Bark at the Moon (1983) marcou uma virada brusca — e necessária — na vida e na carreira de Ozzy Osbourne. Foi o primeiro álbum após a morte trágica de Randy Rhoads, guitarrista que havia redefinido o som solo de Ozzy e dado ao Madman uma nova identidade artística. A expectativa era enorme. A dúvida: seria possível seguir adiante sem Randy? A resposta veio com um uivo.
A entrada de Jake E. Lee mudou tudo. Vindo do circuito de Los Angeles, Jake não tentou imitar Rhoads — trouxe outro tipo de virtuosismo, mais enraizado na guitarra hard rock dos anos 1970, com pitadas de metal moderno. O resultado é um disco que preserva a grandiosidade e a teatralidade gótica dos primeiros trabalhos de Ozzy, mas soa mais direto, mais duro, mais elétrico. A mixagem brilhante, cheia de reverbs típicos da década, reforça esse clima característico do hard/heavy oitentista.
O metal estava explodindo comercialmente, o glam dominava a MTV, e Ozzy — agora visto tanto como sobrevivente quanto como vilão caricatural pela imprensa — precisava de um disco forte para se manter relevante. E conseguiu. A faixa-título, “Bark at the Moon”, abre o álbum com tudo o que se espera de Ozzy: atmosfera sombria, refrão marcante e um riff que se tornou instantaneamente clássico. É puro DNA do Madman em sua fase oitentista mais icônica.
Outros destaques reforçam a versatilidade e o poder do disco. “You’re No Different” mergulha em uma melancolia melódica rara na discografia do cantor. “Rock ’n’ Roll Rebel” é Ozzy respondendo ao moralismo da época com um sorriso sarcástico. “Centre of Eternity” traz um clima quase operístico, teclados épicos e um Jake E. Lee inspirado. E “So Tired”, a balada orquestrada, destaca o lado mais teatral — e deliciosamente exagerado — do cantor.
O impacto de Bark at the Moon foi imediato. O clipe da faixa-título virou símbolo da era MTV e consolidou Ozzy como figura central do metal oitentista. O álbum também pavimentou a carreira de Jake E. Lee, abrindo caminho para que ele se tornasse um dos guitarristas mais respeitados da década. Musicalmente, o disco definiu a estética gótica-teatral que seria associada ao Madman nos anos seguintes: lobisomens, neblina azul, maquiagens carregadas, um clima entre o horror e o humor.
Bark at the Moon é um dos pilares da fase 1981–1988, quando Ozzy se reinventou sem negar o passado no Black Sabbath. É o álbum que prova que, mesmo após perdas profundas, turbulências internas e pressão da indústria, Ozzy conseguiu seguir adiante com personalidade, melodias poderosas e aquela mistura única de escuridão e espetáculo que só ele possuía.
Um disco essencial — não apenas para entender Ozzy, mas para entender o próprio metal dos anos 1980.
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