O grande mérito da estreia autointitulada do projeto Smith/Kotzen, lançada em 2021, está em revelar uma faceta musical de Adrian Smith bem diferente daquela que os fãs do Iron Maiden estavam acostumados a conhecer. Ao lado de Richie Kotzen, Adrian entrega um álbum coeso, que mescla hard rock com influências de blues, country e outros elementos da música norte-americana. Quatro anos depois, a dupla retorna com Black Light / White Noise, seu segundo disco de estúdio — nesse intervalo, também lançaram Better Days ... And Nights, que mistura faixas ao vivo com canções inéditas.
Produzido pela própria dupla, Black Light / White Noise apresenta dez faixas inéditas, somando quase cinquenta minutos de música. Adrian e Richie se revezam nos vocais, enquanto Kotzen também assume a bateria na maioria das músicas. O baixo fica por conta da brasileira Julia Lage — esposa de Richie e grande responsável por aproximar os dois músicos. Julia é amiga de Nicole, esposa de Adrian, e os casais são vizinhos em Los Angeles, o que facilita a conexão. Já Bruno Valverde, baterista do Angra e membro da banda nas apresentações ao vivo (ele está presente em Better Days ... And Nights), grava as baterias de “Darkside” e “Wraith”, enquanto Kyle Hughes, músico da banda solo de Kotzen, assume as baquetas em “Life Unchained”.
A grande questão de Black Light / White Noise é que, em boa parte de sua duração, o álbum soa muito próximo ao estilo já explorado por Kotzen em seus trabalhos solo. A personalidade de Adrian Smith, neste segundo disco, acaba um pouco ofuscada — embora, quando aparece, se revele poderosa. Isso acontece, por exemplo, em faixas como “Darkside” e “Beyond the Pale”, dois dos grandes destaques do disco. Nessas músicas, a parceria soa mais equilibrada, com ambos os músicos compartilhando o protagonismo. Curiosamente, são também faixas de tom mais contemplativo, mais próximas do espírito do álbum de estreia. “Life Unchained” é outro ponto alto: consegue equilibrar bem essa dinâmica, com melodias marcantes e um belíssimo arranjo em crescendo.
Em “Blindsided”, as guitarras — sempre presentes — rugem com força. Já “Wraith” conduz o ouvinte por uma viagem sonora que evoca as pradarias do oeste americano, mas com uma roupagem moderna. Esse clima western continua em “Heavy Weather”, especialmente em seu riff marcante.
No geral, Black Light / White Noise agrada, mas não alcança o impacto do álbum de estreia. Parte disso se deve à forte predominância do estilo musical de Kotzen, que é não apenas extremamente prolífico, mas também muito característico. Faixas como “Muddy Water” e “Black Light”, logo no início do disco, deixam isso evidente. Ainda assim, conforme o álbum avança, a presença criativa de Adrian Smith vai ganhando mais espaço, e o equilíbrio entre os dois artistas se torna mais perceptível.
Como segundo capítulo dessa colaboração, Black Light / White Noise reafirma a química entre Adrian Smith e Richie Kotzen, ainda que com um leve desequilíbrio na balança criativa. O disco mostra que a parceria continua rendendo bons frutos e abre caminho para novas possibilidades sonoras. Se em alguns momentos o brilho de Smith fica em segundo plano, em outros ele ressurge com intensidade, sinalizando que esse projeto ainda tem muito a oferecer aos fãs de rock que apreciam boas composições, técnica apurada e uma fusão de estilos que foge do óbvio.
já comprei o cd, ainda não ouvi nada além dos singles lançados e essa crítica já muito me preocupou acerca do conteúdo artistico da obra, mais ou menos quando ozzy justificou a saída de zakk wylde de sua banda, dizendo que seus discos solo estavam soando mais como black label society do que ozzy osbourne, vamos ver...
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