um álbum lapidado para conquistar o mainstream — e funcionou melhor do que qualquer um poderia imaginar. Slippery When Wet é um desfile de canções que se tornaram clássicos imedia...

Declínio de um Homem: quando o horror é ser humano (Osamu Dazai e Juni Ito, 2023, Editora JBC)

O horror mais brutal de Junji Ito não vem dos monstros, mas de um homem que não consegue ser “humano”. O mangaká japonês adapta Declínio de um Homem , romance de 1948 de Osamu Dazai, e leva ao limite um desespero que já era absoluto no original. O livro de Dazai é um pilar da literatura japonesa moderna: memórias que acompanham Yozo Ohba da infância ao colapso, entre máscaras sociais e tentativas falhas de pertencimento. Ito, herdeiro do horror psicológico e mestre em fazer o grotesco revelar o ordinário, se aproxima do texto com reverência — mas não com timidez. Ele conserva a espinha dorsal confessional e a mergulha em um fluxo visual que alterna realismo cru e pesadelos simbólicos, como assombrações que são menos fantasmas externos e mais emanações do próprio Yozo. A trajetória de Yozo Ohba é uma sequência de disfarces. O “palhaço” que faz graça para sobreviver à presença dos outros; o jovem que se perde em prazeres autodestrutivos; o adulto que tenta habitar papéis (amante, mar...

O cotidiano disciplinado das prisões japonesas em Na Prisão, de Kazuichi Hanawa (2025, Comix Zone)

E se a vida atrás das grades fosse tão meticulosa, organizada e ritualizada que chegasse a parecer mais um mosteiro do que um presídio? É exatamente essa sensação que Na Prisão , de Kazuichi Hanawa, provoca. Longe dos estereótipos de violência, rebeliões e brutalidade que permeiam representações convencionais do cárcere, a obra se apresenta como um relato quase clínico — e profundamente humano — da rotina em uma prisão japonesa. Publicado originalmente no início dos anos 2000 e agora republicado no Brasil pela editora Comix Zone, Na Prisão nasce de uma experiência real: Hanawa passou três anos detido por porte ilegal de armas, e transformou sua vivência em um mangá que funciona como uma espécie de documentário minucioso sobre o sistema carcerário do Japão. Não há aqui tramas de fuga ou grandes reviravoltas: o interesse está no detalhe — a forma como se come, como se toma banho, como se dobra a roupa de cama, como se caminha pelos corredores. As influências de Hanawa passam pelo re...

Quando o Led Zeppelin perdeu o rumo: a história de In Through the Out Door (1979)

O pior disco do Led Zeppelin? Para muitos fãs, In Through the Out Door (1979) ocupa esse ingrato posto — e não sem motivos. Lançado em um momento turbulento, marcado pelo desgaste interno, problemas de saúde de Jimmy Page e John Bonham (ambos lutando contra o vício), e o luto de Robert Plant pela morte de seu filho Karac, o álbum revela uma banda tentando se adaptar à virada dos anos 1980. O resultado é um trabalho que, embora tenha momentos inspirados, soa menos coeso e mais distante do vigor que consagrou o grupo. A influência da época é evidente. John Paul Jones, com seus sintetizadores e teclados, assume papel central na sonoridade, deslocando o peso das guitarras de Page. O Zeppelin mergulha em climas mais pop e experimentais, aproximando-se das tendências que dominariam o rock da década seguinte — o que para alguns soa como ousadia, mas para outros é a perda da identidade que definiu a banda. Mesmo assim, o disco abre com um lampejo do passado: “In the Evening” carrega uma i...

Who’s Next (1971): o álbum do The Who que é obrigatório em qualquer coleção de rock

Quem disse que o auge do rock britânico dos anos 1970 precisava de excessos? Who's Next , do The Who, é a prova de que o equilíbrio entre ousadia, técnica e energia crua pode resultar em um dos discos mais sólidos e impactantes da história do gênero. Lançado em 1971, o álbum surgiu após as ambições grandiosas do projeto Lifehouse , uma ópera rock concebida por Pete Townshend que acabou sendo abandonada. Do caos do projeto original nasceu este clássico, que preservou a força das composições sem abrir mão da coerência e da coesão. Musicalmente, Who's Next transborda influências do rock psicodélico, hard rock e até da música eletrônica experimental, graças ao uso pioneiro do sintetizador em faixas como "Baba O’Riley" e "Won’t Get Fooled Again". O disco é repleto de momentos icônicos: o hino geracional e quase espiritual de “Baba O’Riley”, a explosiva crítica política de “Won’t Get Fooled Again”, a introspectiva e explosiva “Behind Blue Eyes” e a visceral “My ...

Pronounced ‘Lĕh-‘nérd ‘Skin-‘nérd (1973): como o Lynyrd Skynyrd definiu o som do sul dos Estados Unidos

O southern rock, como conhecemos hoje, praticamente nasceu com um único álbum. Lançado em 13 de agosto de 1973, Pronounced ‘Lĕh-‘nérd ‘Skin-‘nérd é muito mais do que a estreia do Lynyrd Skynyrd — é a pedra fundamental de todo um gênero. Antes deles, havia influências dispersas do blues, do country e do rock, mas nada com o peso, a atitude e o senso de identidade que esse disco apresentou. Depois deles, o southern rock passou a ter forma, sotaque e alma definidos. O Lynyrd Skynyrd não foi apenas mais uma banda do sul dos Estados Unidos. Eles foram e continuam sendo  a banda definitiva do gênero, e praticamente todos os elementos que hoje associamos ao southern rock — as letras sobre orgulho regional, a fusão entre country e hard rock, a energia crua das apresentações ao vivo e a sonoridade marcada por riffs sujos e melódicos — nasceram aqui. Um dos trunfos foi a ousadia inédita de usar três guitarras principais (Gary Rossington, Allen Collins e Ed King), criando um som encorpado,...

The Final Frontier (2010): quando o Iron Maiden explorou novas galáxias musicais

Lançado cinco anos após A Matter of Life and Death e em meio à fase mais madura e ambiciosa da banda, The Final Frontier (2010), 15º álbum de estúdio do Iron Maiden, pegou muitos fãs de surpresa com seu clima mais denso, alongado e fortemente influenciado pelo rock progressivo — marca registrada da banda desde que Bruce Dickinson e Adrian Smith retornaram e o Maiden passou a ser um sexteto. O contexto era peculiar: a banda, já consolidada como lenda do metal, podia se dar ao luxo de explorar composições mais complexas e narrativas épicas, sem a obrigação de buscar hits rápidos para as rádios. Produzido por Kevin Shirley, The Final Frontier apresenta um som encorpado, com camadas de guitarras e linhas de baixo que soam quase como instrumentos-guia para a construção das músicas. O álbum abre com a introdução atmosférica “Satellite 15”, que mergulha o ouvinte num clima espacial antes de explodir na faixa-título — um single direto, mas ainda impregnado pelo DNA dessa nova fase. As i...

Lost Girls: arte, erotismo e polêmica no quadrinho mais ousado de Alan Moore (2025, Mythos Editora)

E se Alice, Dorothy e Wendy não fossem apenas heroínas inocentes de aventuras infantis, mas mulheres adultas explorando os limites da própria sexualidade? Lost Girls , escrito por Alan Moore e ilustrado por Melinda Gebbie, é uma das obras mais controversas e ousadas da carreira do autor de Watchmen e V de Vingança . Publicado integralmente em 2006, após mais de dez anos de produção, o quadrinho reimagina três ícones da literatura infantojuvenil — Alice ( Alice no País das Maravilhas ), Dorothy ( O Mágico de Oz ) e Wendy ( Peter Pan ) — como mulheres no início do século XX, hospedadas no mesmo hotel às vésperas da Primeira Guerra Mundial. Lá, elas compartilham memórias de infância reinterpretadas como metáforas e fantasias sexuais. Moore concebeu a obra como uma defesa da pornografia enquanto forma legítima de arte, argumentando que a sexualidade pode ser explorada com a mesma profundidade e sofisticação que qualquer outro tema literário. Suas influências vão do erotismo clássico às ...

Burn My Eyes (1994): o álbum que colocou o Machine Head no mapa do metal mundial

Um dos pilares fundamentais do groove metal dos anos 1990, Burn My Eyes , álbum de estreia do Machine Head, chegou em um momento de transição do metal: o thrash tradicional estava em declínio comercial, o grunge dominava as paradas e o metal precisava encontrar novas formas de se conectar a uma geração que cresceu ouvindo tanto Metallica quanto Pantera e Biohazard. Formado em Oakland, na Califórnia, o Machine Head canalizou influências do thrash da Bay Area, da ferocidade do hardcore novaiorquino e da pegada arrastada do groove metal texano para criar um som denso, pesado e urbano. As guitarras afinadas em tons mais graves, a percussão seca e os riffs marcados transformaram Burn My Eyes em um manifesto de agressividade contemporânea. Ao lado de Vulgar Display of Power (1992), do Pantera, e Chaos A.D. (1993), do Sepultura, o álbum ajudou a definir a sonoridade que dominaria boa parte da década. Entre as faixas, “Davidian” é um clássico absoluto, com o refrão eternizado como grito ...

Superman – As Quatro Estações, de Jeph Loeb e Tim Sale: quando o Homem de Aço mostra seu lado mais humano (2025, DC de Bolso, Panini)

E se a história definitiva do Superman não fosse sobre suas lutas contra vilões cósmicos, mas sobre a humanidade por trás do mito? Superman: As Quatro Estações , escrita por Jeph Loeb e ilustrada por Tim Sale, é uma das mais sensíveis e emocionantes interpretações do Homem de Aço, e agora retorna em formato mais acessível na nova edição da coleção DC de Bolso da Panini. Publicada originalmente em 1998 pela DC Comics, a minissérie surgiu no auge da parceria criativa entre Loeb e Sale, que já haviam se destacado com obras como Batman: O Longo Dia das Bruxas . Aqui, porém, o tom é radicalmente diferente: em vez de tramas policiais ou de ação desenfreada, temos um conto dividido em quatro capítulos, cada um narrado por uma figura importante na vida de Clark Kent — Jonathan Kent, Lois Lane, Lex Luthor e Lana Lang — e ambientado em uma estação do ano. Essa estrutura, simples à primeira vista, revela-se um recurso poderoso para mostrar diferentes facetas do herói, alinhando o ciclo das esta...

Bruce Dickinson e o polêmico More Balls to Picasso (2025): acertos, erros e legado

E se eu te dissesse que Bruce Dickinson lançou um dos discos mais injustamente esquecidos do heavy metal dos anos 1990, e que ele nasceu de um período turbulento e de reinvenção? Lançado em 1994, Balls to Picasso marcou o primeiro trabalho solo de Bruce após deixar o Iron Maiden, num momento em que o grunge dominava e o metal clássico parecia datado. Livre das amarras, o vocalista buscava um som mais pessoal, menos preso à fórmula que o consagrou. Antes de chegar à versão final, o disco passou por várias formações e tentativas. Foi só ao se unir ao guitarrista Roy Z e à banda Tribe of Gypsies que Bruce encontrou a química certa, resultando em um álbum que mescla metal tradicional, hard rock e pitadas de blues e groove, com uma produção crua e direta, bem diferente da grandiosidade épica do Maiden. As faixas mostram essa liberdade criativa. “Cyclops” abre com peso e atmosfera sombria, “Hell No” é um grito de afirmação, “Laughing in the Hiding Bush” traz energia e pegada, “Shoot All...