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Bon Jovi em Slippery When Wet (1986): o manual definitivo do hard rock radiofônico


Em 1986, o Bon Jovi era uma banda que já tinha conquistado algum espaço, mas ainda buscava o grande salto. Seus dois primeiros álbuns — Bon Jovi (1984) e 7800° Fahrenheit (1985) — mostravam potencial, mas não passavam de bons registros dentro da cena hard rock norte-americana. Tudo mudou com Slippery When Wet.

O disco surgiu no auge da explosão do hard rock farofa, quando Los Angeles ditava tendências com bandas que misturavam riffs pesados, refrões grudentos e visuais extravagantes. Mas Jon Bon Jovi e companhia queriam mais do que se tornar apenas mais um nome na Sunset Strip. A banda chamou o produtor Bruce Fairbairn, que vinha de trabalhos respeitados no Canadá, e apostou pesado na parceria com o compositor Desmond Child, especialista em transformar boas ideias em hits radiofônicos. O resultado foi um álbum lapidado para conquistar o mainstream — e funcionou melhor do que qualquer um poderia imaginar.

Slippery When Wet é um desfile de canções que se tornaram clássicos imediatos. “You Give Love a Bad Name” e “Livin’ on a Prayer” não apenas definiram a identidade da banda, como também viraram hinos da cultura pop dos anos 1980. A primeira foi ousada ao lançar um refrão que soava quase como um grito de guerra, enquanto a segunda eternizou a história fictícia de Tommy e Gina com um dos maiores coros já gravados no rock. “Wanted Dead or Alive”, por sua vez, mostrou que o Bon Jovi podia equilibrar peso e introspecção, trazendo um espírito quase country em sua base acústica que contrastava com a grandiosidade do restante do álbum.

Se há uma peça que fecha o triângulo de hits do álbum, é a balada “Never Say Goodbye”. Power ballad de manual — arpejos limpos, teclados na medida, solo melódico de Sambora e um refrão que cresce sem perder ternura —, ela empacota a nostalgia adolescente (primeiros amores, formatura, fotografias amassadas) num storytelling direto que qualquer um reconhece. Foi a faixa que abriu de vez as portas das rádios mais adultas e cravou o Bon Jovi para além do hard rock de arena: aqui a banda mostra que sabia conversar com quem queria guitarras, mas também com quem buscava canções para cantar de olhos fechados.


Mas além dos hits gigantes, há faixas que revelam a energia crua da banda naquela época, como “Let It Rock” e “Raise Your Hands”, que soam como combustível puro para arenas lotadas. Até as mais esquecidas, como “Social Disease” ou “I’d Die for You”, mantêm a coesão e o clima festivo que o disco transmite.

O impacto foi imediato: Slippery When Wet vendeu mais de 15 milhões de cópias apenas nos Estados Unidos e transformou o Bon Jovi em uma das maiores bandas do planeta. Mais do que isso, o álbum serviu de modelo para todo o hard rock da segunda metade dos anos 1980, influenciando desde Poison e Cinderella até gigantes como Aerosmith, que encontrariam sua própria redenção comercial pouco depois.

O legado de Slippery When Wet é duplo. Por um lado, ele é um retrato perfeito da estética dos anos 1980: produção reluzente, refrões feitos sob medida para o rádio e uma sonoridade que apostava na grandiosidade em vez da crueza. Por outro, é um disco que, mesmo com toda essa embalagem, mantém a essência do rock em sua forma mais acessível — aquele que fala diretamente ao público, sem frescura, com a missão de divertir.

Quase quatro décadas depois, Slippery When Wet continua sendo o maior marco da carreira do Bon Jovi e um dos álbuns mais importantes da história do hard rock. Amor ou ódio, é impossível falar dos anos 1980 sem citar esse disco. Ele não apenas consolidou um estilo, mas ajudou a transformar o rock em cultura de massas como poucas bandas conseguiram.


Comentários

  1. comecei a me interessar por essa banda nesse disco, interesse que durou pelos proximos 10 anos, até "these days" tendo, após disso, trabalhos completamente descartáveis e esquecíveis, onde seu líder passou o resto do tempo tentando, a qualquer custo, se colocar e manter como uma estrela pop esquecendo, completamente, qualquer resquício da banda de rock que um dia tentou ser emulando, cada vez mais, plagiando na verdade, seu grande ídolo e mentor Bruce Springsteen, se tornando uma cópia pálida, insossa e de quinta categoria do grande "Boss", seja musicalmente ou até, o que mais bizarro, em todos os trejeitos e maneirismos de palco, para aqueles que conhecem bem a carreira de Bruce e de Jon Bon Jovi chega a ser constrangedor como este último tentou, por toda sua vida, ser Bruce de alguma forma mas, se formos analizar a carreira da banda Bon Jovi desde o início, essa sempre foi derivativa artisticamente da tendencia que estava em voga quando do lançamento de cada um dos seus discos mas, apesar disso, entre 86 e 96 gosto do trabalho deles que, apesar de muito derivativo, era feito por bons músicos, bons produtores e uma administração de carreira competente mas nem um pouco relevante para a história do rock (a não ser pela enorme popularidade que alcançaram) e bem pouco relevante artisticamente até para a história do seu proprio estilo musical em seu auge, o hard rock oitentista que, em minha humilde opinião, antes deles tem vários artistas muito melhores e mais relevantes como, por exemplo, guns, leppard, van halen, crue, quiet riot, bem como as fases oitentistas de scorpions, alice cooper, judas, etc., sem citar outros grandes oitentistas de estilos um pouco diferentes como thrash, metal tradicional, etc.

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