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Falling Into Infinity (1997): o Dream Theater entre o virtuosismo e a acessibilidade


Falling Into Infinity
(1997) surge em um momento delicado da carreira do Dream Theater. A banda, já consagrada como um dos pilares do metal progressivo, vinha de álbuns complexos e conceituais como Images and Words (1992) e Awake (1994). Para este registro, a gravadora pressionava por canções mais curtas e acessíveis, o que gerou tensões criativas internas e uma série de decisões controversas na produção.

O álbum reflete uma dualidade: de um lado, a técnica impecável de John Petrucci, John Myung, Mike Portnoy, James LaBrie e Derek Sherinian (aqui no seu único álbum de estúdio com a banda). Do outro, uma busca por melodias mais imediatas e refrões memoráveis. Essa tensão entre virtuosismo e acessibilidade marca o disco de forma palpável.

Entre as faixas mais memoráveis estão “Peruvian Skies”, com seu clima introspectivo e solos de guitarra emocionantes, e “Trial of Tears”, épica de mais de treze minutos que retoma o lado progressivo e narrativo da banda. “Burning My Soul” e “Hollow Years” demonstram a tentativa de criar hits de rádio sem perder a identidade técnica do grupo. É um álbum que exige atenção para perceber a densidade de arranjos e nuances em cada instrumento.


Musicalmente, Falling Into Infinity mistura influências de rock progressivo clássico, metal técnico e elementos mais melódicos, refletindo a transição da banda entre o experimentalismo e a necessidade de conquistar novas audiências. O resultado é um registro polarizador: alguns fãs o consideram subestimado, enquanto outros o veem como um desvio forçado da essência do Dream Theater.

O álbum funciona como um documento de coragem e adaptação. Ele mostra uma banda que experimenta limites criativos, enfrenta pressões externas e, ainda assim, mantém a excelência instrumental. Para os fãs, é um retrato honesto de uma banda em busca de identidade, e, para novos ouvintes, uma porta de entrada mais suave para o universo complexo do Dream Theater.


Comentários

  1. Já gosto bastante do álbum como ele saiu, mas, se considerarmos a forma como ele foi inicialmente concebido (vide Falling Into Infinity Demos 1996–1997, da série Official Bootleg da banda), então ele se torna um baita disco! Basta lembrar que ficaram de fora da versão final: Raise the Knife, Where Are You Now?, The Way It Used to Be e Speak to Me (além de Cover My Eyes, que acho a mais fraca das cinco faixas cortadas). Isso sem mencionar que o embrião de Metropolis Pt. 2 (que mais tarde seria expandida no álbum completo lançado na sequência) também vem dessa época. Ou seja, não estava faltando inspiração.

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  2. Aliás, dessa séria Official Bootleg, esse Falling Into Infinity Demos é um dos que mais vale a pena ir atrás.

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